Cerveja, alcoolismo, Beto Richa e a “licitação ao contrário”

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Todo brasileiro, maior de idade, tem direito de beber sua cervejinha, desde que depois não dirija a 190 km/h ou exerça outra atividade que requeira habilidade e envolva a vida das pessoas. Longe de mim fazer um discurso careta e puritano.

O problema é o Poder Público fazer propaganda para uma marca de cerveja.

Familiares de alcoólatras ou de pessoas que morreram por causa de acidentes de automóveis decorrentes de bêbados ou por doenças causadas pelo álcool devem se indignar com cenas como a do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), servindo como garoto propaganda de um produto que é uma droga. Uma droga lícita, mas é uma droga.

Outro problema na foto.

Beto Richa deu vários incentivos à nova fábrica da Ambev que será construída em Ponta Grossa. O governador confessou que a Ambev estava sedenta por benefícios estatais ao extremo, e que alguns deles Richa concedeu.

Esse tipo de benefício eu chamo de “licitação ao contrário”.

Numa licitação, a Administração Pública escolhe a melhor proposta de uma empresa privada para posterior contratação. Ou seja, a melhor proposta privada vence. Nesse tipo de benefício concedido à Ambev, várias cidades e estados correm atrás de empresas privadas e concedem vários benefícios estatais à iniciativa privada. A empresa privada escolhe com quem quer fazer negócio. Isso atende o interesse público?

E o governo Beto Richa não divulgou quais foram os privilégios concedidos à empresa privada. Favor divulgar, em consonância ao princípio da publicidade e a Lei de Acesso à Informação.

Prêmio Congresso em Foco boicota Senador Roberto Requião do Paraná

Roberto Requião

Atualizado em 14.08.2013, 23h40

Tudo é muito estranho no Brasil e no Paraná.

O Congresso em Foco é um site que faz uma cobertura do Congresso Nacional e que desde 2010 mantém parceria com o portal Universo Online – UOL, do grupo da Folha de S. Paulo.

Esse site organiza um prêmio que é concedido aos melhores senadores e deputados federais do Brasil, e é patrocinado pela Ambev, fábrica de cerveja que congrega a Brahma, Skol, Antarctica, Bohemia, entre outras.

O Prêmio Congresso em Foco premia os parlamentares em várias categorias, como “Parlamentares de Futuro”, “Destaque na Defesa da Democracia”, “Destaque na Defesa dos Consumidores”, “Destaque na Defesa da Seguridade Social e dos Servidores Públicos”, “Destaque na Gestão Pública”, “Destaque no Combate ao Crime Organizado”, “Destaque na Defesa do Desenvolvimento Econômico” e “Destaque na Defesa da Educação”.

Neste ano votei em vários ótimos congressistas paranaenses e brasileiros, como por exemplo Eduardo Suplicy (PT-SP), Jean Wyllys (Psol-RJ), Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Alessandro Molon (PT-RJ), Luiza Erundina (PSB-SP), Paulo Teixeira (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS), Doutor Rosinha (PT-PR), Angelo Vanhoni (PT-PR), João Arruda (PMDB), entre outros.

Como entendo que Roberto Requião (PMDB) tem uma essencial atuação contra o neoliberalismo e o gerencialismo e em defesa do Estado Social, Republicano e Democrático de Direito, eu quis votar no senador paranaense nas categorias “Destaque na Defesa da Democracia”, “Destaque na Defesa da Seguridade Social e dos Servidores Públicos”, “Destaque na Gestão Pública”, “Destaque na Defesa do Desenvolvimento Econômico” e “Destaque na Defesa da Educação”.

Eis que procuro seu nome na lista e não o acho.

Envio um e-mail reclamando para o Congresso em Foco, que me responde que no regulamento do Prêmio Congresso em Foco 2013 não podem participar parlamentares “acusados de práticas criminosas em inquéritos ou ações penais em andamento no Supremo Tribunal Federal”, e que o senador “Roberto Requião responde a uma ação penal e três inquéritos no STF”.

É verdade. Requião responde a esses inquéritos e processo.

Mas algum por corrupção? Não!

Algum por improbidade administrativa? Não!

Todos por crimes de opinião, quando Requião critica de forma mais áspera seus opositores neoliberais-gerenciais.

O próprio site Congresso em Foco informa: “Conhecido pela língua ferina, o ex-governador do Paraná responde a quatro investigações no Supremo por calúnia, difamação e injúria: duas ações penais (607 e 584) e dois inquéritos (3094 e 3100). Também é investigado em inquéritos por desacato (3432), crimes de responsabilidade (3299) e questões eleitorais (3225). A ação 584 é movida pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que cobra responsabilização criminal do senador que o acusou, em 2010, de ter lhe proposto o superfaturamento de uma obra ferroviária”.

E nenhuma ação transitou em julgado. E o princípio constitucional da presunção de inocência?

Requião sempre diz que se verificar um ladrão batendo a carteira de um cidadão e gritar “pega ladrão!”, é mais fácil a Justiça condená-lo do que o próprio ladrão.

Esses tipo de processos de seus opositores são verdadeiros troféus para Requião, e não motivo para impedi-lo de participar de um prêmio como esse.

Notinha final: a Ambev, fábrica de cervejas, que patrocina o prêmio, vai abrir fábrica no Paraná e hoje o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), divulgou em seu Facebook com orgulho e como se fosse garoto propaganda, a instalação da fábrica no Paraná. Ao mesmo tempo que baixou o imposto das bebidas alcoólicas e aumentou as tarifas da água e luz no estado. E nada de instalar a Defensoria Pública do Paraná.

Há algo de podre no Reino da Dinamarca!

Por favor 2014, chega logo!

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