Brasil e Petrobras no Oscar

O filme de animação “O Menino e o Mundo”, patrocinado pelo BNDES, pela Petrobras e pelo governo Dilma Rousseff (PT), do diretor paulista Alê Abreu, vai representar o Brasil no Oscar 2016.

Concorrerá com as animações “Anomalisa”, “Divertida Mente” (Inside Out), “Shaun, O Carneiro” (Shaun the Sheep Movie) e “Quando Marnie estava lá” (When Marnie was there). Desbancou filmes milionários como “O Bom Dinossauro”, “Home” e “Minions”.

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O desenho mostra um garoto, pelos olhos de uma criança, uma uma sociedade marcada pela pobreza, exploração de trabalhadores e falta de perspectivas. Tem trilha sonora de Emicida.

Se a Petrobras tivesse sido privatizada pelo governo FHC (PSDB), seria chamada de Petrobrax e não estaria fomentando a cultura brasileira. Ou patrocinaria obras que incentivariam o consumismo infantil e a alienação, que é o que mercado espera de uma nação de consumidores.

A cerimônia do Oscar 2016 ocorrerá no dia 28 de fevereiro.

13 de março de 1964

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Há 51 anos, em 13 de março de 1964, foi realizado o comício na Praça da República, em frente à Estação Central do Brasil no Rio de Janeiro, para 300 mil pessoas, pelo então presidente João Goulart.

No Comício da Central Jango decretou a nacionalização das refinarias privadas de petróleo, que ainda não estavam nas mãos da Petrobrás, e a desapropriação, para fins de reforma agrária, de propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos. Também participou do Comício das Reformas o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.

O evento causou arrepios nos meios conservadores. Com isso os golpistas organizaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade para a efetivação do golpe militar-empresarial de 31 de março/1º de abril. Pesquisas do Ibope realizadas pouco antes do golpe mostram que a maioria da população apoiava as reformas propostas por Jango.

Foram 21 anos de ditadura militar (1964-1985).

Que os atos de amanhã (13) por todo o Brasil, em defesa da democracia, da Petrobras, da reforma política e dos direitos dos trabalhadores sejam um sucesso!

Por incrível que pareça, 51 anos depois da desapropriação de refinarias privadas estrangeiras, sairemos às ruas amanhã para a defesa da Petrobras contra a privatização neoliberal, contra o seu desmonte, contra o capital especulativo estrangeiro e forças que querem tirar a Petrobras dos brasileiros e dar suas reservas para o mercado internacional.

Em Curitiba a concentração será a partir das 17h na Praça Santos Andrade, em frente ao símbolo da cidade de Curitiba, o Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

Dia 13: povo na rua em defesa da democracia, da Petrobras, da reforma política e dos direitos dos trabalhadores

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Manifestação e greve dos professores do Paraná contra o neoliberalismo tucano na educação pública. Foto de Tarso Cabral Violin

O dia 13 de março de 2015 (sexta-feira) será o Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos da Classe Trabalhadora, da Petrobrás, da Democracia e da Reforma Política, e contra o retrocesso. Os atos são organizados por sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos.

Será na Praça Santos Andrade em Curitiba, a partir das 17h, e em várias outras capitais do Brasil.

Contra as MPs 664 e 665, que restringem o acesso ao seguro desemprego, ao abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença, pois são ataques a direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora. Segundo a CUT, se o governo quer combater fraudes, deve aprimorar a fiscalização; se quer combater a alta taxa de rotatividade, que taxe as empresas onde os índices de demissão imotivada são mais altos do que as empresas do setor, e que ratifique a Convenção 158 da OIT. Contra o PL 4330 que libera a terceirização ilimitada.

Defender a Petrobras, cujo os investimentos representam 13% do PIB Nacional. Pela democracia e contra o golpismo que as elites conservadoras querem implementar no Brasil. Por uma reforma política com financiamento público de campanha e voto em lista fechada.

