Licitação do transporte coletivo de Curitiba: anulação ou pizza?

 

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Os quatro relatórios (Comissão da URBS, TCE, Sindicatos e CPI do Transporte) apontaram para a mesma direção: anulação da licitação de 2010. Na história da nossa cidade, é a primeira vez que a política pública do transporte coletivo teve uma analise tão aprofundada. Todos os aspectos foram abordados: parâmetros tarifários, montados com índices da década de 80, superfaturados elevando a tarifa a um preço exorbitante de R$2.99,94 ( valor que entra no bolso dos empresários), reduzida para o usuário a R$2,70( pago pelo usuário), graças aos subsídios, que saem do bolso dos contribuintes diretamente para as empresas de ônibus. Hoje, é a segunda maior tarifa do pais ( já foi a 15ª), perdendo por centavos para São Paulo, que é de R$3,00. E não cabe aqui a desculpa da integração, pois quando foi a 15ª, já tinha uma tarifa integrada. Atualmente, a integração passa a ser uma realidade em todo o pais.

Os relatórios são fartos em apontarem as gorduras da tarifa, nos itens: combustíveis (compram no preço mínimo e lançam o preço médio) , taxas duplicadas lançadas na tarifa (taxa de administração da URBS e contrato oneroso de manutenção dos terminais e limpeza das estações tubos), lançamento na tarifa do imposto de renda dos empresários. Essas gorduras, segundo o TCE, chegam a 20%, somando-se a isto os 12% da taxa de lucro, os empresários embolsam 32% de lucro líquido. Cortando essas gorduras, os relatórios chegaram por unanimidade, a uma tarifa de R$2,25, mantendo-se os subsídios dos governos federal, estadual e municipal.

Os relatórios também apontaram para os fortes indícios de fraude na licitação, quando todos apresentam documentos (editais adulterados, cartas de fiança idênticas , formulários idênticos, inclusive nos erros de português) diferença ínfima em centavos do valor da tarifa entre os 3 lotes, participação de empresários da mesma família em todos os lotes, impedimento de concorrência pela cláusula de barreira, que exigia 25 anos na experiência do modal tecnológico de Curitiba para participar da licitação, atas do Conselho de Transporte com a participação de um empresário do transporte coletivo quando se discutia o edital, logo com acesso a informação privilegiada e o mais grave participando da licitação.

A CPI do Transporte Coletivo de Curitiba, dentro do seu papel constitucional, foi além da análise e proposições, apontou para o indiciamento de 70 pessoas envolvidas com a licitação do transporte coletivo, em 2010. Estão entre os que devem ser indiciados, ex e atuais gestores da URBS, ex-prefeitos desde 2009 e 2010, quando se desenvolveu o processo de licitação.

A partir dessas grandes contribuições dos relatórios, devem os que estão à frente do poder público, assumir suas responsabilidades e entrar, imediatamente, com ação civil pública para a anulação da licitação do transporte de Curitiba. Tanto o Prefeito Gustavo Fruet, quanto o Ministério Público Estadual, o CADE, estão hoje fartamente documentados para tomarem as providências jurídicas cabíveis e imediatas. Se nada fizerem é porque estão comprometidos e pela inércia contribuindo para tudo terminar em PIZZA. O prefeito, em várias manifestações, afirmou temer denunciar o contrato e perder, sofrendo assim o município um grande prejuízo financeiro. Esse seu temor pode ser dissipado se ele fizer um plebiscito para que os cidadãos curitibanos se manifestem. Creio que ele terá o respaldo da população e uma forte manifestação política para impedir qualquer manobra jurídica para obstruir a anulação dos atuais contratos lesivos ao município e aos usuários.

O Ministério Público Estadual ,depois de ter o apoio massivo da sociedade nas jornadas de junho, que derrotou a PEC 37, não tem qualquer explicação para ainda não ter entrado com a ação civil pública para anular os atuais contratos, já que está de posse de todos os relatórios entregues pelas entidades autoras.

