Organizações sociais devem administrar hospitais públicos?

Hoje no tendências e debates da Folha de S. Paulo

NÃO

Cid Carvalhaes

Terceirização sucateia a saúde pública

O gerenciamento de unidades de saúde por Organizações Sociais (OSs) é desastroso, antidemocrático e antissocial. A terceirização da saúde pública cria diversos problemas, pois gera a mercantilização de um sistema que por dever é de responsabilidade do poder público e por direito, da população, que deve ter acesso a uma saúde de qualidade, ágil e resolutiva.

Desde que foram implantas no Estado, em 1998, as OSs tem apresentado fragilidades. Com a privatização dos serviços públicos, os médicos, os profissionais da saúde e os usuários assistiram a um processo acelerado de sucateamento da saúde, artifício utilizado pelo gestor público para justificar a manutenção do serviço de privatização.

A discrepância pode ser vista em números. De acordo com o Tribunal de Contas do Município de São Paulo, somente na capital, em 2011, o governo repassou quase 40% de seu orçamento de mais de R$ 5 bilhões destinados à saúde para as OSs. No Estado de São Paulo, a situação não é diferente: estão sobre gerenciamento de OSs quase 40 hospitais, 44 unidades de saúde.

Temos consciência de que as organizações sociais aprofundaram os problemas da saúde pública do país e de São Paulo. As empresas maquiaram vários pontos de atendimento com pintura de paredes e modificação de pisos, mas o atendimento continua defasado, ineficiente e deficitário. No aspecto da prestação de contas, as OSs têm demonstrado dificuldades em apresentar eficiente controle do destino do dinheiro público para o privado.

Além disso, a terceirização gera uma rotatividade desastrosa nas contratações. Profissionais são contratados sem concurso público, sendo muitos deles sem qualificação adequada, o que gera grande desassistência aos usuários do sistema.

A lei das OSs se assemelha a outra experiência já rechaçada pela população de São Paulo anos atrás: o PAS (Plano de Atendimento à Saúde), do ex-prefeito Paulo Maluf. A alegação de que as empresas não têm fins lucrativos é desculpa para pagar polpudos salários a diretores e criar cargos em comissão por interesses administrativos, levantando a hipótese de benefícios eleiçoeiros e outros não declarados.

Após muitas lutas, em maio deste ano conseguimos sensibilizar a Justiça do Trabalho, que proibiu todas as contratações de funcionários nas parcerias entre a Secretaria de Saúde e as OSs por suposta terceirização irregular de mão de obra, mas a Procuradoria do Estado de São Paulo tenta desde o início de outubro reverter essa decisão.

Desde 1998, tramita uma ação direta de inconstitucionalidade para julgar a validade desses convênios. Nos últimos anos, houve também outras tentativas de impedir judicialmente os contratos com as OSs, mas uma definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF) é aguardada.

O Brasil precisa ter um orçamento realista para a saúde e uma gestão eficiente, focada na melhoria da qualidade dos serviços prestados para todos os brasileiros, sem distinção. Para tanto, é necessário auscultar todos os representantes envolvidos com a saúde e direcionar soluções concretas, eficientes e definitivas de sorte a garantir à população brasileira uma saúde mais sadia.

Há que se fazer valer o direito de todo cidadão a um sistema de saúde de qualidade. Garantir a todos um ambiente de trabalho seguro e consistente. A verdadeira justiça só se faz pela equidade! Afinal de contas, a saúde é um bem público e não deve ter intermediários.

CID CARVALHAES, 66, neurocirurgião e advogado, é presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). Foi presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia

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Veja o texto pelo

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Serra e o caos na saúde em SP

Por Altamiro Borges

O tucano José Serra não sabe mais o que fazer para reverter os resultados desfavoráveis das pesquisas eleitorais. A ajuda da TV Globo, com o midiático julgamento do “mensalão”, aparentemente não surtiu o efeito desejado. Já o apoio do “pastor” Silas Malafaia foi um tiro no pé e assustou até os evangélicos. Desesperado, o eterno candidato do PSDB insiste no diversionismo mais grosseiro para atacar Fernando Haddad. Afirma que o petista demitirá milhares de profissionais das chamadas Organizações Sociais da Saúde (OSs).

A tática marqueteira é terrorista. Serra tenta vender a imagem de que a situação da saúde em São Paulo está ótima e que o seu rival vai implodir o setor. A realidade, porém, desmente esta manobra diversionista. Várias pesquisas apontam que os paulistanos reprovam os serviços prestados pela prefeitura nesta área tão sensível. Como Serra é Kassab e Kassab é Serra, o caos na saúde na capital paulista acaba tirando mais votos do tucano. A reprovação do prefeito, também neste quesito, acaba elevando o índice de rejeição de Serra.

