Charge: liberdade no capitalismo

Bons e maus darwinistas – Luis Fernando Verissimo

Darwin ou Doutor Rosinha?

Publicado hoje em vários jornais do país

Darwinistas bem pensantes se vêm frequentemente obrigados a explicar que aceitar tudo que Darwin disse a respeito de seleção natural, sobrevivência dos mais fortes etc. não significa acreditar que o que se aplica aos animais também se aplica aos homens. Ou seja, darwinismo social, não.

O próprio Richard Dawkins, o darwinista mais conhecido em atividade hoje, já disse em mais de um dos seus textos ser possível viver num universo amoral, o universo darwiniano em que a única regra é a vitória do que ele mesmo chama de “gene egoísta” na competição pela vida, e cobrar da sociedade humana um comportamento moral.

Darwinistas mal pensantes, claro, não precisam explicar nada. Para eles o darwinismo social justifica mercados desregulados, empreendedores aéticos e todas as manifestações do gene egoísta que tornam o capitalismo selvagem parecido com o mundo natural.

Darwin só não ganhou seu lugar na galeria dos heróis da livre empresa, ao lado do Adam Smith, porque são raros os poderosos e endinheirados que não atribuem sua boa fortuna a Deus, em vez da evolução.

Mesmo antes de Darwin nos dar a incômoda notícia de que todos descendíamos de macacos (menos os meus antepassados, que foram adotados) e que pertencíamos a uma espécie tão sem caráter quanto qualquer outra, essa divisão entre o que éramos e o que pretendíamos ser já existia.

O capitalismo moderno e a moral burguesa nasceram juntos e desde então vêm coexistindo nem sempre pacificamente. Há muito tempo vivemos em dois universos simultaneamente, um em que o poder do dinheiro tudo determina, da nossa vida política à nossa digestão — com picos de ganância sem controle do capital financeiro como o que originou a crise atual —, e outro em que ignoramos esta omnipotência e nos imaginamos seres racionais e até altruístas, ou em nada parecidos com um macaco egoísta.

Uma forma do bom darwinista conciliar sua crença na evolução amoral das espécies e sua crença de que o Homem é diferente é cultivar a ideia de que o desenvolvimento da consciência humana foi, mais do que uma evolução natural, uma mudança radical na história dos habitantes deste planeta.

Como nenhum outro bicho, somos conscientes de nós mesmos, do nosso passado e dos nossos possíveis futuros. Consciência não muda o poder do dinheiro nem assegura um comportamento moral da nossa espécie — ainda. Mas nos próximos milhões de anos, quem sabe?

A evolução ainda não terminou.

Charge: Capitalismo, sacou?

Do Sociedade sem Prisões , divulgado por Flavio Bortolozzi Junior

Charge: capitalismo

Divulgado por Andre Michelato Ghizelini

 

Charges: Occupy Wall Stret

Crianças são socialistas e os pais estragam

http://www.youtube.com/watch?v=zoREXT8qT7g

Contribuição do jurista e blogueiro Tulio Vianna

Charge: Ele avisou

Da Nelba Nicz

Marx consegue dar conta do século 21?

De volta para o futuro

Marx consegue dar conta do século 21?

RESUMO

As recentes crises financeiras mundiais e as transformações no comércio, na produção e no mercado de trabalho põem à prova o marxismo, teoria que vicejou nos séculos 19 e 20 para ter sua morte (ou crise) decretada na virada do século 21. Livros aproximam a economia atual da era vitoriana, que inspirou “O Capital”.

Folha de S. Paulo de domingo (Ilustríssima)

JOAQUIM TOLEDO JR.

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Carta às esquerdas – Boaventura de Sousa Santos

Publicado no Carta Maior (recomendação do blogueiro progressista Sérgio Bertoni)

Livre das esquerdas, o capitalismo voltou a mostrar a sua vocação anti-social. Voltou a ser urgente reconstruir as esquerdas para evitar a barbárie. Como recomeçar? Pela aceitação de algumas ideias. A defesa da democracia de alta intensidade é a grande bandeira das esquerdas.

O Estado é um animal estranho, meio anjo meio monstro, mas, sem ele, muitos outros monstros andariam à solta, insaciáveis à cata de anjos indefesos. Melhor Estado, sempre; menos Estado, nunca

Veja o texto completo:

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Charge: protestos atuais

Zygmunt Bauman fala sobre as manifestações populares em Londres

“Foi um motim de consumidores excluídos”, diz sociólogo Zygmunt Bauman (Publicado no O Globo)

Um dos mais influentes acadêmicos europeus, já descrito por alguns comentaristas mais entusiasmados como o mais importante sociólogo vivo da atualidade, o polonês Zygmunt Bauman viu nos distúrbios de Londres uma aplicação prática de suas teorias sobre o papel do consumismo na sociedade pós-moderna. Um assunto que o acadêmico, radicado em Londres desde 1968, quando deixou a Polônia após virar persona non grata para o regime comunista e por conta de uma onda de anti-semitismo no país, explorou bastante em conjunção com as discussões sobre desigualdade social e ansiedade de quem vive nas grandes cidades.

