Meu filho, você não merece nada

Eliane

Por Eliane Brum, do Blog da Claudia Wasilewski

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor. Continuar lendo

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Como conversar com meninas

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No L’Objet Trouve

Não, não é um guia de paquera para garotos tímidos. Este texto da Lisa Bloom nos faz pensar sobre as consequências que nossas atitudes podem ter na educação das crianças, e como podemos mudar parâmetros sociais apenas conversando de modo diferente com uma menininha, segurando o impulso de dizer o quanto ela é linda para surpreendê-la ao ressaltar as outras qualidades que ela tem. Vale dizer que a educação dos meninos também precisa ser repensada, e que autora já escreveu sobre os dois.

Como conversar com meninas

Eu fui a um jantar na casa de uma amiga na semana passada, e encontrei sua filha de 5 anos pela primeira vez. A pequena Maya tinha os cabelos castanhos e cacheados, olhos escuros, e estava adorável em seu vestidinho rosa e brilhante. Eu queria gritar, “Maya você é tão fofa! Veja só! Dê uma voltinha e desfile esse vestidinho rosa, sua coisinha linda!”

Mas eu não fiz isso. Eu me contive. Como sempre me contenho quando conheço garotinhas, negando meu primeiro impulso, que é dizer o quão fofas/lindas/bonitas/bem vestidas/de unhas feitas/cabelo arrumado elas são/estão.

“O que há de errado nisso? É a conversa padrão de nossa cultura para quebrar o gelo com as meninas, não é? E por que não fazer-lhes um elogio sincero para elevar suas auto-estimas? Porque elas são tão lindas que eu simplesmente quero explodir de tanta fofura quando as encontro, sinceramente.” Continuar lendo

Veja a verdade sobre a educação pública deixada por Aécio Neves em Minas Gerais

O ex-governador das Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), senador que pretende ser presidente do Brasil, o Ministro do STF, Joaquim Barbosa, e o atual governador tucano, Antônio Anastasia

O ex-governador das Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), senador que pretende ser presidente do Brasil, o Ministro do STF, Joaquim Barbosa, e o atual governador tucano, Antônio Anastasia: neoliberalismo e precarização da Administração Púlica

Da APP Sindicato

Desisti de ser professor do Estado

O relato de um ex-professor da rede revela algumas das intempéries da educação

Hoje tive o dia mais triste como professor. Não estou me referindo a nenhuma indisciplina ou necessariamente a baixo rendimento escolar de meus alunos.

Solicitei a minha dispensa na rede pública estadual de minas gerais e fui surpreendido pelos meus alunos.

Como sou muito exigente, muitas vezes coloco fardos pesados sobre meus alunos. Acreditava que a minha saída na transição dos bimestres seria encarada apenas como mais uma das tantas mudanças corriqueiras que ocorrem na escola.

Estava enganado. Fui surpreendido pelo choro mais desolador que já vi em toda a minha vida. Minha maior tristeza foi pensar que eu poderia ser responsável por esse choro.

Jamais pensei que meus  alunos da rede pública estadual de Minas Gerais fossem chorar por minha saída.

Preocupado com o que eu diria para eles como motivo, preferi a verdade. Estou saindo porque não consigo me sustentar na rede pública estadual de Minas Gerais. Como são crianças, muitas não entenderam o que eu queria dizer e me responderam novamente com o choro mais desolador que já vi ou causei em toda a minha vida.

“Professor não nos abandone”!

A criança não entende a opção que nós professores fazemos quando abandonamos a sala de aula. Uma de minhas alunas gritou: “Vou me mudar para a escola onde o senhor vai continuar como professor”. Nessa hora engasguei o choro e me perguntei como poderia ser isso? Se a maioria de nós no Brasil e na rede pública estadual de Minas Gerais  não dispomos de recursos para bancar o ensino privado.

Algumas crianças se puseram na porta e tentavam impedir minha saída, sem palavras e assustado com o choro e
o pedido de que não as “abandonasse”, restou-me recolher na solidão de meu objetivo racional e deixar a sala com crianças chorosas como nunca vi a se despedirem com o olhar que jamais esquecerei, do professor que  não conseguiu se sustentar na rede pública estadual de Minas Gerais.

Eu poderia recolher-me na vaidade, em pensar que sou um bom professor e que vou conseguir o melhor para mim.

Entretanto, sei que hoje a exemplo do que ocorreu comigo, dezenas de outros professores deixaram a rede pública estadual de minas gerais por não conseguirem se sustentar, assim como também dezenas de crianças choraram ao se despedirem de seus professores.