Pesquisas confirmam as críticas
Pesquisas realizadas pelo Datafolha mostram que a saúde sempre foi considerada um dos principais problemas da metrópole. Só que a situação piorou muito nos últimos anos. Em 2008, segundo o instituto, 16% dos paulistanos apontaram o tema como prioritário – já numa pesquisa mais recente do mesmo Datafolha, este percentual saltou para 29%. Longas filas, ausência de médicos, atendimentos nos corredores e práticas discriminatórias nos hospitais, entre outros fatores, são apontadas como causas desta situação dramática.
Neste cenário, nada mais justo de que os candidatos à prefeitura da capital discutam com seriedade novas soluções para a saúde – não com as costumeiras baixarias do tucano. Isto torna obrigatório avaliar o desempenho das OSs. A ideia de repassar a saúde pública às entidades privadas surgiu no reinado neoliberal de FHC. Na época, em 1998, PT e PDT criticaram a privatização do setor e ingressaram com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), que até hoje não julgou o mérito da questão.
OSs mandam no setor na capital
Com o tempo, as OSs se alastraram por várias cidades – não apenas em São Paulo. Hoje elas dominam o setor na capital paulista. Com um orçamento de R$ 1,1 bilhão em 2011, elas detêm quase metade da receita da Secretaria Municipal da Saúde, administram 60% das suas unidades (238 de um total de 396) e realizam 75% dos atendimentos. A maior parte (52,7%) dos 79.017 funcionários da área da saúde é contratada por estas organizações privadas. Qualquer proposta de melhoria do setor terá que reavaliar o papel das OSs.
Do ponto de vista da sociedade, as OSs não convenceram. Pesquisa recente mostra que 60% dos paulistanos consideram ruim/péssimo o atendimento na saúde – em 2007, antes dos primeiros contratos com estas entidades privadas na capital paulista, o índice negativo era de 51%. Já para os movimentos sociais, a experiência das OSs é um desastre. Segundo Ângelo D’Agostini, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de São Paulo (Sindsaúde), elas só agravaram o caos no setor, penalizando a população mais carente da cidade.
Rediscutir a privatização na saúde
Entre outros problemas, o sindicalista critica as práticas discriminatórias e elitistas destas organizações. “O contrato de gestão das OSs criou os hospitais de portas fechadas. O SAMU, inclusive, é orientado para não levar mais pessoas para estes hospitais”, explica. Para ele, “o nome Organização Social da Saúde é um nome fantasia para entidades privadas e sem fins lucrativos, o que é muito relativo. O Hospital Sírio Libanês, por exemplo, é uma entidade sem fins lucrativos, mas não quer dizer que não tenha hospitais particulares”.
Ângelo D’Agostini também afirma que as OSs representaram maior arrocho e precarização dos trabalhadores da saúde. “Como é uma entidade privada, não há necessidade de concurso público, não há critério de estabilidade no emprego, os salários são diferentes, os médicos correm atrás das maiores remunerações, mudam de entidades. Isso para o serviço de saúde é extremamente negativo”. Por estas e outras razões, o sindicalista defende que o novo prefeito de São Paulo rediscuta a parceira com as OSs. Nada mais justo!

Panfleto do PT critica parcerias na saúde

Hoje na Folha de S. Paulo

Corrente minoritária do partido distribui material em que propõe fim de contratos com organizações sociais

Campanha do petista afirma que conteúdo dos folhetos não representa posição da campanha de Haddad

DE SÃO PAULO

Panfleto editado por uma corrente do PT pede votos para Fernando Haddad (PT) dizendo que, com ele eleito, haverá o “fim das organizações sociais” no sistema municipal de saúde de São Paulo.

O texto, é assinado por integrantes do diretório da sigla e tem data de 23 de outubro. Ele começa com uma convocação: “[Vamos] Levar o PT à prefeitura para salvar a saúde. Dia 28 votar 13 pelo fim das Organizações Sociais em São Paulo”.

O coordenador-geral da campanha de Haddad, Antonio Donato, diz que o texto foi produzido por uma corrente minoritária do PT que historicamente defende o fim das OSs. Ele afirma que o material não representa a posição da campanha nem a de Haddad, que tem dito que manterá as OSs.

“A vitória de Haddad do PT, derrotando o Serra do PSDB, é o caminho que o povo trabalhador da cidade tem para prosseguir e reforçar sua luta por serviços públicos, em particular da saúde”, diz o texto. Ele diz ainda que o PT já havia decidido pelo fim das OSs em junho deste ano.

“O encontro municipal do PT de São Paulo definiu a situação e decidiu: ‘A saúde está entregue ao setor privado, onde proliferam as organizações sociais. O governo do PT deve reverter essas privatizações. Os equipamentos e serviços de saúde devem ter gerência pública”, afirma.

A posição do PT sobre o tema foi trazida ao centro do debate eleitoral pelo adversário de Haddad, José Serra (PSDB). Com base num trecho do programa de governo do petista, Serra passou a afirmar que, se eleito, o rival irá acabar com as OSs.

Hoje, o sistema municipal de saúde mescla unidades administradas pela prefeitura e pelas OSs, entidades privadas sem fins lucrativos, como o Albert Einstein.

Serra defende as OSs e diz que, sem elas, o sistema entraria em colapso.

Após os ataques do rival, Haddad deu duas explicações sobre o tema. Primeiro, disse que faria concurso público nos hospitais geridos por OSs -o que contraria a lógica das organizações. Depois, que manteria o sistema atual, mas ampliaria a fiscalização. Ele acusou o Serra de fazer “terrorismo” com o tema.

O panfleto critica o recuo de Haddad. “É um equívoco achar que a situação pode melhorar com fiscalização”. “O sangue do PSDB tem a marca da privatização. (…) Com a vitória do PT podemos reverter essa situação.”

O texto termina dizendo que, Haddad eleito, é preciso mobilização para que ele “cumpra a decisão partidária de fim das OSs”.

Donato afirmou que não poderia proibir a corrente do partido de manifestar opinião. “Mas a posição deles não prevaleceu. Ela não expressa a decisão da campanha nem a de Haddad.”

Sindicalistas farão encontro pelo fim das OSs

FABIO LEITE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sindicatos ligados ao PT farão em novembro um encontro nacional para definir ações da campanha pelo fim das OSs (Organizações Sociais) no país.

O evento será no dia 24 em São Paulo e reunirá ativistas na área da saúde e militantes petistas.

Em 2011, um primeiro encontro em Florianópolis (SC) resultou num abaixo-assinado, com mais de dez mil adesões, entregue ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pedindo a revogação da lei federal que criou as OSs, em 1998.

Os organizadores são os mesmos que divulgaram panfleto pedindo voto no candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, “pelo fim das organizações sociais”. O grupo considera que a gestão de hospitais por OSs é a “privatização da saúde”.