Aos 85 anos, autor de dezenas de livros, como “Amor líquido” e “O mal-estar da pós-modernidade”, Bauman não dá sinais de diminuir o ritmo. Há cinco anos, no lançamento de “Vida para Consumo”, uma de suas obras mais populares, fez uma turnê por vários países. Em entrevista aoGlobo, por e-mail, ele afirma que as imagens de caos na capital britânica nada mais representaram que uma revolta motivada pelo desejo de consumir, não por qualquer preocupação maior com mudanças na ordem social.

– Londres viu os distúrbios do consumidor excluído e insatisfeito.

O GLOBO: O quão irônico foi para o senhor ver os distúrbios se concentrando na pilhagem de roupas e artigos eletrônicos?

ZYGMUNT BAUMAN: Esses distúrbios eram uma explosão pronta para acontecer a qualquer momento. É como um campo minado: sabemos que alguns dos explosivos cumprirão sua natureza, só não se sabe como e quando. Num campo minado social, porém, a explosão se propaga, ainda mais com os avanços nas tecnologias de comunicação. Tais explosões são uma combinação de desigualdade social e consumismo. Não estamos falando de uma revolta de gente miserável ou faminta ou de minorias étnicas e religiosas reprimidas. Foi um motim de consumidores excluídos e frustrados.

O GLOBO:Mas qual a mensagem que poderia ser comunicada?

BAUMAN: Estamos falando de pessoas humilhadas por aquilo que, na opinião delas, é um desfile de riquezas às quais não têm acesso. Todos nós fomos coagidos e seduzidos para ver o consumo como uma receita para uma boa vida e a principal solução para os problemas. O problema é que a receita está além do alcance de boa parte da população.

O GLOBO:Trata-se de um desafio a mais para as autoridades na tarefa de acalmar os ânimos, não?

BAUMAN: O governo britânico está mais uma vez equivocado. Assim como foi errado injetar dinheiro nos bancos na época do abalo global para que tudo voltasse ao normal – isso é, as mesmas atividades financeiras que causaram a crise inicial – as autoridades agora querem conter o motim dos humilhados sem realmente atacar suas causas. A resposta robusta em termos de segurança vai controlar o incêndio agora, mas o campo minado persistirá, pronto para novos incêndios. Problemas sociais jamais serão controlados pelo toque de recolher. A única solução é uma mudança cultural e uma série de reformas sociais. Senão, a mistura fica volátil quando a polícia se desmobilizar do estado de emergência atual.

O GLOBO:Jovens de classe baixa reclamam demais da falta de oportunidades de trabalho e educação. O senhor estranhou não ter visto escolas pegando fogo, por exemplo?

BAUMAN: Qualquer que seja a explicação dada por esses meninos e meninas para a mídia, o fato é que queimar e saquear lojas não é uma tentativa de mudar a realidade social. Eles não se rebelaram contra o consumismo, e sim fizeram uma tentativa atabalhoada de se juntar ao processo. Esses distúrbios não foram planejados ou integrados, como se especulou no início. Tratou-se de uma explosão de frustração acumulada. Muito mais um porquê que um para quê.

O GLOBO:Mesmo o argumento de protesto contra os cortes de gastos do governo não deve ser levado em conta?

BAUMAN: Até agora, não percebi qualquer desejo mais forte. O que me parece é que as classes mais baixas querem é imitar a elite. Em vez de alterar seu modo de vida para algo com mais temperança e moderação, sonham com a pujança dos mais favorecidos.

O GLOBO:Mais problemas são inevitáveis, então?

BAUMAN: Enquanto não repensarmos a maneira como medimos o bem-estar, sim. A busca da felicidade não deve ser atrelada a indicadores de riqueza, pois isso apenas resulta numa erosão do espírito comunitário em prol de competição e egoísmo. A prosperidade hoje em dia está sendo medida em termos de produção material e isso só tende a criar mais problemas em sociedades em que a desigualdade está em crescimento, como no Reino Unido.

Estou de saco cheio do capitalismo

Por Gilberto Felisberto Vasconcellos

Na Revista Caros Amigos de julho/2011, p.35.

O que significa o fim da esperança de uma sociedade socialista?

O ex-chanceler Amorim privou com Glauber Rocha. Sorte a dele.

A política externa de um país é a continuação da política em casa.

Trotsky dizia: o Kremlin é uma burocracia rentista de um Estado degenerado pelo imperialismo.

Marx falou da ditadura do proletariado, mas não viu a degeneração burocrática dessa ditadura.

É genial a paráfrase feita por Trotsky: nada que é humano é estranho à política.