Resta-me na revolta implorar a todos os mineiros e brasileiros que lerem essa carta.

Pelo amor de deus! Não acreditem na educação faz de conta do governo de minas gerais. o estado faz de conta que remunera seus professores, professores infelizmente fazem de conta que ensinam, alunos fazem de conta que aprendem e atores globais fazem de conta que falam da melhor educação do país.

O episódio dessa carta ocorreu no dia 18 de abril de 2013 na escola estadual barão do rio branco em belo horizonte. Infelizmente ocorreu também em dezenas de escolas do estado de minas gerais.

Enquanto o governo de minas paga milhares de reais a atores globais para mentirem sobre a educação no horário nobre, nossas crianças choram os seus professores que estão saindo porque não conseguem mais se sustentar no estado.

Prof. Juvenal Lima Gomes  

Ex-professor da rede pública estadual de Minas Gerais Fonte: Revista Fórum | Geledés Instituto de Mulheres Negras

Professores param no Paraná e governo Beto Richa diz que vai privatizar saúde dos servidores

Funeral do SAS. Foto do site da APP Sindicato

Funeral do SAS. Foto do site da APP Sindicato

Sob o comando da APP Sindicato, mais de quinze mil professores de Curitiba e Região Metropolitana estão paralisados hoje, em decorrência da manifestação nacional em defesa da escola pública. Em todo o Paraná são mais de 80 mil parados nesta quarta-feira. Pela manhã mais de 1000 professores protestaram em frente ao Palácio Iguaçu, onde “trabalha” o governador Beto Richa (PSDB).

O ponto alto da manifestação foi o enterro simbólico do Sistema de Assistência à Saúde – SAS, que faz o atendimento médico aos servidores estaduais. Desde que o IPE foi extinto pelo ex-governador Jaime Lerner o SAS não faz um bom atendimento, e no governo Beto Richa o caos se instalou, ainda mais quando passou o atendimento para o Hospital da Polícia Militar – HPM.

O governo Beto Richa admite que o SAS está um caos, mesmo após mais de 2 anos de gestão. O Diretor de Seguridade Funcional e responsável pelo SAS, Wagno Rigues, disse que o Estado vai celabrar um convênio com o Hospital Evangélico para o atendimento. Parece até piada. Privatização do atendimento com o Evangélico, no momento que o hospital vive uma grave crise em sua UTI.

Por favor 2014, chega logo!

Caixão na frente da sede do governo Beto Richa. Foto de Tarso Cabral Violin

Caixão na frente da sede do governo Beto Richa. Foto de Tarso Cabral Violin

Hoje a APP Sindicato inicia a Semana Nacional em Defesa da Educação Pública

APP Sindicato hoje. Foto de Tarso Cabral Violin

APP Sindicato hoje. Foto de Tarso Cabral Violin

Acabou de ocorrer a abertura oficial da 14ª Semana Nacional em Defesa da Educação Pública do Paraná, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Em todo país, entre os dias 22 e 25 de abril, educadores(as) realizarão atividades com foco na valorização da Educação em seus diversos âmbitos.

No Paraná, a abertura da Semana ocorreu na APP-Sindicato com uma reunião com os deputados federais André Vargas (PT) e Doutor Rosinha (PT) e com os deputados estaduais Luciana Rafagnin (PT) e Professor Lemos (PT), que junto com a categoria, discutiram o Piso Salarial Nacional (PSNP) e as pautas de reivindicação estadual e federal. A presidenta da APP, professora Marlei Fernandes de Carvalho, convida aos profissionais da educação, entidades sindicais e comunidade para participarem do calendário de atividades estaduais da Semana Nacional em Defesa da Educação: “Em 2013 o tema das mobilizações da Semana em todo país é  ‘Educação Pública, eu apoio’ e a APP integra essa grande campanha que busca mostrar para os nossos  governantes e para toda sociedade as necessidades da Educação Pública. É um momento importante para a categoria mostrar a sua força e organização”.

