Gerdau representa no governo da Presidenta Dilma Rousseff a ideologia neoliberal-gerencial derrotada nas urnas

A ideologia neoliberal-gerencial do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), idealizada pelo então Ministro da Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser-Pereira (veja o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado), tem pelo menos um representante no governo da Presidenta Dilma Rousseff (PT): é o empresário milionário Jorge Gerdau Johannpetter, presidente do conselho de administração da Gerdau, presidente-fundador da entidade privada Movimento Brasil Competitivo – MBC e presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade – CGDC do governo Dilma (criado pelo Decreto 7.478/2011).

O MBC já celebrou protocolo de intenções com o Estado do Paraná (programa Modernizando a Gestão Pública), por meio do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), para arrecadar dinheiro de empresários e contratar três empresas de consultoria privada (INDG – Instituto de Desenvolvimento Gerencial, PWC e KPMG), que fariam um diagnóstico sobre a Administração Pública estadual e proporiam medidas neoliberais-gerenciais, como privatizações, PPPs, contratos de gestão, revisão (para baixo) dos vencimentos dos servidores e demais providências cujo o foco é a fuga do regime jurídico-administrativo. O MBC cobrará uma taxa de administração por esse serviço e poderá lucrar até 1,67 milhão nesse negócio. A Constituição da República e a Lei 8.666/93 (Lei Nacional de Licitações e Contratos), exigem que qualquer acordo de vontade assinado entre o Poder Público e uma entidade privada que obtenha vantagens financeiras desse acordo seja realizada licitação prévia. Mesmo se esse acordo fosse um convênio, a Lei Estadual 15.608/2007 (Lei de Licitações do Paraná), exige que na realização de convênios o Estado deve respeitar os princípios inerentes às licitações.

O MBC já recomendou o modelo neoliberal-gerencial nos governos estaduais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Sergipe e Rio de Janeiro e na Prefeitura de Curitiba, além de diversos outros municípios brasileiros.

Um dos membros da CGDC, escolhido por Gerdau, é o ex-presidente da Petrobrás, Henri Reichstul, que sucateou e quase privatizou a empresa.

Basicamente Gerdau e seus seguidores pretendem implementar ideais neoliberais-gerenciais na Administração Pública federal, com privatizações, terceirizações, cópias de modelos de empresas privadas que não se coadunam com o Poder Público, fim do controle de meio e apenas controle de resultados, o que é totalmente contrário ao regime jurídico-administrativo.

Se Gerdau for uma espécie de “Rainha da Inglaterra”, apenas um símbolo da união entre capital-trabalho no governo, mas sem que suas ideias sejam implementadas pelo governo Dilma, tudo bem. Mas se Dilma e seus ministros aplicarem os ideais neoliberais-gerenciais de Gerdau e sua turma, problemas sérios terá Dilma nas eleições de 2014, pois o neoliberal-gerencialismo representa a ideologia derrotada nas eleições de 2002, 2006 e 2010, quanto o Partido dos Trabalhadores derrotou o PSDB nas eleições presidenciais.

E será que alguém vai questionar essa relação provavelmente promíscua entre os governos federal, estaduais e municipais e a entidade privada Movimento Brasil Competitivo – MBC?

Veja o que o Blog do Tarso já publicou sobre o tema:

Jorge Gerdau chefiará os trabalhos da Câmara de Gestão e Planejamento do Governo Dilma

Ex-Presidente da Petrobrás durante a Gestão FHC faz parte da Câmara de Gestão do Governo Dilma

Beto Richa lança hoje o Programa “Privatizando” a Gestão Pública

Beto Richa celebra acordo sem licitação que pode gerar lucro para entidade privada de mais de R$ 1 milhão

4 comentários sobre “Gerdau representa no governo da Presidenta Dilma Rousseff a ideologia neoliberal-gerencial derrotada nas urnas

  1. Gerdau teve sua chance e fracassou.

    Em 2008 , quando suas empresas lucraram R$ 5 bilhões , ele teve a chance de abrir capital da Açominas em proposta encaminhada pelas corretoras , ainda aliadas do PSDB , estas mesmas corretoras que à pedido do PSDB-MG haviam levado as ações dos ex-acionistas do CEA para São Paulo (são as mesmas ações que estavam alienadas junto ao BNDES e que foram reclamadas sem razão ,pela ACAA de MG) .

