Veja a lista dos 34 deputados que não querem investigar suspeita de propina para irmão de Beto Richa

Depois de legislar, a principal função do Poder Legislativo é de fiscalizar o Poder Executivo.

Veja a lista dos 34 deputados estaduais do Paraná que não querem investigar a suspeita de propina para irmão do governador Beto Richa (PSDB, Pepe Richa:

ADELINO RIBEIRO PSL

ADEMAR TRAIANO PSDB

ADEMIR BIER PMDB

ALCEU MARON FILHO PSDB

ANDRÉ BUENO PDT

ANIBELLI NETO PMDB

ARTAGÃO JUNIOR PMDB

BERNARDO RIBAS CARLI PSDB

CAÍTO QUINTANA PMDB

CANTORA MARA LIMA PSDB

DOUGLAS FABRÍCIO PPS

DR. BATISTA PMN

DUÍLIO GENARI PP

ELIO RUSCH DEM

EVANDRO JUNIOR PSDB

FERNANDO SCANAVACA PDT

FRANCISCO BÜHRER PSDB

GILBERTO RIBEIRO PSB

GILSON DE SOUZA PSC

JONAS GUIMARÃES PMDB

LUIZ ACCORSI PSDB

MARLA TURECK PSD

MAURO MORAES PSDB

NELSON GARCIA PSDB

NELSON JUSTUS DEM

NEREU MOURA PMDB

PASTOR EDSON PRACZYK PRB

PEDRO LUPION DEM

PLAUTO MIRÓ DEM

RASCA RODRIGUES PV

ROSE LITRO PSDB

TERCILIO TURINI PPS

WALDYR PUGLIESI PMDB

WILSON QUINTEIRO PSB

Votaram pelo comparecimento de Pepe Richa para dar explicações aos deputados:

CLEITON KIELSE PMDB

ELTON WELTER PT

ENIO VERRI PT

LUCIANA RAFAGNIN PT

NELSON LUERSEN PDT

PÉRICLES DE MELLO PT

PROFESSOR LEMOS PT

TADEU VENERI PT

TONINHO WANDSCHEER PT

Alguns deputados estavam presentes mas não votaram. Por que será? Veja a lista:

ALEXANDRE CURI PMDB

GILBERTO MARTIN PMDB

HERMAS BRANDÃO JR PSB

LUIZ CARLOS MARTINS PSD

NEY LEPREVOST PSD (mas apoiou o não comparecimento de Pepe Richa)

OSMAR BERTOLDI DEM

PARANHOS PSC

ROBERTO ACIOLLI PV

STEPHANES JUNIOR PMDB

TERUO KATO PMDB

VALDIR ROSSONI PSDB (por ser presidente, mas votaria pelo não comparecimento)

Vergonha na Assembleia

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Editorial de hoje da Gazeta do Povo

O candidato mais despreparado acabou eleito para o Tribunal de Contas. Mas a eleição para o TC atraiu um nível inédito de interesse popular; esperamos que esse nível de mobilização possa perdurar

Não causou surpresa a proclamação do deputado Fabio Camargo como novo conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná, anteontem, pela Assembleia Legislativa. Era a notícia aguardada havia meses, desde o dia em que se revelou a intenção do parlamentar – filho do presidente do Tribunal de Justiça – de disputar a vaga com o colega Plauto Miró, tido até então como o candidato in pectore dos poderosos que mantêm sob controle os cordéis do teatro encenado no plenário.

Protegido sob o manto das disposições constitucionais, o processo eleitoral guardou quase toda a aparência de legalidade. Candidataram-se todos os que se dispuseram a tanto e puderam comprovar, documentalmente, o cumprimento das regras regimentais. Foram todos sabatinados, todos puderam discorrer livremente sobre suas qualidades para que, em seguida, secretamente, 52 dos 54 deputados (Camargo e Miró não votaram, embora pudessem fazê-lo) votassem naqueles que suas consciências indicassem como os melhores para ocupar o cargo.

Ledo engano. Ainda que na aparência não se tenha agredido a processualística legal e regimental, as cartas estavam previamente marcadas para que, vergonhosamente, fosse eleito exatamente o candidato mais despreparado para integrar o conselho do Tribunal de Contas – tanto por seu pífio histórico profissional e parlamentar quanto pelas pobres manifestações que fez em defesa da própria candidatura na tribuna da Casa ou em declarações públicas ao longo de sua campanha.

Persistem, porém, algumas dúvidas sobre a decisão do presidente da Assembleia, deputado Valdir Rossoni, ao proclamar a vitória de Camargo por 27 votos – um a menos do que prevê o regimento interno, que leva em conta o número de eleitores presentes em plenário e se omite em relação às abstenções. Ora, presentes estavam os 54 deputados e, nesse caso, a maioria só estaria assegurada com 28 votos, ou seja, 50% mais um. Mas há controvérsias: o corpo jurídico da Assembleia entende que a composição da maioria se faz pelo número de votos encontrados na urna. Nesse caso, como os dois deputados candidatos não votaram, os 27 votos dados a Camargo lhe confeririam a maioria dos 52 que depositaram votos.

Independentemente desta controvérsia, que poderá ser levada à Justiça e até mesmo provocar a anulação do pleito, o que de mais lastimável resulta desse episódio é o fato de a Assembleia Legislativa ter perdido a chance de melhorar sua imagem perante os eleitores – tarefa de que não deram totalmente conta muitas das providências elogiáveis tomadas pela atual direção. Se a revelação dos descalabros administrativos e morais que se perpetravam nos porões da Casa, denunciados na série Diários Secretos, fez com que o Legislativo paranaense procurasse elevar seu conceito sob aqueles aspectos, a eleição para o Tribunal de Contas o fez cair de patamar.

A Assembleia e seus deputados mostraram-se evidentemente surdos aos protestos nascidos nas ruas. Preferiram, em sentido diametralmente contrário à indisfarçável ojeriza popular aos vícios da política que se pratica no país, manter o velho corporativismo e dar as costas para o anseio da sociedade que clama por mais qualidade, honestidade e seriedade das instituições republicanas e de seus gestores.

Nem tudo, entretanto, é motivo de decepção e entristecimento. Esta eleição para conselheiro do Tribunal de Contas provocou um debate sem precedentes na história desse tipo de escolha. A população despertou e se conscientizou sobre a importância de escolhas técnicas e politicamente isentas para melhor fiscalizar as contas públicas. O que pode significar que, da batalha agora perdida, se tire lição positiva para as próximas eleições.