Candidata a Presidenta promete ensino gratuito e fim do lucro na educação… do Chile

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Os herois socialistas chilenos Salvador Allende e Pablo Neruda que foram mortos pelo golpe militar que originou a ditadura no Chile, com Augusto Pinochet, que privatizou a educação do país

Candidata promete ensino gratuito no Chile

Do Luis Nassif, por Assis Ribeiro, do Valor

Bachelet promete ensino gratuito e fim do lucro na educação no Chile

Por Rodolfo Carrasco M. | Diario Financiero, de Santiago

“O primeiro projeto de lei que vou enviar ao Congresso será um para colocar fim ao lucro e avançar na gratuidade da educação em todos os níveis.” O anúncio foi feito pela candidata presidencial e ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, em sua primeira atividade oficial de campanha.

Ela disse que “a educação não pode ser um negócio” e que “há um enorme anseio para terminar com a desigualdade, que faz com que o nosso país não seja tão inclusivo quanto queremos que seja”.

O tema da educação no país tem sido um tormento para o atual presidente, Sebastián Piñera. Nos últimos dois anos, houve uma proliferação de protestos estudantis pedindo mudanças como a gratuidade do ensino público superior e também a federalização da educação básica, entre outras coisas.

Esse é tido como um dos motivos da baixa popularidade de Piñera, de cerca de 30%, apesar do bom estado da economia do país.

Bachelet, antecessora de Piñera e que está à frente nas pesquisas de intenção de voto, disse que vai organizar um programa baseado nos pleitos dos movimentos sociais. “Queremos que os cidadãos tenham voz na hora de definir prioridades”, afirmou. “Vou seguir dialogando com as pessoas, com diferentes atores, e nos próximos dias vou formar uma equipe que permita avançar nessas reformas.”

Ela afirmou que sua intenção é ter o projeto pronto para enviar ao Congresso assim que chegar à Presidência. As eleições são em novembro, e o novo presidente toma posse em janeiro de 2014. Piñera não pode concorrer à reeleição.

“Não estamos na época em que se oferecia desde cima um programa para dirigir o país, e o povo dizia “sim” ou “não”. Os governantes governam e tomam decisões, mas as melhores decisões são tomadas com a ideia das pessoas”, afirmou.

Finlândia: a melhor educação do mundo é 100% estatal, gratuita e universal

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Atualizado em 29.08.2015

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A Finlândia tem a melhor educação do mundo. Lá todas as crianças tem direito ao mesmo ensino, seja o filho do empresário ou o filho do garçom. Todas as escolas são públicas-estatais, eficientes, profissionalizadas. Todos os professores são servidores públicos, ganham bem e são estimulados e reconhecidos. Nas escolas há serviços de saúde e alimentação, tudo gratuito.

Na Finlândia a internet é um direito de todos.

A Finlândia se destaca em tecnologia mais do que os Estados Unidos da América.

Sim, na Finlândia se paga bastante imposto: 50% do PIB.

O país dá um banho nos Estados Unidos da América em matéria de educação e de não corrupção.

Na Finlândia se incentiva a colaboração, e não a competição.

Mas os neoliberais-gerenciais, privatistas, continuam a citar os EUA como modelo.

Difícil o Brasil chegar perto do modelo finlandês? Quase impossível. Mas qual modelo devemos perseguir? Com certeza não pode ser o da privatização.

Veja o seguinte documentário chamado The Finland Phenomenon, imperdível, elaborado por estadunidenses:

Em inglês:

Legendas em espanhol:

Assista este outro vídeo com legendas em português, sobre a educação na Finlândia. Mostra que as crianças escolhem suas profissões pelo o que gostam de fazer, e não no que ganharão mais dinheiro. Que é mais fácil ser médico do que professor no país. Que há pouca desigualdade social, e todos utilizam as mesmas escolas, quase todas estatais e de muita qualidade.

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Advogados vão à Argentina fazer doutorado “express”

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FLÁVIA FOREQUE e RUBENS VALENTE na Folha de S. Paulo

Advogados brasileiros têm investido cada vez mais numa modalidade “express” de cursos de doutorado, ofertada principalmente por universidades da Argentina.

O modelo é criticados pela Capes, fundação responsável por avaliar os cursos de mestrado e doutorado no Brasil.

Mas é recomendado no país por empresas e entidades de classe diante da “possibilidade de conciliação de tempo para pessoas atarefadas”, como afirma um dos sites de divulgação dos cursos.

Esse tipo de pós-graduação está tão popular que, segundo estimativa da Capes, há três vezes mais estudantes de doutorado em direito na Argentina do que em território nacional. Continuar lendo

Beto Richa investe quase metade do que Requião em infraestrutura escolar

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Nos dois anos do governo Beto Richa (PSDB) foi investido na infraestrutura escolar pela Secretaria de Estado da Educação – Seed bem menos do que a média dos valores aplicados no governo de Roberto Requião (PMDB), segundo a Gazeta do Povo.

