Paranaense pagará conta da má gestão na COPEL até 2017

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Salva de uma desastrada tentativa de privatização pela movimentação da sociedade paranaense no início dos anos 2000, a Companhia Paranaense de Eletricidade (COPEL), novamente vai chamar a atenção da população do Paraná neste final de gestão do governo do estado. E, de novo, a população paranaense está sendo convocada para salvar a empresa. Mas, desta vez, e de forma injusta, para pagar a conta pela má administração e erros de gestão que estão trazendo prejuízos imensos à companhia, considerada a joia da coroa entre as estatais do Estado e uma das maiores do país.

Trata-se de socorrer a Copel Distribuição, a principal empresa da holding, e por onde entra todo o faturamento pela cobrança da tarifa sobre o fornecimento de energia elétrica da população e das empresas. Esta empresa vem apresentando elevados prejuízos nos últimos anos: em 2012 foram R$ 50 milhões e em 2013, R$ 70 milhões. No primeiro trimestre de 2014, os prejuízos já alcançaram a R$ 14 milhões.

A estratégia foi definida pelo Governador Beto Richa: aplicar na população paranaense um “tarifaço” na conta de luz neste e nos próximos dois anos para que a empresa não quebre. A ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica, que cuida da regulamentação do setor no país, enviou, em 30/07/2013, um ofício a diretoria da Copel questionando o elevado endividamento de R$ 2 bilhões em 2013, pressionando por soluções e dando um prazo ao governo paranaense para que prove até 2017 que a Copel Distribuição é uma companhia viável. Caso contrário, o estado perderá para a União a concessão que vence em 2015.

Para este ano, o reajuste decidido é de 25% na conta de luz, dentro de um total necessário para resolver os problemas financeiros da empresa de 39,71%, o que significa que existe ainda um acumulado de quase 15% para reajuste em 2015. Na previsão de continuidade dos prejuízos, é de se prever que o reajuste necessário em 2015 poderá também se aproximar dos 30%.

O de 2014 é o maior reajuste promovido por uma companhia de distribuição de energia entre todas as que operam no Brasil. E este “tarifaço” promete ser contínuo na conta de luz do PSDB, atingindo diretamente o bolso do cidadão. E isso vai acontecer por dois caminhos inevitáveis, se nada for feito. O primeiro é o aumento puro e simples com as despesas mensais das famílias no pagamento da conta de luz. O segundo é o aumento de preços que virá decorrente do efeito do reajuste do insumo sobre a economia. Milhares de pequenas e médias empresas do Estado vão ter seu custo de produção elevado e irão repassá-los aos seus produtos para não quebrar. E aí, novamente, o consumidor paranaense vai tirar do seu próprio bolso, comprometendo ainda mais sua renda.

E como a Copel Distribuição chegou a esta situação?

Depois de sofrer um processo de saneamento durante o Governo Roberto Requião, a Copel foi entregue ao novo governo apresentando lucros anuais próximos a R$ 1 bilhão, com R$ 2 bilhões em caixa e endividamento de 17% sobre o Patrimônio Líquido, contra uma média de 40% do setor. A Copel Distribuição, por exemplo, apresentou lucratividade de R$ 500 milhões em 2010 e 2011. No entanto, bastaram três anos para que fosse levada ao prejuízo e transformada numa empresa estatal inviável sob o ponto de vista econômico e financeiro. Estão longe os bons tempos como os do Governo Roberto Requião quando a empresa se preocupou com investimentos sociais, com a criação do Programa Luz Fraterna, que beneficiou quase 1,2 milhão de paranaenses e onde o governo paga a conta de luz das famílias carentes

regularmente inscritas no Bolsa Família, ou no cadastro social da Copel. O dinheiro que elas deixam de gastar com a conta de luz pode ser utilizado em outras coisas essenciais, como alimentação, saúde ou educação. Atualmente, a Copel passou a se ocupar ostensivamente com a remuneração dos seus acionistas, aumentando de 25%, no Governo de Roberto Requião para 50% atuais, a destinação do lucro.

E também em aumentar suas despesas desnecessárias, elevando de oito para 17 o números de diretorias com altos salários. Antes capitalizada e com um dos melhores desempenhos do país, o Governo Roberto Requião pode adotar medidas na Copel como a de não repassar vários aumentos de tarifa de energia aprovados pela ANEEL, o que resultou em mais de R$ 3 bilhões mantidos no bolso da população paranaense.

Agora a situação é muito diferente. O que mais contribuiu para a Copel Distribuição chegar a quase insolvência foram às operações de compra de energia no mercado livre, altamente especulativo e onde o consumidor pode negociar preços, prazos e quantidades com a empresa que preferir. No Brasil existe um déficit enorme para as distribuidoras atenderem seus mercados e a Aneel promoveu no final de 2013 um leilão para compra de energia das geradoras que possuíam sobras para venda. A Copel se habilitou com geração das Usinas Governador Bento Munhoz da Rocha (Foz do Areia) para contratos de 12 meses e a Tradener um intermediário do setor, também se habilitou com energia desta mesma Usina e da Usina Governador Ney Braga (Segredo) para contratos de 12 e 36 meses. O resultado é que no espaço de tempo em que a ANEEL anunciou o leilão, em outubro para sua realização em dezembro, a Copel Geração vendeu parte da sua energia para Tradener a preços inferiores ao teto máximo fixado no leilão. No entanto, a Copel Distribuição necessitou adquirir energia no mercado livre, e acabou comprando da Tradener esta mesma energia a preços muito maiores do que os cobrados pela Copel Geração na venda ao intermediário, resultando em um lucro de milhões para a empresa privada. O desfecho de tudo isso é que a Tradener acabou vendendo mais energia da Copel do que a própria Copel, com lucros elevados na intermediação. Outra grande contribuição ao agravamento da situação foi a saída dos 15 maiores consumidores da Copel Distribuição, que passaram para o mercado livre, fuga até agora não explicada e que provocou uma queda enorme de receitas e consequentemente impacto mais elevado nos preços que compõe a tarifa.