“Nós queremos acabar com as organizações sociais e vamos tentar convencer o Haddad porque só ele pode mudar isso”, disse João Batista Gomes, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Municipal.

Haddad prometeu manter os contratos após José Serra (PSDB) dizer que ele iria rompê-los se eleito.

Dono da OS SPDM faz campanha para Serra e manda carta a funcionários

Rubens Belfort Jr., apresentado no programa de Serra apenas como oftamologista, é presidente da SPDM e apoia o tucano

Por Igor Carvalho do Spresso, divulgado por Renato Rovai

A Organização Social SPDM encaminhou, na última quinta-feira (25), a todos os seus funcionários, em São Paulo, uma carta onde pede para que comparem, no momento de decidir o voto, os programas de governo dos candidatos José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), na área da saúde. Com o título “2 Turno – Eleições 2012 – Outro momento de reflexão”, o documento chama a atenção para o fato de estarem em disputa “propostas muito diferentes nos programas de Governo dos candidatos em relação à participação das Organizações Sociais de Saúde na construção do Sistema Único de Saúde – SUS”.

Com aproximadamente 32 mil funcionários, a SPDM administra 17 centros de saúde e seu presidente, o oftalmologista Rubens Belfort Jr., aparece no programa eleitoral de José Serra, do dia 16 de outubro, manifestando seu apoio ao candidato. Porém, Belfort não é apresentado, no vídeo, como dirigente da OS.

Um funcionário da SPDM, que preferiu não se identificar, por receio de ser demitido, afirmou que “internamente o recado foi entendido, é um pedido de voto no José Serra”, disse, lembrando, em seguida, que há “assédio moral e espalha-se o medo de que se Haddad assumir perderemos o emprego.” Em um trecho da carta, a SPDM pede: “Verifique qual Programa de Governo garantirá a continuidade dos seus serviços”.

Em um trecho da carta, a SPDM diz: “Há um discurso difundido entre os nossos colaboradores e de outras Organizações Sociais de Saúde, em particular entre os Agentes Comunitários de Saúde – ACS, de que os mesmos possam migrar para o quadro de funcionários públicos, SEM CONCURSO.” O trecho faz referência, erroneamente, a um discurso frequente de Haddad, em que o candidato se propõe a ampliar as contratações por concursos públicos, mas não a inserção de funcionários conveniados a OSs no setor público.O campanha de José Serra tem espalhado o boato de que o petista pretende acabar com as parcerias com as OS. Haddad desmentiu e em seu programa de governo, apresentado no dia 13 de agosto, não há menção a isso.

Para Paulo Spina, militante do Fórum Popular de Saúde, as parcerias com OSs são prejudiciais ao sistema de saúde de São Paulo. “É um modelo atrelado apenas aos interesses econômicos e não dos pacientes, elas fazem mal uso do dinheiro público, contratando sem licitação e ‘quarteirizam’ o trabalho”, critica.

Veja abaixo a carta enviada aos funcionários:

Em São Paulo a privatização da saúde via OS aumentou o caos

Segundo a Folha de S. Paulo da última quarta-feira (24), em 2004 e 2008, 16% dos paulistanos diziam que o maior problema da cidade de São Paulo era a saúde.

Hoje, após a privatização da saúde via organizações sociais – OS, 29% dos moradores acham que o maior problema é a saúde.

Mesmo com pressão de José Serra (PSDB) e da própria Folha de S. Paulo pela manutenção da privatização, o provável próximo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), pode não prorrogar os inconstitucionais contratos de gestão com as OSs, que tiverem seus prazos vencidos.

O correto é que hospitais públicos sejam geridos pelo Poder Público, com profissionais da saúde contratados por concurso público.

Folha de S. Paulo e José Serra pressionam Fernando Haddad pela manutenção da privatização da saúde via OS

Hoje na Folha de S. Paulo

Haddad atacou ‘privatização’ na saúde

No ano passado, quando ainda era pré-candidato, petista defendeu gestão de hospitais pelo ‘próprio poder público’

Serra leva filme fala do rival ao programa de TV; petista diz que ‘nunca falou em romper contratos’ com OSs

DE SÃO PAULO

Ainda pré-candidato a prefeito, Fernando Haddad (PT) atacou, em vídeo veiculado pela TVPT, “a privatização da gestão” da saúde em São Paulo, numa referência ao modelo de organizações sociais. No filme, ele diz que “quem tem de administrar os hospitais é o próprio poder público”.

Hoje, na gestão de Gilberto Kassab (PSD), hospitais e outras unidades de saúde são comandadas por OSs -entidades privadas que recebem recursos da prefeitura para gerir o equipamento público.

“Quem tem de administrar os hospitais é o próprio poder público e não a privatização da gestão e muito menos a privatização dos leitos”, diz Haddad no filme.

Rival do petista na eleição, José Serra (PSDB) transformou o tema em um dos principais focos de sua campanha no segundo turno. Ele tem dito que Haddad vai “eliminar” o sistema de organizações sociais na saúde. O rival nega.

Ontem, Serra levou um trecho do vídeo com a fala de Haddad a seu programa eleitoral e disse, à imprensa, que o petista levará o sistema de saúde à “anarquia”.

Serra defende as OSs. Afirma que elas melhoram os serviços e diz que as parcerias são feitas com instituições renomadas. Cita, por exemplo, o hospital Albert Einstein.

O tucano sustenta os ataques com base em trecho do programa de governo de Haddad que sugere que o petista irá alterar o modelo atual.

No capítulo da saúde, ao abordar a “gestão do sistema”, o programa do PT apresenta a proposta de “retomar (…) a direção pública da gestão regional e microrregional do sistema de saúde”.

Quando Serra trouxe o assunto à campanha, Haddad passou a negar intenção de acabar com o sistema atual.