#VemPraRua #TôNaLuta #Democracia #GolpeNão

Políticos do PT, PSDB, PMDB com suspeita de envolvimento na Lava Jato

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O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que é o relator dos processos judiciais da Operação Lava Jato, autorizou hoje (6) a abertura de investigação contra políticos do PT, PSDB, PMDB, PTB e PP. Os três primeiros são os maiores partidos do país.

Estão na lista os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assim como Aníbal Ferreira Gomes, Rosaena Sarney, Edison Lobão, João Alberto Pizzolati Jr., Aníbal Gomes, Lindbergh Farias, Vander Loubet, Cândido Vacarezza, Gleisi Hoffman, Humberto Costa, Simão Sessim, Arthur Cezar Pereira de Lira, Benedito de Lira, José Mentor , Edison Lobão, José Otávio Gemrmano, Luis Fernando Ramos Faria, Roberto Sérgio Ribeiro Coutinho Teixeira, Nelson Meurer, Eduardo Henrique da Fonte, Ciro Nogueira Lima Filho, Agnaldo Veloso Borges Ribeiro, Aline Corrêa, Aníbal Ferreira Gomes, Arthur César Perreira de Lira, Carlos Magno Ramos, Ciro Nogueira, Dilceu Sperafico, Eduardo Henrique da Fonte, Gladson de Lima Cameli, Gerônimo Pizzoloto, João Alberto PIzzolati Jr., João Felipe de Sousa Leão, João Luís Argôlo Filho, João Sandes Júnior, José Afonso Han, José Linhares da Ponte, José Olypio Silveira Moraes, José Otávio Germano, José Renan Vasconcelos Calheiros, Lázaro Botelho Martins, Luís Fernando Ramos Faria, Mário Negromonte, Nelson Meurer, Pedro da Silva Corrêa, Pedro Henry, Renato Mole, Roberto Ferreira de Brito, Roberto Sérgio Ribeiro, Romero Jucá, Simão Sessim, Valdir Raupp de Mattos, Vilson Luis Covatti, Valdir Maranhão Cardoso, Antônio Palocci Filho, Valdir Raupp de Mattos, Fernando Collor de Mello e Antonio Augusto Anastasia.

Estranhamente foi arquivada a denúncia contra Aécio Neves (PSDB). Também foi arquivado contra Delcídio do Amaral Gomes, Romero Jucá, Alexandre José dos Santos e Henrique Eduardo Alves.

Outros políticos como o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma, ambos do partido dos Trabalhadores, nunca foram citados. Assim, está mais uma vez descartada qualquer possibilidade de Impeachment de Dilma. Qualquer defesa nesse sentido é golpe.

O que mostra essa investigação é cada vez mais a necessidade urgente de uma reforma política no Brasil com o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada.

Nunca se roubou tão pouco

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Por Ricardo Semler

Não sendo petista, e sim tucano, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país

Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.

Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.

Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos “cochons des dix pour cent”, os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.

Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão –cem vezes mais do que o caso Petrobras– pelos empresários?

Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?

Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.

Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.

É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.

Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.

Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.

A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.

O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.

É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.

A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.

Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.

Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor?

Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.

O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.

59% dos brasileiros são contrários à privatização da Petrobras

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Segundo a pesquisa Ibope divulgada ontem, 59% dos brasileiros são contrários à privatização da Petrobras.

O percentual aumenta entre os que têm ensino superior (70%), e infelizmente diminui entre os moradores do sul (50%), mais privatistas.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) queria vender a empresa estatal e chegou a querer mudar o seu nome para Petrobrax, pois entendia que o “bras” do final do nome queimava a cara da empresa por ligá-la ao Brasil.

O Pastor Everaldo (PSC) é o único dos candidatos que confessa que quer vender a empresa, mas sabemos que os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Maraina Silva (PSB, ex-PT, ex-PV, futura Rede Sustentabilidade) são contrários à atuação direta de empresas estatais na economia.