E se as autoridades competentes nada fizerem, resta aos cidadãos de posse desses relatórios entrarem com AÇÃO POPULAR. Oito cidadãos, em uma outra conjuntura, em 2010, entraram com uma ação popular. Foram condenados por Litigância de Má Fé, foram multados, sem o juiz entrar no mérito, porque a licitação já tinha ocorrido. Esses cidadãos continuam na luta jurídica, com os recursos a que tem direito e com os fatos novos, tem esperanças de que os novos ares, que sopram no Judiciário Paranaense, restabeleça a Justiça julgando do mérito da Ação da Popular.

Lafaiete Neves – doutor em Desenvolvimento Econômico, professor do pós-graduação em Gestão de Políticas, Projetos e Programas Sociais da PUCPR, professor aposentado da UFPR, Coordenador do Grupo de Estudos GERMMARINI/CNPQ/UTFPR

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“Quem anda de ônibus são estudantes, donas de casa, trabalhadores e desempregados!” (Beto Richa)

Beto Richa e sua Harley-Davidson. Foto de Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Beto Richa e sua Harley-Davidson. Foto de Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Ouça a entrevista de Beto Richa na CBN Curitiba (2ª parte, 2min30seg), clique aqui.

Essa posição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), faz com que cada vez mais pessoas andem de automóveis e andem menos de ônibus. Como dizem os especialistas em transporte coletivo, uma cidade desenvolvida não é a que os pobres andam de automóveis, mas sim a que alguns ricos andam de ônibus. Mas como colocar isso na cabeça de quem sempre andou apenas de kart, Ferrari, helicóptero e Harley Davidson?

Obrigado ao grande advogado e professor universitário, Maicon Guedes, que “dedou” mais esse deslize do governador.

Por favor 2014, chega logo!

Beto Richa quer que o curitibano pague R$ 3,10 na tarifa de ônibus. Campanha #SubsidiaBeto

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Em 2012 o prefeito Luciano Ducci (PSB), querendo vencer sua tentativa de reeleição, aumentou o valor da tarifa de R$ 2,50 para apenas R$ 2,60. O problema é que a tarifa técnica (valor real do custo do sistema que seria cobrado sem subsídio) deveria ser entre R$ 2,80 e R$ 2,87. Como ele conseguiu isso?

Em maio de 2012, em pleno ano eleitoral, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), assinou (por meio da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba – Comec) um convênio com o Município de Curitiba que prevê um subsídio do estado à Urbs no valor de mais de R$ 26,3 milhões até abril de 2013. Beto tinha o objetivo de reeleger Luciano Ducci (PSB) e diminuir o impacto financeiro da integração do transporte com as cidades vizinhas.

Tudo deu errado para Beto. Seu candidato perdeu ainda no primeiro turno, o que nunca tinha ocorrido com um prefeito de Curitiba depois da existência da reeleição.

Agora Curitiba precisa de R$ 80 a R$ 100 milhões do Estado do Paraná para evitar um reajuste drástico no valor da tarifa de ônibus em Curitiba e região metropolitana. O déficit se deve a operação das linhas na região metropolitana de Curitiba. O sistema se paga na capital. Por isso se justifica a manutenção do subsídio. O problema não é apenas de Curitiba e dos curitibanos, mas de toda a região metropolitana.

Mas por incrível que pareça, agora que seu candidato perdeu, Beto Richa não quer mais renovar o subsídio à Curitiba.

Beto Richa não quer renovar o subsídio para que Fruet seja obrigado a aumentar a tarifa em Curitiba para R$ 3,10.

Fruet não descarta a realização de auditoria na planilha do transporte coletivo.

Outro problema é que em fevereiro é a data-base dos motoristas e cobradores de ônibus.

Em sua posse nesta terça-feira (1º), Gustavo disse que a prioridade dos primeiros dias de mandato será desarmar a “bomba-relógio do transporte coletivo”:

Neste sentido, nos próximos dias, dedicaremos especial atenção à análise de algumas heranças que estão sendo deixadas. Devem ser inclusive maiores do que imaginamos. Mas, neste momento, posso citar o rombo no transporte coletivo, que se agrava com passivos, déficits, distância entre custo e tarifa e com a possibilidade de suspensão do subsídio, que foi criado em ano eleitoral. Tudo isso após recente licitação, que deveria garantir o equilíbrio do sistema por muitos anos.

Beto Richa quer que o curitibano pague R$ 3,10 na tarifa de ônibus? Então vamos começar a campanha #SubsidiaBeto!

Por favor 2014, chega logo!