O petista tem dito que não romperá contratos com as OSs. Na propaganda eleitoral, afirmou que manterá o sistema e que Serra mente para confundir o eleitor.

Procurada para comentar o vídeo, a assessoria de Haddad afirmou que, então pré-candidato, o petista defendeu “o princípio de que os hospitais públicos devem ter gestão pública”. “Por isso, sua intenção é manter sob gestão pública os três novos hospitais que prometeu”.

“Durante toda a sua pré-campanha e campanha, Haddad nunca defendeu o rompimento”, disse, em nota.

A campanha afirmou que a gestão de Haddad no Ministério da Educação prova que ele não tem preconceito com as OSs.

(DANIELA LIMA)

Folha de S. Paulo pressiona para que Haddad mantenha a privatização da saúde via OS

A Folha de S. Paulo vem sistematicamente pressionando Fernando Haddad (PT), candidato a prefeito de S. Paulo favorito para vencer José Serra (PSDB), a prometer que vai manter a privatização inconstitucional da saúde de São Paulo via organizações sociais – OS. O modelo existe para burlar o concurso público e já foi atestado como mais caro e menos eficiente pelo Tribunal de Contas de São Paulo. O STF pode ainda em 2012 considerá-lo como inconstitucional. Mas para a Folha falta apenas mais fiscalização.

Veja parte do editorial da Folha de S. Paulo de hoje:

“Saúde – Carência de médicos e especialistas, dificuldade para marcar exames, demora em atendimentos e falta de comunicação entre as diversas portas de entrada no sistema são deficiências que tornam a saúde a área mais mal avaliada. Haddad e Serra dedicam boa parte das promessas ao setor, mas com algumas divergências.

O petista é ambíguo em seu programa quanto a abandonar o modelo das organizações sociais (OS), pelo qual entidades privadas recebem dinheiro da prefeitura e gerenciam equipamentos municipais de saúde. Em entrevistas, Haddad tem negado a intenção, mas afirma que vai submeter a contratação de funcionários a concursos públicos -o que anularia muitos ganhos de eficiência das OS.

Serra não aborda o tema diretamente, mas já deixou claro que manterá o modelo atual.

Há críticas à atuação das OS por exemplo, fiscalização insuficiente-, mas parece inegável que elas acrescentam agilidade a um serviço essencial para a população.

As OS não têm como resolver, porém, a desorganização estrutural da saúde municipal. Os diversos níveis de atendimento (básico, emergencial, hospitalar) não conversam entre si. Essa é uma questão central que Serra aborda de forma superficial, enquanto Haddad propõe medidas mais concretas.”

Haddad vai manter privatização inconstitucional da saúde via OS em São Paulo

Segundo a Folha de S. Paulo desta sexta-feira, o candidato a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), vai manter as parcerias com organizações sociais que atualmente administram boa parte do sistema de saúde do município, Afirmou que é “mais aberto” que o PT e vai trabalhar para “fortalecer” a privatização via OS, criadas pelo governo FHC e infestado por José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) em São Paulo.

No plano de governo de Haddad é dito que vai retomar a “direção pública” da gestão do sistema de saúde da cidade, mas diz que isso será feito “sem prejuízo dos condicionantes contratuais e após providências administrativas”.

Haddad vem dizendo que apenas vai fiscalizar mais as OS e vai adotar o concurso público para “não contratar amigos para as OSs”.

Isso é um absurdo! As OS foram criadas para burla do concurso público, burla da licitação, burla do controle social sobre as entidades, e em 1988, tanto o PT, PDT e OAB entraram com ADIns junto ao STF, contra a Lei das OS. O STF está prestes a julgar inconstitucional essa lei absurda, que os tucanos tanto adoram, mas que deveria ser combatida por todos os petistas.

Haddad: são possíveis as parcerias entre a Administração Pública e as entidades do Terceiro Setor, inclusive na saúde, mas com o Poder Público fomentando as entidades de interesse público, e não repassando hospitais estatais para a gestão das entidades privadas.

Proibida a contratação de novas OSSs em Mato Grosso

Do Cebes

A partir de hoje, o Estado de Mato Grosso está proibido de contratar Organizações Sociais de Saúde (OSSs) e regulamentará serviços por meio de contratos ou convênios com aprovação do Conselho Estadual de Saúde (CES/MT). A decisão é referente à resolução 31/2012, aprovada nesta quarta-feira (19), que revogou a decisão já dada pelo órgão deliberativo em 2011, quando aprovou a inserção de OSS no Estado.

Segundo membros do CES/MT, documentos e estudos comprovaram que a administração das unidades de saúde feitas pelas Organizações Sociais não resolve o problema do setor em Mato Grosso. O fato é que mesmo com a decisão do CES, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/MT) mantém posicionamento sobre a administração das OSSs no Estado.

Conforme explicação, repassada pela assessoria de imprensa da SES/MT, o órgão tem  prerrogativa legal na escolha de seu modelo de gestão e não entra em discussão sobre os assuntos tratados pelo Conselho Estadual. A nova normativa foi anunciada na manhã desta quarta-feira (19) e assinada pelo vice-presidente do CES/MT, João Luiz Dourado.

Leia a matéria na íntegra.

Em entrevista no Senge, Gustavo Fruet expõe sua posição sobre as OS

Em entrevista no Senge, Gustavo Fruet (PDT) expõe sua posição sobre as OS – organizações sociais (minuto 38). Basicamente ele defende o maior controle social das OS, o que é louvável, já que o ICI – Instituto Curitiba de Informática é uma caixa-preta. Defendo a inconstitucionalidade delas quando utilizadas para delegar a gestão de hospitais públicos. Parcerias com o Terceiro Setor apenas para fins de fomento.