A Petrobras é essencial para a garantia do desenvolvimento nacional sustentável do Brasil, e aumento muito seus gastos em investimentos e diminuiu suas terceirizações durante os governos de Lula e Dilma, do Partido dos Trabalhadores.

Viva a Petrobras!

Gestão de reservas de Libra deveria ser exclusiva do Estado

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Na Folha de S. Paulo de hoje

‘Pai’ do Pré-Sal condena leilão e alerta para riscos de conflito de interesses no consórcio com integrantes estrangeiros

ELEONORA DE LUCENADE SÃO PAULO

As reservas de Libra são estratégicas e o Estado deveria ter contratado a Petrobras (que as descobriu) para operá-las em 100%. A opinião é de Guilherme Estrella, 71, considerado o “pai do Pré-Sal” (ele não gosta dessa denominação, pois diz que o mérito é de uma equipe).

Ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras, o geólogo que mapeou a megarreserva faz críticas ao leilão realizado há uma semana e alerta para problemas no consórcio que vai extrair o petróleo (Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e duas estatais chinesas).

Para ele, as grandes empresas petrolíferas mundiais, inclusive a Petrobras, representam e defendem os interesses de seus países.

“Energia é fator crítico da soberania e do desenvolvimento de qualquer país. Há, portanto, um potencial conflito de interesses geopolíticos absolutamente inerente à presença de estrangeiros numa gigantesca reserva petrolífera como é Libra. Se vai eclodir, não sei. Mas que está lá, está.”, afirma.

Folha – Por que o sr. foi contrário ao leilão de Libra?

Guilherme Estrella – As minhas críticas concentraram-se no aspecto estratégico para o Brasil. Trata-se de gigantesco volume de petróleo, agora compartilhado com sócios que representam interesses estrangeiros -de potências estrangeiras-, sobre cujo alinhamento com o posicionamento geopolítico de um país emergente da importância do Brasil não temos a menor garantia.

A Petrobras, que mapeou a estrutura de Libra e perfurou o poço descobridor, como empresa controlada pelo Estado, deveria ter sido contratada diretamente, como permite o marco do Pré-Sal.

A inclusão dessa alternativa teve como causa a eventualidade de se tratar com reservas cujas dimensões tivessem valor estratégico para o Brasil. Esse é o caso de Libra, que deveria ter sido discutido com a sociedade e também com a base de apoio do governo no Congresso Nacional.

A Petrobras poderia operar sozinha?

A própria presidente da companhia afirmou que a Petrobras tinha o maior interesse em operar Libra sozinha, mas que só poderia iniciar os trabalhos em 2015. 2015 é amanhã. Não subsiste, portanto, o argumento de que leiloar Libra agora seria para antecipar a produção. Continuar lendo

Requião, Carlos Lessa e Carlos Marés entram com Ação Popular contra a privatização do pré-sal

MERCOSUL - Representação Brasileira no Parlamento do MERCOSUL

O ex-governador do Paraná e atual senador da República, Roberto Requião (PMDB), entrou com Ação Popular contra a privatização do pré-sal, junto com o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa, o diretor-executivo da CUT Roni Barbosa, o jurista paranaense Carlos Frederico Marés de Souza Filho, os deputados estaduais Gilberto Martin e Antonio Anibelli Neto, entre outros. Também fui convidado pelo senador e por seu advogado, Samuel Gomes, para entrar com a ação como polo ativo, aceitei, mas infelizmente não deu tempo para que meu nome constasse na ação.

Veja a petição inicial abaixo ou em PDF aqui:

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Sessenta anos depois – Mino Carta

“O petróleo é nosso”. Esta batalha os vetustos donos do poder perderam. Foto: José Vieira Trovão / Ag. Petrobras

Da Carta Capital

Há 60 anos, estudante de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, cheguei a me sentir pessoalmente atingido pelos editoriais dos jornalões. Mania de grandeza, a minha. A velha e sempre nova academia tornara-se um centro importante das manifestações que agitavam o País consciente à sombra do lema “O Petróleo É Nosso”. Bandeira altiva e justa, desfraldada na perspectiva de um futuro que imaginávamos muito próximo. A mídia reagia enfurecida, clamava contra tamanho atrevimento, forma tola de nacionalismo a ignorar a nossa incompetência e nossos compromissos internacionais.