O marxismo não deve transformar seus heróis em santos.

Augusto Bebel foi torneiro mecânico, embora não tenha trabalhado no ABC automobilístico.

O conceito de revolucionário não é independente do conteúdo de classe.

Lênin falou sobre Stalin: ele é desleal e abusa do poder.

A “janela do tio Sam” (Trotsky) pela qual o PT vê o Brasil, é a mesma da UDN. Obrigado Leonel

Brizola.

O que significa Dilma aprofundar o que foi feito por Lula? O governo Lula não privatizou porque FHC não deixou quase mais nada para ser privatizado e, destarte, a privatização saiu da agenda do imperialismo.

Para o povo e o país, o governo Lula representou algum avanço ou progresso?

O destino da massa trabalhadora não está nas mãos de nenhum partido político.

Fala-se em “compromisso republicano” quase como uma “República da virtude” ou virtude da República. Frescura.

A história anda devagar.

Dona Dilma esta à direita de Lula ou dará o salto além do assistencialismo e da submissão ao imperialismo?

É um equívoco achar que partido político deixou de ser a expressão política das classes sociais.

A ideologia da igreja é a linguagem política: o rico egoísta não pode querer tudo para si, tem que pensar um pouco nos fodidos. Enfim, estabelece-se um abismo entre rico e pobre, sem o menor vínculo de exploração de classe.

O adeus ao socialismo (se é que alguma vez o PT foi marxista) significa que acabou o imperialismo. A supressão do antagonismo classista da “sociedade civil” leva à concepção da política como jogo de linguagem ou matéria de negociação, de diálogo, de conversa, de churrasco.

Negociar, negociar, negociar. A linguagem é política. A bandeira da linguagem. Quem não se recusa a conversar, pontificou o ex-presidente Lula, eis aí um autêntico político.

A FIESP ganhou o perdão por ter dado o golpe de 64, a memória da ditadura ficou nos capítulos da telenovela pornô Jabor I Love You.

O assunto democracia, o valor mais alto que se alevanta, deixou de ter qualquer relação com o imperialismo.

O Gramsci da “sociedade civil” ( o anti-Trotsky de A Revolução Permanente) trazido depois de 64 pelo partido stalinista teve efeitos deletérios na cultura brasileira de formação jesuítica. Isso resultou no excelente material armazenado pelos Bancos junto com a mais-valia psíquica do assistencialismo igrejeiro.

Glauber Rocha gostava menos de Gramsci do que de Visconti, ao contrário do que sucedeu com o PT Vaticano e antiluta de classes, e também com o CEBRAP rockfelleano do “autoritarismo versus democratização”.

O Banco Gramsci ( a moeda católica com esmola para os pobres) não é um oximoro escandaloso, é antes o condimento da salada cipaia da burguesia bandeirante.

Gilberto Felisberto Vasconcellos é sociólgo, jornalista e escritor.

Charge: capitalismo em crise

Hoje na Gazeta do Povo

Inconformismo e Criatividade

O capitalismo necessita de adversários que atuem como corretivos da sua tendência para a irracionalidade e para a auto-destruição, a qual lhe advém da pulsão para funcionalizar ou destruir tudo o que pode interpor-se no seu inexorável caminho para a acumulação infinita de riqueza, por mais anti-sociais e injustas que sejam as consequências.

Por Boaventura de Sousa Santos (Carta Maior)

É hoje consensual que o capitalismo necessita de adversários
credíveis que atuem como corretivos da sua tendência para a
irracionalidade e para a auto-destruição, a qual lhe advém da pulsão para
funcionalizar ou destruir tudo o que pode interpor-se no seu inexorável
caminho para a acumulação infinita de riqueza, por mais anti-sociais e
injustas que sejam as consequências. Durante o século XX esse corretivo
foi a ameaça do comunismo e foi a partir dela que, na Europa, se construiu
a social-democracia (o modelo social europeu e o direito laboral). Extinta
essa ameaça, não foi até hoje possível construir outro adversário credível a
nível global.

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Twitcam sobre Capitalismo com Emir Sader

Assista a Twitcam com o sociólogo Emir Sader sobre o capitalismo que ocorreu ontem. Clique aqui

Capitalismo: o que é isso?

Publicado hoje no Blog do Emir no www.cartamaior.com.br

As duas referências mais importantes para a compreensão do mundo são o capitalismo e o imperialismo.

A natureza das sociedades contemporâneas é capitalista. Estão assentadas na separação entre o capital e a força de trabalho, com aquela explorando a esta, para a acumulação de capital. Isto é, os trabalhadores dispõem apenas de sua capacidade de trabalho, produzir riqueza, sem os meios para poder materializa-la. Tem assim que se submeter a vender sua força de trabalho aos que possuem esses meios – os capitalistas -, que podem viver explorando o trabalho alheio e enriquecendo-se com essa exploração.

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