Beto Richa investiu R$ 70,3 milhões por ano e Requião, entre 2007 e 2010, investiu na média anual R$ 130,1 milhões.

Por favor 2014, chega logo!

Beto Richa, 33% de hora-atividade já para os educadores!

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33% de hora-atividade já!

Por que isto é importante

Uma das grandes conquistas da educação do último período foi a aprovação e assinatura da Lei 11.738/2008, que institui o Piso Salarial Profissional Nacional para os educadores de todo o país. A medida tem como objetivo criar condições salariais e de trabalho adequadas para o atividade docente brasileira, ampliando-se assim, a qualidade da nossa educação pública.

A Lei do Piso começou a ser aplicada de fato, a partir de 2011, após o Supremo Tribunal Federal negar um pedido de declaração de inconstitucionalidade requerido por cinco governadores.

Além do salário, um dos aspectos fundamentais da Lei do Piso é a obrigatoriedade de Estados e municípios destinarem, nas carreiras docentes, 1/3 da jornada de trabalho para as atividades fora de sala de aula, tempo denominado como hora-atividade.

No Paraná, após um intenso processo de mobilização da categoria e negociações, o governo assumiu o compromisso de implementar os 33% de hora-atividade para o início do ano letivo de 2013.

Assim, educadores, e a sociedade paranaense solicitam para o governador o cumprimento do acordo.

33% de hora-atividade já!

Assine a petição aqui.

Alunos do CEP: “Estudantes, na rua, Beto Richa a culpa é sua!”

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Alunos do Colégio Estadual protestam contra Beto Richa. Foto de Alexandre Plautz Lisboa

Hoje ocorreu protesto contra a redução das matéria de sociologia, filosofia e artes na grade escolar dos alunos do Paraná, em frente ao Colégio Estadual do Paraná. Os estudantes gritavam:

“Estudantes, na rua, Beto Richa a culpa é sua!”

“Do Platão eu não abro mão, não é só de exatas que se faz um cidadão!”

“Queremos a valorização da educação, não a redução”

Por favor 2014, chega logo!

Presente e futuro da universidade

Hoje na Gazeta do Povo

A expansão das instituições obrigou uma mudança profunda nos pilares do ensino superior e a popularização quebra o paradigma da dedicação minuciosa de mestres eruditos a seus poucos discípulos

CHRISTIAN SCHWARTZ

Universidades são instituições que atravessaram os séculos – inclusive no Paraná, cuja Federal chega ao centenário neste ano. E há séculos elas se deparam com as mesmas contradições: ensinar a pensar ou treinar, pragmaticamente, futuros profissionais? Preparar para a vida ou para o mercado?

A resposta, evidentemente, não é uma só: no mundo todo, universidades sempre cumpriram, com razoável sucesso, múltiplas funções. Mas sua expansão, no século 20, colocou uma nova e definitiva pergunta: formar uma elite, conforme mandava a tradição, ou abrir as portas para a multidão de jovens em idade universitária? O segundo caminho, hoje sem volta (e em muitos aspectos é bom que seja assim), implicou uma mudança profunda naquilo que, desde a invenção da universidade moderna, em Bolonha (Itália), provavelmente em 1088, deveria ser um dos pilares do ensino superior: a dedicação minuciosa de mestres eruditos a seus poucos discípulos.

Nos primórdios da universidade – ou, antes, da pedagogia – a relação professor-aluno, fundamentalmente de afeto e cumplicidade, mas de rivalidade intelectual também, era central: basta pensar nos filósofos gregos e seus pupilos; e ainda hoje, em Oxford e Cambridge, por exemplo, isso sobrevive em parte nos chamados tutoriais, que lá são a base dos cursos de graduação em qualquer área. Não há quase aulas, e sim, como se costuma indistintamente nomear nas instituições brasileiras, “orientações” (aqui, geralmente um privilégio de pós-graduandos).

Essa relação pedagógica, digamos, íntima servia e serve a um ideal de universidade que, também há muito tempo, frequentemente se choca com o que as sociedades que abrigam universidades – pagando, com impostos, o funcionamento de algumas delas – esperam que seja o papel dessas instituições.

