Beto Batata, Beto Banana e o novo picolé de chuchu

Manifestantes fizeram protesto, no último domingo à noite, contra o fechamento do Beto Batata

A Prefeitura de Curitiba detesta cultura

Abaixo a buRRocracia de Curitiba!. Viva a Cultura de Curitiba!

Publicado hoje na Gazeta do Povo

Por LUIZ CLAUDIO OLIVEIRA – LUIZS@GAZETADOPOVO.COM.BR

Há 12 anos, o proprietário do Beto Batata, Robert Amorim, presta serviços gastronômicos e culturais a Curitiba. Ele ganha dinheiro vendendo batatas fatiadas e recheadas, que ele mesmo desenvolveu. Ele gasta dinheiro promovendo a cultura. Sim, Amorim poderia ser um homem mais rico e menos feliz se não se interessasse por cultura e por Curitiba.

Ele já patrocinou, promoveu, colaborou, apoiou, produziu, dirigiu, criou, montou e se envolveu com centenas – talvez mais de mil – projetos culturais em Curitiba. Dentro e fora de seu estabelecimento comercial. Na maioria das vezes, perdendo dinheiro. Ele trata a cultura como um presente que pode dar a Curitiba por tê-lo recebido e sustentado nesses anos todos. E tem bom gosto.

Artes plásticas, artes gráficas, fotografia, livros, teatro e música, muita música sempre estiveram presentes no Beto Batata. O local também já participou de promoções da Prefeitura de Curitiba. Integrou-se, de forma oficial ou extra-oficial, das programações de várias edições da Oficina de Música, da primeira Virada Cultural e do Festival de Curitiba (teatro), entre outros.

É um espaço de referência cultural na cidade. Artistas vindos de fora quase sempre dão uma passada por lá. Principalmente os ligados à música instrumental, ao jazz ou ao choro. É também um local de iniciação. Mantém projetos que propiciam a formação cultural de crianças e adultos.

Um espaço desses deveria ser bem tratado pelo poder público que dá valor à Cultura. Não é o que acontece. As pessoas que gostam de participar da vida cultural de Curitiba deveriam ser gratas a um espaço como o Beto Batata. Tomara que isso continue acontecendo.

Interdição

No sábado, às 20h30, o Beto Batata foi fechado. Cerca de 150 pessoas e três músicos foram retirados do bar à força pela polícia, numa ação da prefeitura de Curitiba, em conjunto com o governo do estado, chamada de Ações Integradas de Fiscalização Urbana (Aifus). A alegação para a truculência é de que o restaurante não tem permissão para tocar música ao vivo e de que faz muito barulho. No momento da abordagem policialesca, tocava no local um trio formado por um piano (Davi Sartori), um contrabaixo (Cris, contrabaixo acústico) e um oboé (Mazzarotto).

Será que alguém na prefeitura de Curitiba não gosta de oboé? Desculpem a pergunta surreal, mas é que é muito difícil encontrar respostas racionais para o que estão fazendo com Curitiba.

Um trio de piano, contrabaixo e oboé às 20h30min, de um sábado, dentro de um restaurante, estaria pondo em risco a segurança e tranquilidade das famílias curitibanas? Pois foi mais ou menos isso que a prefeitura comandada por Luciano Ducci argumentou e escreveu em um texto dentro do site oficial do município para justificar o fechamento do Beto Batata.

Seria cômico se não fosse trágico. Famílias inteiras, do vovô ao netinho, foram retiradas de suas mesas e postas para fora do restaurante por policiais armados, a mando do prefeito e do governador, para garantir a segurança dessas mesmas famílias. Talvez os expulsos não sejam eleitores, afinal.

É melhor com ou sem?

Prefeito Luciano Ducci, o senhor não acha que a prefeitura deveria preservar, em vez de combater o Beto Batata, o Wonka, o Bar do Torto, o Era Só o que Faltava, o John Bull, o projeto cultural da Praça da Espanha – sem contar a Pedreira Paulo Leminski – e outros locais semelhantes que atuam de forma intensa para o fortalecimento da Cultura de Curitiba? Será que a tal da Aifus está sendo a maneira correta de fiscalizar estas casas e de lidar com esse tema?

Reflita, senhor prefeito. A nossa Curitiba será melhor ou pior sem locais como esses?

Preserve-os, ajude-os e ajude a cidade. Afinal, o senhor foi eleito para isso.

Privilégio? Privilégio é os curitibanos poderem frequentar uma casa como o Beto Batata.

Abaixo a buRRocracia de Curitiba! Viva a cultura de Curitiba!

4 comentários sobre “Beto Batata, Beto Banana e o novo picolé de chuchu

  1. Aplaudi com muito gosto o fechamento do local naquela noite. Finalmente sossego. Nao sou obrigado a escutar musica e outros ruidos indesejaveis quando nao quero. Parabenizo a PMC de Curitiba a PM pela Acao, continuem assim !!!! Licao de cidadania. Que o Sr. Robert providencie isolamento acustico e demais documentos necessarios junto a prefeitura….
    E agradeco ao arquiteto do universo por nem todas as pessoas serem como BURRO que escreveu o texto acima.

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  2. Cidadãos mal humorados defendem a cidadania como se ela fosse apenas o exercício do SEU direito. Covardes do cinco contra um, que não suportam a alegria alheia, espiando atrás da cortina. Vá se divertir um pouco, sr. cidadão, e verá que a juventude, a arte e a música vão te preencher. Talvez depois disso, você nem queira mais dormir!!!

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    • …pequena flor…todos temos direito ao lazer, desde que com respeito ao horario de descanso alheio…trabalho duro 6 dias por semana, 14 horas por dia…..Por favor..

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  3. Eu trabalho bem mais que isso e não reclamo de casa de show. Aliás, trabalho 7 dias por semana, às vezes nem durmo, mas nem por isso vou me achar o máximo e tolher a alegria alheia, desde claro, que não seja um pancadão, porque aí já é apologia ao crime por causa das letras.
    Já vi muita gente reclamar de bar com som e ser cínico e hipócrita o suficiente para obrigar os vizinhos a ouvirem a sua música no som bate-estaca do seu carrão, e o que é pior, músicas com letras de gosto bem duvidoso.
    Tenho um vizinho assim, aplaudiu o fechamento do bar, sendo que nem mora perto, mas durante a semana, de madrugada, nos obriga a ouvir funk criminoso e sertanojo.
    Aí vem gente que se acha o máximo reclamar de piano e oboé às 8 da noite. Francamente viu, povo anda muito egocentrico e mal humorado.

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