Os jornalões mastigavam fel diante de um duplo desafio: contra as irmãs do petróleo e, pior ainda, contra o império americano em plena Guerra Fria, contra aquele Tio Sam chamado pelo Altíssimo a nos defender da ameaça marxista-leninista. Era a irredutível vocação de súdito-capacho pronunciada com a pompa do estilo cartorial, próprio dos editoriais daquele tempo, e deste até.

Nos jornais de hoje leio que a direção da Petrobras foi trocada pela presidenta Dilma, insatisfeita com a gestão e determinada a controlar mais de perto o desempenho da estatal. Onde será que os perdigueiros das redações colhem informações? Antes de incomodar meus pacientes botões, anoto a observação de um amigo: “Na própria reunião de pauta”. Ou seja, antes de sair a campo, o perdigueiro sabe, pela ordem da chefia, o que haverá de contar aos amáveis leitores.

Da boca de Lula já ouvi a seguinte consideração: “Se o presidente da República conta no máximo com oito anos de mandato, por que o diretor de uma estatal deveria ter mais?” A troca da guarda na Petrobras estava decidida há tempo, mas a presidenta Dilma não tem motivo algum de insatisfação a respeito da gestão de José Sergio Gabrielli. É do conhecimento até do mundo mineral que, sob o comando de Gabrielli, o valor de mercado da Petrobras fermentou de 14 bilhões de dólares para 160, o pré-sal foi descoberto e o Brasil tornou-se o 11º produtor de petróleo do mundo. Segundo The Economist, por essa trilha chega a quinto até 2020.

As pedras sabem também que Dilma Rousseff, depois de ocupar a pasta de Minas e Energias no primeiro mandato de Lula, ao assumir a Casa Civil passou a acumular a presidência do Conselho de Administração da Petrobras e manteve estreita ligação com Gabrielli. Talvez a mídia nativa continue aquém do mundo mineral. Reconheça-se, contudo, a sua coerência. Ao longo dos últimos 60 anos, o petróleo ficou claramente nosso e a Petrobras tornou-se uma realidade empolgante, mas a mídia não mudou. Em relação a estas questões, a sua contrariedade se mantém, além de transparente, patética.

Por 60 anos a fio, os barões do jornalismo não perderam a oportunidade de tomar o partido do Tio Sam e das irmãs do petróleo até ensaiar a revanche ao propor a privatização da nossa estatal. Devemos atribuir a um milagre o fato de que Fernando Henrique não tenha atendido aos insistentes, poderosos pedidos. Certo é que a tentação o roçou perigosamente. Quem sabe caiba um agradecimento especial a Nossa Senhora Aparecida se os editorialões acabaram por cair no vazio.

Agrada-me recordar 1952 e aquele fervor juvenil. Ali nasceu a Petrobras com a chancela de Getúlio Vargas, figura contraditória de estadista manchada pelo período ditatorial e valorizada pela visão do futuro, partilhada, por exemplo, pela juventude do Largo de São Francisco. Getúlio era então o presidente eleito, empenhado em firmar os caminhos da industrialização inaugurados por obras como Volta Redonda, as Leis do Trabalho, a criação do salário mínimo. A imprensa só enxergava então os riscos da mudança, ameaça para tudo aquilo que representava. A Petrobras seria mais um pecado getulista, a ser pago, juntamente com os demais, pelo tiro que ecoou no Catete na manhã de um dia de agosto de 1954. Ocorre-me que o desespero do suicida tenha aflorado com prepotência ao perceber a resistência insana dos vetustos donos do poder e ao imaginar por isso um futuro bem mais distante do que esperavam os moços do Largo.