As saídas para a Copel não serão fáceis. É preciso começar tudo de novo e realizar uma operação de saneamento na empresa a exemplo da que foi realizada no Governo de Roberto Requião. Para começar, a promoção de uma redução das atuais 17 diretorias da empresa para apenas 8, como no governo passado, mais compatível com a realidade da companhia. Voltar a pagar os dividendos mínimos legais de 25% e avaliar com cuidado todas as participações em empreendimentos fora do Estado do Paraná, principalmente os valores investidos em projetos de Usinas Eólicas e em Linhas de Transmissão, cujo cronograma já se encontra atrasado devido a situação precária da empresa.

 

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9 comentários sobre “Paranaense pagará conta da má gestão na COPEL até 2017

  1. Eu me pergunto uma coisa a culpa de subir a energia em outros estados como São Paulo, Pará e mais 6 estados é do Beto tbm??
    Até onde sei a culpa disso é de uma senhora chamada DILMA que acabou com o setor energético de nosso país mais o senho blogueiro deixa bem claro suas tendencias politicas e mais claro ainda que gosta de mentir pra defende-las!!!

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  2. ATE ONDE SEI O ORGAO GERIDOR DE ENERGIA ELETRICA, CHAMA-SE ANEEL E NAO BETO RICHA, E QUE E UM ORGAO FEDERAL NAO ESTADUAL,PORTANTO OS GOVERNOS DOS ESTADOS ONDE A ENERGIA SUBIU NAO TEM NADA A VER COM A ALTA SIM UMA DAMA CHAMADA DILMA

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  3. sou esposa e irmã de funcionários da Copel e posso dizer com toda propriedade de causa que o principal culpado das dificuldades financeiras da Copel é SIM nosso governador Beto Richa. foi ele quem cortou o programa luz fraterna alegando seu alto custo e em contrapartida tem elevado e muito o numero de multas que a Copel paga hoje por demora no atendimento( ou faltam funcionario pra atender ou não podem atender o cliente a partir das 20 horas na área rural), negligência com pequenos proprietários rurais e falta de uma diretoria que vise manter a maior empresa do Paraná com as contas em ordem. diminuíram drasticamente o número de funcionários, e hoje ofertam um serviço medíocre que envergonha até mesmo o mais afoito defensor do PSDB. Há realmente uma crise no setor energético do nosso país não é possível negar mas a crise da Copel tem outro nome: má administração!!! Só espero que não seja necessário fazermos greve e panelaço para que a Copel não seja privatizada; ainda que seja necessário que os paranaenses paguem a conta hoje acredito na função social que a Copel exercia e rezo pra que estes dias voltem.

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  4. PORQUE OS DEPUTADOS AINDA NÃO ABRIRAM UMA CPI PARA INVESTIGAR ESSE ROMBO DA COPEL, PARECE QUE ESTA OCORRENDO O MESMO DA PETROBRAS.
    PARECE QUE ESTÃO METENDO A MÃO NO DINHEIRO DA ESTATAL. NESTE CASO É MELHOR PRIVATIZAR.

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  5. Pingback: Paranaense pagará conta da má gestão na COPEL até 2017 : J Cattelan
  6. Atenção: antes de acreditar e sair levantando bandeiras furadas, informe-se. A alta das tarifas de energia em todo o país nada têm a ver com seus controladores, ou será que, de um ano para outro, todas as empresas distribuidoras de energia ficaram insanas e pessimamente geridas. A resposta está no desconto dado pelo governo federal em 2013 e também na complexa gestão da questão hídrica brasileira. Não sou defensor de Beto Richa e nem de qualquer outro, mas mentiras interesseiras e desinformadas são apenas má-fé.

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  7. Empresas com diretorias e conselhos formadas de ente colocada no cargo por indiação de políticos só pode dar errado né? Para acabar com a corrupção, a incompetência, o estado enorme e burocrático precisamos mudar o sistema. No Brasil nada funciona porque políticos podem colocar qualquer um em cargos comissionados por indicação política para executar suas ordens ilegais, antiéticas e imorais. O mais triste é que quanto mais indicados corruptos um político tem, mais dinheiro ele ganha de caixa dois de campanha e maior a chance dele se reeleger. O resultado é um estado pesado, burro e corrupto onde os piores políticos sempre se reelegem. Se acabarmos com os cargos por indicação política acabamos com este ciclo vicioso. Quer um Brasil mais justo e coerente, assine a petição ou compartilhe a ideia do link: https://secure.avaaz.org/po/petition/Poder_legislativo_federal_FIM_DOS_CARGOS_POR_INDICACAO_POLITICA/share/?new

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