STF decide que município do Rio não pode terceirizar saúde

O Globo de 22/09/2012

STF decide que município não pode ter terceirizados na saúde

Sindicato dos Médicos diz que só concursados podem trabalhar

MARIA ELISA ALVES

RIO – Os 9.500 profissionais da área de saúde terceirizados e que trabalham em clínicas da família, UPAs e hospitais municipais, poderão ter que deixar seus postos em breve. Na última quarta-feira, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por unanimidade, um recurso do município contra ação movida pelo Sindicato dos Médicos que exige o fim da terceirização na saúde. A prefeitura já havia sido derrotada outras duas vezes.

A Segunda Turma acompanhou o voto de Cezar Peluso, dado em agosto, antes de o ministro se aposentar. Ele concordou com decisão anterior, que dizia que “os cargos inerentes aos serviços de saúde, prestados dentro de órgãos públicos, por ter a característica de permanência e de caráter previsível, devem ser atribuídos a servidores admitidos por concurso público”.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, comemorou ontem a decisão. Segundo ele, é um absurdo que a administração municipal, em vez de contratar médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, prefira fazer contratos temporários.

— A prefeitura vai ter que repensar toda a sua lógica de contratações. A decisão do STF não impede que as Organizações Sociais continuem gerindo clínicas de família e UPAs. Mas elas terão que ter nos locais médicos e outros profissionais aprovados através de concurso público. Não poderão ter funcionários terceirizados — diz Darze.

Segundo ele, o município tem atualmente 25 mil profissionais da área de saúde concursados e cerca de 9.500 terceirizados.

— É urgente que a Secretaria municipal de Saúde faça logo um concurso público. Os médicos terceirizados devem poder permanecer por mais seis meses, até que a situação toda seja regularizada — estimou Darze.

O Sindicato dos Médicos entrou com a ação no governo Cesar Maia, antes de as Organizações Sociais administrarem unidades de saúde. A prefeitura perdeu em 2005, entrou com recurso e foi novamente rejeitado em 2009. Após a decisão do STF, o município ainda tem direito ao recurso de revista, que não julga o mérito da ação. Procurados, assessores de comunicação da Secretaria municipal de Saúde não foram localizados.

São Paulo privatizou a saúde via OS e o caos se mantém

Fila da privatização da saúde das OS em São Paulo. Foto de Rivaldo Gomes, da Folhapress

A Folha de S. Paulo de hoje mostra que mesmo depois de Gilberto Kasssab (ex-DEMO e atual PSD, apoiado pelo PSDB e outros neoliberais) privatizar a saúde do município de São Paulo para as organizações sociais – OS, a saúde continua sendo o principal problema da cidade pelos paulistanos.

Mais de 60% da saúde foi privatizada, e o Tribunal de Contas do Município acusa a prefeitura de não fiscalizar as entidades privadas.

As OS recebem muito dinheiro (em 2011 R$ 1,1 bilhão), fazem 75% das consultas médicas da rede, não fazem licitação nem concurso público, e atuam com várias irregularidades, segundo o TCM. É uma vergonha!

O pior é que Beto Richa (PSDB), de forma autoritária, obrigou a Assembleia Legislativa a aprovar a lei das OS do Paraná e vai querer privatizar os hospitais estaduais por meio delas. Será que esse seria o modelo implementado pelo Luciano Ducci (PSB) em Curitiba, se vencesse as eleições, o que é improvável?

O que é também uma vergonha é que o candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad, não tenha dito que vai acabar com essa privatização vergonhoso, mas apenas fiscalizar. José Serra (PSDB), que provavelmente nem vai para o segundo turno, iria privatizar ainda mais. Celso Russomano (PRB) vai fazer auditoria.

Com as OS em São Paulo as consultas com hora marca caíram 10% e o modelo neoliberal não resolveu as longas filas para consultas, exames e cirurgias.

As OS foram criadas no governo FHC (PSDB) e muito utilizadas por governos e prefeitos neoliberais, inclusive por ditos de esquerda.

Veja a matéria completa da Folha: Continuar lendo

Greca: “vou me livrar dos 32 contratos do ICI que devoram Curitiba mais do que os ratos do Rio Ivo”

http://www.youtube.com/watch?v=uAOfF17o0Kg

Russomano vai auditar contratos de gestão tucanos com as Organizações Sociais da Saúde

Celso Russomanno (PRB), candidato à Prefeitura de São Paulo, prometeu na Sabatina Folha/UOL, realizar auditoria em todos os contratos de gestão das OSs – organizações sociais, celebrados pelos demotucanos, que são a privatização da saúde na capital paulista.

Russomano afirmou que “os serviços públicos são péssimos” e criticou o Hospital Israelita Albert Einstein e a Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro: “Existem organizações sociais que trabalham bem e as que trabalham mal. Estive no Jardim Mitsutani. Lá a UBS é administrada pelo Einstein e é da pior qualidade. Estavam faltando três médicos no Programa de Saúde da Família. Fomos ao Pronto Socorro de Santo Amaro, administrado pela Santa Casa de Santo Amaro, por denúncia de que um raio X computadorizado estava largado no chão há seis meses. Não adianta fazer convênios e não fiscalizar. Vou para as ruas fiscalizar, porque essa é minha forma de gerenciar. A gestão atual não fiscaliza, mas paga em dia. Para onde está indo o dinheiro? Vou fazer auditoria em todos esses contratos.”

Se eleito Russomano deveria rescindir todos os contratos com as OSs, que são inconstitucionais. Mas a auditoria já é um começo.

Os candidatos de Curitiba poderiam fazer a mesma proposta, no mínimo, com relação ao ICI – Instituto Curitiba de Informática, que é uma OS da informática no município considerada uma caixa-preta, que lida com milhões de dinheiro público sem licitação, sem concurso público e sem um controle efetivo do Tribunal de Contas, Ministério público e da própria população.