    Se tivesse feito a roda girar , como dele se esperava , suas empresas teriam em caixa , já naquela época , R$ 20 bilhões e ele poderia expandir sem percalços o seu negócio de mineração.

    Como Gerdau falhou gravemente , os acionistas remanescentes da Açominas ficaram na mão , e o STJ teve que declarar a ilegalidade das Incoporações Invertidas com Absorção de Crédito Tributário.

    Gerdau é uma tartaruga perto de Steinbruch.
    É conservador demais !

    Aproveito e pergunto : Quando é que haverá o IPO das ações da Açominas , que em 1997 , o depto de ações disse que estava preparando ?

    Já se passaram 15 anos.

    []´s
    César

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  4. Este senhor viveu a vida inteira às custas do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em termos de isenções fiscais (cujo eufemismo é incentivo fiscal), e do INSS, onde colocava seus empregados por acidentes do trabalho na Siderúrgica Gerdau.

    Mais recentemente, as empresas desse senhor estiveram envolvidas em denúncias de trabalho infantil em carvoarias: Pesquisa da Fundação Abrinq apontou que gigantes nacionais e multinacionais se beneficiavam do trabalho infantil. O carvão vegetal produzido ilegalmente … na região de Bocaiúva era comprado pelas siderúrgicas Lucape, Gerdau, Barra Mansa e Açominas, todas produtoras de matérias-primas para a White Martins, a Sisco e a Belgo-Mineira. … A Belgo-Mineira vendia chapas para a fabricação de automóveis à Volkswagen do Brasil e à Mercedez-Benz, além de fornecer a base dos produtos da Bombril. O carvão da fazenda Italmagnésio, também produzido com a utilização do trabalho infantil mineiro, era adquirido pela siderúrgica do mesmo nome, que vendia ferro-gusa à Cosipa, à Acesita e à Belgo-Mineira, uma fornecedora da General Motors e da Fiat, entre outras megaindústrias. (Cipola, 2001, p. 36).

    As empresas Gerdau também estão envolvidas em crimes ambientais: “Empresas de capital nacional e estatais também cometem faltas graves de conduta. No Brasil, o caso da Siderúrgica Gerdau, grupo multinacional de origem gaúcha, ilustra o desrespeito e o
    duplo padrão adotado pela companhia em seu próprio país. Depois de ser denunciada pelo Greenpeace em janeiro de 2001, a Gerdau desqualificou o relatório técnico da organização e durante mais de 5 meses negou ser fonte da contaminação por PCBs. Somente quando o Greenpeace apresentou documentos oficiais do Canadá, onde a Gerdau monitorava voluntariamente as emissões de dioxinas e furanos em sua unidade, a empresa iniciou um processo de negociação mais digno.”
    “Em janeiro de 2001, o Greenpeace acusou a Gerdau Riograndense de
    contaminar a Grande Porto Alegre com metais pesados e PCBs (bifenilas policloradas),
    comercialmente conhecidos como ascarel, um poluente orgânico persistente
    altamente tóxico. Nas amostras de poeira coletadas pela entidade na empresa foram
    identificados 162 poluentes, entre eles o ascarel do tipo Arocloro 1254, que está
    proibido no Brasil desde 1981. Foram detectadas também altas concentrações de
    metais pesados como cádmio, mercúrio, zinco e chumbo86. Cerca de 1.200 famílias
    vivem no entorno da fábrica”
    “O presidente da empresa, Jorge Gerdau Johannpeter, argumentou, na época,
    que o processo de eletrosiderurgia, como o adotado pela empresa, não produz ascarel
    e que as acusações do Greenpeace eram levianas.
    No dia 11 de janeiro, em reunião da Gerdau com o órgão ambiental gaúcho, a
    Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam), as partes
    chegaram a um acordo pelo qual a empresa deveria apresentar um plano de trabalho
    para fazer um estudo mais detalhado do problema, o que incluiria a realização de
    análises na indústria e nas suas proximidades para compostos organoclorados.”

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