Conforme lembra, num livro sobre o tema (What Are Universities For? [Para que servem as universidades?, em tradução livre], Penguin Books), um dos entrevistados deste caderno, o historiador inglês Stefan Collini, corria ainda o século 12 quando, em Oxford, surgiu a primeira rusga em torno de certas “inutilidades” ensinadas na histórica universidade local – na época, universitários eram jovens em treinamento para servir à igreja ou à realeza. Havia então, como hoje, certa rejeição a que “perdessem tempo” ruminando reflexões sobre o sentido da vida ou de obras literárias e filosóficas, da arte em geral.

Mas, pergunta o psicanalista Leonardo Ferrari, também em entrevista a este G Ideias: “Quem julga o que é útil e o que não é? Uma comissão de ‘sábios’? Henry Ford declarou que, se fosse obedecer ao que o mercado estava pedindo na época, o útil, ele teria fabricado cavalos mais velozes, cavalos mais resistentes, cavalos mais lustrosos. Cavalos, não automóveis”, ilustra Ferrari. “Sem aquelas ‘inutilidades’, a ideia de automóvel não vem. Pode haver cursos, mas não universidade.”

Nas entrevistas a seguir nas próximas páginas, esses dois especialistas discutem a ideia de universidade no século 21. E, professores que são, não deixam de enfatizar o aspecto fundamental da relação com alunos cada vez mais confiantes num certo autodidatismo (via web), e ainda assim em busca de uma formação universitária. Mas que formação? Afinal, o que esperar, hoje, de uma universidade? Continuar lendo

Lista dos deputados federais do Paraná que votaram CONTRA 100% dos royalties do petróleo para educação

Aloizio Mercadante, Ministro da Educação do governo da presidenta Dilma Rousseff, é favorável aos 100% dos royalties do petróleo para educação

Os deputados federais do Paraná abaixo votaram a favor de um texto do Senado e não de um substitutivo do deputado Zaratini, que prevê 100% dos royalties do petróleo para educação. Veja quem deu um não à educação. Vão entrar na Lista Proibida do Blog do Tarso para 2014!

Abelardo Lupion (DEMO)

Luiz Carlos Setim (DEMO)

Fernando Francischini (PEN)

Dilceu Sperafico (PP)

Nelson Meurer (PP)

Sandro Alex (PPS)

Leopoldo Meyer (PSB)

Nelson Padovani (PSC)

Professor Sérgio de Oliveira (PSC)

Takayama (PSC)

Eduardo Sciarra (PSD)

Reinhold Stephanes (PSD)

Alfredo Kaefer (PSDB)

Alex Canziani (PTB)

Rosane Ferreira (PV)

Qualidade na educação pública melhora mais do que na rede privada

Ministro da Educação do governo da presidenta Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante

As notas do Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) divulgado pelo MEC, que mostrou que a educação básica no governo Beto Richa é uma tragédia, também deixou claro que o índice das escolas públicas melhorou mais do que o das escolas privadas. Por mais que a diferença ainda seja grande (4,7 a 6,5), as escolas públicas em alguns casos chegaram a dobrar o desempenho.

Educação básica no governo Beto Richa é uma tragédia, segundo o IDEB

A nota do ensino médio no Estado do Paraná diminuiu de 2009 para 2011, segundo o Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2011, divulgado pelo MEC – Ministério da Educação.

No ensino médio regular, entre 2009 e 2011, a nota d o Paraná caiu de 4,2 para 4.

Conforme o gráfico acima, a nota durante o governo de Roberto Requião (PMDB, de 2003-1010) vinha crescendo, e caiu com o governo Beto Richa (PSDB), que teve início em 2011.

Governador, isso é que é o choque de gestão? Isso que é a eficiência tucana?

Texto obrigatório do professor Ricardo Marcelo Fonseca sobre as universidades federais, públicas e estatais brasileiras

Universidades federais no Brasil: a semeadura e a colheita

Por Ricardo Marcelo Fonseca, hoje na Gazeta do Povo

Algumas das ideias sobre as universidades federais brasileiras que costumam estar “na boca do povo” são a de que o custo por aluno é muito alto e também a de que nossas instituições ainda não têm os níveis de excelência esperados. A discussão é mais que oportuna e merece muitas mediações.

A questão dos “altos custos” tem de ser enfrentada com a maior cautela. Primeiro, porque a planilha desta conta não raro costuma incluir toda sorte de despesas, como pensões e aposentadorias dos inativos. Segundo, porque a própria linguagem dos “custos” (própria da racionalidade de mercado), quando é aplicada a uma entidade pública que produz um serviço essencial como educação superior, pode parecer deslocada. Afinal, desde quando educação (ou saúde) tem preço? Ou o Estado, para prover esses direitos de todo cidadão brasileiro, deve antes fazer um juízo de custo-benefício?