Beto Richa começou a privatizar a cultura via OS

A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná – SEEC vai começar a inscrever Organizações Sociais – OS para que elas assumam toda a gestão de museus, orquestras, teatros e demais aparelhos culturais, como ballet, danças em geral, etc.

De acordo com a Resolução Nº 054/2012 – SEEC podem se inscrever pessoas jurídicas de interesse privado, sem fins lucrativos, com atividades comprovadas na área cultural, conforme definido na Lei Complementar nº 140/2011, a Lei de privatização via OS aprovada no Paraná após pressão do governo Beto Richa sobre os deputados estaduais.

Quando qualificadas as Organizações Sociais farão celebrarão Contrato de Gestão com o Estado, sem qualquer licitação.

A notícia do governo e a Resolução dizem que podem ser repassados para OSs atividades teatrais de teatro, ópera, circo, artes visuais, audiovisual, dança, literatura, livro e leitura, música, patrimônio cultural material e imaterial, e as manifestações populares, tradicionais e étnicas da cultura.

Traduzindo: podem ser privatizados o Teatro Guaíra, o Ballet do Teatro Guaíra, a Orquestra Sinfônica, todos os museus paranaenses e a Biblioteca Pública.

Veja a íntegra da Resolução, clique aqui.

Beto Richa havia prometido ao povo paranaense e aos deputados estaduais, em entrevista, que privatizaria apenas o Museu Oscar Niemeyer e a Orquestra Sinfônica (além de um hospital). Isso após a lei quase não ser aprovado após manifestaçÕes contrárias do povo paranaense.

Mas a resolução e a notícia do governo são bem mais amplas. O mais grave? Nas eleições beto Richa disse que não iria privatizar e nem conhecia o modelo das OS:

http://www.youtube.com/watch?v=NLSioQLIeuA&feature=player_embedded

Prefeitura de Curitiba é refém do ICI? Bomba! Bomba!

ICI. Foto de Tarso Cabral Violin do Blog do Tarso, via Instagram

Por Dr. Lineu Tomass

ESTADO OMISSO TRANSFORMA-SE EM REFÉM.  Na medida do fracasso da gestão do Estado Brasileiro, que se acelera ano a ano, alguns espertalhões, vendo esta fragilidade, aliaram-se com  malandros políticos na base de SÓCIOS  OCULTOS,  e a partir daí  penetraram dentro das entrranhas das finanças públicas e monopolizaram alguns “negócios” do Estado.

A  REVELAÇÃO BOMBA !   Conversei com uma alta autoridade  do Paraná, super conhecedor das manobras das entranhas de orçamentos  (grana pública), quando fui informado que o ICI – INSTITUTO CURITIBA  DE  INFORMÁTICA, hoje detém um poder absoluto na administração do Município de Curitiba, cobrando  preços milionários nos programas de “softer” (alguns inúteis), que instala na Prefeitura e seus órgãos, E  DETÉM   OS SEGREDOS DOS PROGRAMAS E O   COMANDO  TOTAL  DO  MUNICÍPIO  DE CURITIBA, A PONTO DE  TORNÁ-LA  HOJE  REFÉM  DO ICI,  POIS SE O ICI QUIZER, ELE PARA COM OS SERVIÇOS DA CAPITAL, DESDE OS SINAIS DE SEMÁFOROS  ATÉ  PODENDO PROVOCAR O CAOS  NOS SERVIÇOS DE SÁUDE, com um simples ato de “desligar um botãozinho”, disse o informante. SOMOS  REFÉM  DO ICI EM CURITIBA !

PARA ONDE VAI A  ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL ?  Como o ICI atua em outras capitais, podemos dimencionar o poder que está acumulado no país, cujo comandante hoje, já está na classificação dos  BILIONÁRIOS do país.  Pergunta-se.  Neste estilo de administração pública de  “Estado-Refém”,  FICA  EM  REGIME  DE ESPÉCIE DE  SEQUESTRO  ATÉ O FINAL DOS TEMPOS ?  Neste estilo de entrega  incestuosa do orçamento do Estado, pode-se dizer  que o Estado (Prefeitura de Curitiba),  vive sob o regime constitucional da ADMINISTRAÇÃO  PÚBLICA  ?  Claro que não !

ESTADO  ESTÁ SENDO PRIVATIZADO SORRATEIRAMENTE NA  MALANDRAGEM. A omissão de todos dos políticos, está levando a Nação à morte do ESTADO DE DIREITO, substituido que está, pelas ONGs e  OCIPS eivadas de  “SÓCIOS POLÍTICOS OCULTOS “, que aprovam leis facilitadoras da morte do PODER DO ESTADO formando assim novas castas de  novos BILIONÁRIOS  que sugam os recursos do povão, aumentando o fosso social entre os privilegiados da Casa Grande e os trouxas da Senzala, que se contentam com as côdeas do banquete, hoje traduzidos em cestas básicas, mercadões populares, saúde  “meia-boca”, bolsa-disto, bolsa-daquilo, segurança pública falida,  transporte público falido, educação das piores do mundo,   etc. etc. etc.

ORÍGEM DO ICI.  Esta OCIP, o ICI, foi fundado na gestão do ex-prefeito CASSIO  TANIGUCHI, quando então aniquilaram (fecharam) o  CPD- Centro de Processamento de Dados da Prefeitura de Curitiba, que era admistrado pelo IPPUC- Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba, cujo órgão dava conta de todas os programas de computação da Prefeitura.  Foi proposital ?

E O PODER LEGISLATIVO ?  A Câmara Muncipal de Curitiba e seus vereadores da época e de agora, sempre deram respaldo legal a todos os desejos (privados ?), dos prefeitos de Curitiba, e não cumpriram suas funções e foram  (e são), coniventes com todo estes atos de morte  e agonia lenta  da administração pública.

DE  NOVO  A  PERGUNTA :  “Para  onde  vai  o “Estado”  Brasileiro ?  “

Relatório do TCE/SP mostra que o modelo de privatização da saúde via Terceiro Setor (OS) é mais caro e menos eficiente

Caroline da Rocha Franco e Saulo Lindorfer Pivetta. Foto de Tarso Cabral Violin via Instagram

Durante o VI Congresso da Associação de Direito Público do Mercosul, que ocorreu entre os dias 7 e 9 de junho de 2012 em Foz do Iguaçu, em homenagem in memoriam ao professor Jorge Luis Salomoni, os mestrandos Caroline da Rocha Franco e Saulo Lindorfer Pivetta apresentaram trabalho no qual criticam o modelo das Organizações Sociais da Saúde em São Paulo, por meio de um relatório do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que mostra o modelo de privatização via Terceiro Setor como mais caro e menos eficiente.

Saulo ainda foi o vencedor do concurso de artigos jurídicos e recebeu o prêmio Jorge Luis Salomoni, junto com outra autora espanhola. Veja abaixo o relatório do TC/SP, clique na imagem:

Qual o modelo ideal de gestão para a saúde pública?

Administração Pública direta, autarquias, fundações públicas de direito privado, empresas públicas, organizações sociais, OSCIPs. Qual o modelo ideal de gestão para a saúde pública no Brasil?

De plano já descarto a centralização via Administração Pública direta, pois é necessária a criação de uma pessoa jurídica específica para prestar os serviços públicos de saúde. Órgãos despersonalizados da União, Estados ou municípios, como por exemplo Ministérios e Secretarias devem apenas formular e fiscalizar políticas públicas, mas nunca prestar serviços públicos.

Elimino das possibilidades, também, as organizações sociais – OS e organizações da sociedade civil de interesse público – OSCIPs, entidades privadas sem fins lucrativos qualificadas pelo Poder Público, pois não é possível constitucionalmente que o Estado privatize suas atividades sociais fim. Assim, não pode um hospital público repassar para uma entidade privada sem fins lucrativos suas atividades de saúde. Mais grave ainda é a utilização das OSCIPs para isso, pois essas podem apenas ser fomentadas pelo Poder Público, e não utilizadas como instrumento de privatização/terceirização. Os dois modelos foram criados pelo governo do presidente FHC, muito utilizados por governos neoliberais e, infelizmente, também usados por governos que se dizem de esquerda.

Sobrariam os modelos das fundações públicas de direito privado, das empresas públicas e das autarquias. Esses modelos não são de privatização, mas ainda muitos juristas questionam a prestação de serviços públicos de saúde por meio de entidades de direito privado da Administração Pública indireta, como é o caso das fundações públicas de direito privado e das empresas públicas.

O governo federal irá criar a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH (autorizado pela Lei 12.550/2011 e já com Estatuto Social aprovado pelo Decreto 7.661/2011), uma empresa pública, pessoa jurídica de dieito privado, que fará parte da Administração indireta, realizará licitação e concurso público, mas terá servidores celetistas, regidos pela CLT. A EBSERH administrará os hospitais públicos federais, com relação jurídica via contrato administrativo. Sobre o tema, matéria nesta sexta-feira na Gazeta do Povo.

Curitiba criou uma fundação estatal de direito privado para gerir hospitais, mas no âmbito federal o modelo ainda é discutido no Congresso Nacional, mas é um modelo muito parecido com o das empresas estatais.

Entendo que o modelo ideal é o autárquico (ou de fundações públicas de direito público), com servidores estatutários e totalmente adstrito ao regime jurídico administrativo. Mas se a escolha ficar entre o das empresas públicas/fundações públicas de direito privado ou OS/OSCIP, fico com o modelo que não é privatização.

Ótimo assunto para estudiosos do Direito Administrativo, seja em monografias TCC, especializações, mestrado ou até doutorado.

Tarso Cabral Violin – advogado em Curitiba, professor de Direito Administrativo, Mestre em Direito do Estado pela UFPR, autor do livro Terceiro Setor e as Parcerias com a Administração Pública: uma análise crítica (Fórum, 2ª ed., 2010) e blogueiro (Blog do Tarso)

Dom Odilo Scherer, arcebispo de SP, critica modelo de privatização da saúde via OS adotado por Beto Richa e demais tucanos privatas

Hoje na Folha de S. Paulo, divulgado por Esmael Morais

Terceirização submete saúde pública ao mercado

Arcebispo de São Paulo critica modelo de gestão de hospitais; saúde é tema da campanha da fraternidade

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

“Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas, pelo remédio para aliviar a dor! Este é teu povo, em longas filas nas calçadas, a mendigar pela saúde, meu Senhor!”
O trecho acima faz parte do hino da Campanha da Fraternidade deste ano, cujo mote central é a saúde pública.
É a segunda vez que a Igreja Católica elege o tema -a primeira foi em 1984.
“A saúde vai muito mal do Brasil”, afirma o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer. O cardeal também critica as OS (Organizações Sociais) em São Paulo.
“Na medida em que se terceiriza os serviços de saúde, vira comércio, eles acabam sendo submetidos às leis de mercado”, afirma.
O arcebispo de São Paulo também comentou a notícia do nascimento de uma criança com a finalidade de doar células-tronco para a irmã que sofre de uma doença hematológica. “Não podemos aplicar de maneira irrestrita todas as possibilidades do conhecimento científico.”
A seguir, trechos da entrevista exclusiva concedida à Folha na semana passada, no Mosteiro de São Bento.