O perigo subjacente à retórica da “universidade pública cara” é promover o discurso legitimador do sucateamento do ensino público superior e o deslocamento da atenção estatal – como já ocorreu num passado recente – ao ensino privado (que seria, então, “mais eficiente”). Há, nessa linha, até mesmo os que defendem que o Estado transfira os recursos dos contribuintes para as instituições particulares… Certamente os empresários do ensino – que aumentarão suas margens de lucro privado em função do fomento público dos custos – agradecerão! Em terceiro lugar, não é demais relembrar que desde o mês de maio quase todas as universidades federais brasileiras estão em greve – o que certamente não é um indicativo de que os seus recursos públicos sejam assim tão abundantes.

E exatamente isso leva à discussão sobre a “baixa excelência” demonstrada por nossas universidades, tópico que também deve ser abordado com cuidado. Primeiro, por efetivamente não haver consenso algum sobre os critérios dos rankings internacionais. Segundo, porque se pode estar deixando de lado importantes resultados que as universidades federais brasileiras têm efetivamente dado à nossa sociedade. Afinal, sabe-se que cerca de 95% da produção científica nacional provém das universidades públicas – onde, aliás, estão mais de 80% dos cursos de mestrado e doutorado no país.

E isso leva ao problema da aparente desconexão entre os “altos investimentos” (na verdade nada altos) e os “parcos resultados” (na verdade nada parcos). Cabe lembrar que a produção do conhecimento em uma universidade é processo que deve ser feito em um cultivo lento, contínuo e cuidadoso. Se os resultados deste processo não forem colhidos quando estiverem maduros, não existirão bons frutos. O tempo dos resultados na academia, portanto, jamais deve ser equiparado ao tempo que é próprio dos “produtos” do mercado.

Existe, hoje, uma grande urgência para a educação superior no Brasil: ela se refere ao aumento dos recursos. É inquestionável que há, sim, relação direta entre investimento público e qualidade acadêmica (embora as variáveis sejam complexas e não sincrônicas). O exemplo emblemático das universidades paulistas (USP e Unicamp), nas quais por décadas foram despejados muitos recursos a mais que nas federais (o que resultou em aumento de qualidade visível), fala por si. Com essa receita, então, os resultados podem tardar, mas, no tempo certo, certamente vão aparecer.
Ricardo Marcelo Fonseca, pós-doutor pela Università degli Studi di Firenze, é professor e diretor do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR.

Ministro do STF Marco Aurélio de Mello cobra aumento de vagas nas universidades federais

Concordo com a posição de ontem (3) do STF que entendeu ser constitucional o ProUni. O ministro Marco Aurélio foi o único a votar pela inconstitucionalidade, com vários argumentos, inclusive citando posições críticas às medidas provisórias do professor Celso Antonio Bandeira de Mello.

Ao final de seu voto Marco Aurélio defendeu que o Estado invista em universidades públicas para disponibilizar o acesso ao ensino superior público e gratuito, aumentando o número de vagas estatais:

“É aceitável, observa a ordem natural das coisas, observa o princípio do determinismo o estado cumprimentar com o chapéu alheio? Por que não potencializa o instituto das universidades públicas, viabilizando o acesso com maior largueza? (…) Acesso ao ensino universitário em um país cujo ingresso no ensino superior público é tão afunilado? Sabemos da via crucis do vestibular para a universidade pública, logo, é legítimo o Estado utilizar de um poder de pressão maior e compelir a iniciativa privada a fazer o que o Estado não faz? (…) O Estado não cumpre seu papel, daí o acesso universitário ser essa carnificina que é o vestibular, esse afiunilamento insuplantável”.

Vejam matéria do Jornal Nacional, clique aqui.

Concordo com o ministro de que o Estado deve aumentar as vagas nas universidades federais, pois educação é um dever do Estado e deve ser prestada, preferencialmente, por ele, já que não deve ser considerada como uma mercadoria. Mas claro, a Constituição Federal permite que existam universidades privadas, mas não como principais prestadores dos serviços educacionais.

Aproveitando, espero que o ministro vote pela inconstitucionalidade das organizações sociais – OS, utilizadas para privatização da saúde, educação e cultura. Na ADIn das OS Marco Aurélio pediu vista e será o próximo a votar.