Folha – A saúde é pela segunda vez tema da Campanha da Fraternidade. Agora, há cânticos bem críticos em relação à saúde pública. A situação piorou?
Odilo Pedro Sherer – A primeira vez que abordamos o tema foi mais focado no doente. Agora, o olhar está voltado para o acesso aos serviços, para as políticas em saúde pública, os atendimentos médicos e hospitalares, a falta de acesso a medicamentos. A situação está muito séria na adequação do SUS. Os pobres, que não têm possibilidade de ter plano de saúde, dependem de um sistema de saúde deficitário, que está longe de atender os requisitos básicos. A saúde vai muito mal no Brasil.

Anteontem, o Ministério da Saúde divulgou um relatório de avaliação do SUS em que a nota média ficou em 5,4…
É, foi muito mal avaliado. Não basta que poucos tenham condições de ter acesso a ótimos hospitais. É uma questão de fraternidade, solidariedade, levantar a questão, reclamar, mostrar a situação real nos grotões do país, nas periferias das grandes cidades. E não é só isso. A saúde pública vive um processo de terceirização, de comercialização.

O sr. se refere às Organizações Sociais em São Paulo?
Sim. Na medida em que se terceiriza os serviços de saúde, vira comércio, eles acabam sendo submetidos às leis de mercado. Isso pode comprometer o atendimento dos pacientes. Saúde é um bem público, um direito básico, fundamental. Impostos são recolhidos para esse fim.

A Igreja não poderia ser mais atuante na promoção de saúde, fazendo campanhas de prevenção a diabetes, hipertensão durante as missas, por exemplo?
Já fazemos isso constantemente nas pastorais da saúde, da criança. Trabalhamos arduamente não só para atender os doentes mas também para promover saúde.

Recentemente, foi noticiado o nascimento de uma criança gerada com a finalidade de doar células-tronco para a irmã que sofre de uma doença hematológica. Como a Igreja vê isso?
Nem tudo que é possível em ciência é bom eticamente. Não podemos aplicar de maneira irrestrita todas as possibilidades do conhecimento científico. Não podemos produzir bebês com a finalidade “para”. O ser humano nunca pode ser usado como meio para atingir fins. Ele, por si só, já é o fim.

Mas mesmo que o objetivo tenha sido para salvar uma outra vida?
O ser humano agora pode ser um embrião, um feto, um bebê. Nessa fase posso fazer o que for do meu agrado para atingir meus objetivos. Mas depois ele se torna uma pessoa adulta. Como ele vai avaliar a minha ação? Eu fui usado, eu fui manipulado em função de, me usaram para. Está faltando dignidade para o ser humano, que é único.

FRASES

 

“Os pobres, que não têm possibilidade de ter plano de saúde, dependem de um sistema de saúde deficitário, que está longe de atender os requisitos básicos. A saúde vai muito mal no Brasil”

“Não basta que poucos tenham condições de ter acesso a ótimos hospitais. É uma questão de fraternidade, solidariedade, levantar a questão, reclamar, mostrar a situação real nos grotões do país, nas periferias das grandes cidades”

“Na medida em que se terceiriza os serviços de saúde, vira comércio, eles acabam sendo submetidos às leis de mercado. Isso pode comprometer o atendimento dos pacientes. Saúde é um bem público, um direito básico, fundamental”

“Nem tudo que é possível em ciência é bom eticamente. Não podemos produzir bebês com a finalidade “para”. O ser humano nunca pode ser usado como meio para atingir fins. Ele, por si só, já é o fim”

São Paulo tem 37 hospitais geridos por OS

DE SÃO PAULO

As OS (Organizações Sociais) são entidades privadas sem fins lucrativos que administram serviços públicos a partir de parcerias com o governo. Na área da saúde, o modelo foi adotado pelo Estado de SP a partir de 1998. Atualmente 37 hospitais e 38 ambulatórios são geridos por OS.

Para os defensores, o modelo permite o aumento da produtividade dos hospitais com diminuição de custos em comparação aos geridos diretamente.

As OS podem contratar serviços e funcionários e usar bens municipais sem licitações ou concursos públicos, bastando apenas a assinatura de convênios.

RAIO-X

 

IDADE
62

LOCAL DE NASCIMENTO
Cerro Largo (RS)

CARGO
Dom Odilo Scherer é arcebispo metropolitano de São Paulo

FORMAÇÃO
Mestre em filosofia e doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, na Itália

CARREIRA
Ordenado em 1976, tornou-se arcebispo de São Paulo e cardeal em 2007

HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

 

Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas,
Pelo remédio para aliviar a dor!
Este é teu povo, em longas filas nas calçadas,
A mendigar pela saúde, meu Senhor!

Tu, que vieste pra que todos tenham vida,
Cura teu povo dessa dor em que se encerra;
Que a fé nos salve e nos dê força nessa lida,
E que a saúde se difunda sobre a terra!

Ah! Quanta gente que, ao chegar aos hospitais,
Fica a sofrer sem leito e sem medicamento!
Olha, Senhor, a gente não suporta mais,
Filho de Deus com esse indigno tratamento!

Ah! Não é justo, meu Senhor, ver o teu povo
Em sofrimento e privação quando há riqueza!
Com tua força, nós veremos mundo novo,
Com mais justiça, mais saúde, mais beleza!

Ah! Na saúde já é quase escuridão,
Fica conosco nessa noite, meu Senhor,
Tu que enxergaste, do teu povo, a aflição
E que desceste pra curar a sua dor.

Ah! Que alegria ver quem cuida dessa gente
Com a compaixão daquele bom samaritano.
Que se converta esse trabalho na semente
De um tratamento para todos mais humano!

Ah! Meu Senhor, a dor do irmão é a tua cruz!
Sê nossa força, nossa luz e salvação!
Queremos ser aquele toque, meu Jesus,
Que traz saúde pro doente, nosso irmão!

Será que o Marcelo Adnet está falando dos políticos que privatizam a saúde via organizações sociais – OS?