Estudo da Ocepar prova que os pequenos agricultores estariam protegidos pelo projeto do código florestal negado pelos ruralistas

No último dia 25 os deputados federais votaram pelo interesse dos ruralistas no projeto do Código Florestal, contra o meio ambiente e a proposta aprovada no Senado e defendida pelo governo Dilma. Um dos argumentos foi a tese, falaciosa, de que os pequenos agricultores seriam prejudicados pela nova legislação. Estudo da Ocepar – Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (esquema acima), divulgado pela Carta Capital de 25 de abril de 20012, mostra que no projeto do Senado, alterado pela Câmara dos Deputados, os pequenos agricultores teriam aumento as suas áreas produtivas em 285% e redução da área a ser recuperada em 1.258%, com relação à legislação anterior (Código de 1965).

Ou seja, os deputados defenderam apenas os interesses dos grandes ruralistas.

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Demóstenes X Rosa Weber

A coluna Rosa dos Ventos de Mauricio Dias da revista Carta Capital de 18 de abril de 2012 lembra que o senador Demóstenes Torres, suspeito de envolvimento no esquema de Carlinhos Cachoeira, talvez esteja pessimista com a repercussão no STF do comportamento que teve na inquirição da hoje ministra Rosa Weber. Na sabatina do senado para a ratificação da sua escolha, Weber sofreu 14 minutos de torura psicológica infligida por Demóstenes. Ele valeu-se da tensão natural da ministra e formulou 22 perguntas, usando a técnica maldosa de se referir a decisões tomadas nos últimos anos pelo STF, não testando o saber, mas a memória.

Demóstenes precisa que o STF anule os indícios graves contra ele contidos nas investigações da Polícia Federal. Veja a tortura de Demóstenes e o seu voto contrário à indicação da ministra:

Ibope: saúde pública vai mal, mas quem mais avalia negativamente é quem não a utiliza

Carta Capital de 18 de abril de 2012

Incógnita social

As pesquisas de opinião, todas elas, sempre apontam grande reprovação da atuação dos governos petistas (Lula/Dilma) quando se trata de avaliar o desempenho do setor da Saúde.

Segundo a mais recente pesquisa do Ibope, no fim de março, o desempenho do governo Dilma foi aprovado por 34% da população e reprovado por quase o dobro, 63%.

Curioso é que a maior reprovação vem das camadas mais altas da população, considerado o grau de instrução e a renda familiar (tabela).

Esse pessoal mais próximo do topo do que da base da pirâmide social, portador de planos de saúde, frequenta hospitais privados.

Mas é verdade que o atendimento nos hospitais públicos, que eles não frequentam, é precário.

Ciência e religião – Mino Carta

As caridosas e sábias lições do cardeal Carlo Maria Martini

Editorial da Carta Capital de 18 de abril de 2012, por Mino Carta

Sou filho de um anticlerical agnóstico e de uma católica praticante. Meu pai, que poderia ser visto pelos anjos como “homem de boa vontade”, não hesitou em matricular os dois filhos no curso primário do colégio genovês das marcelinas, por serem elas, em plena Segunda Guerra Mundial, antifascistas. Tenho das freiras lembrança saudosa, embora as aulas de catecismo e relativas provas não fossem de pura diversão. Outras coisas valiosas aprendi com elas, e neste aprendizado não incluo o fato de ter sido competente coroinha, presa de uma ponta de exibicionismo a bem do justo exame de consciência.

A lição paterna, de todo modo, influenciou bem mais meus comportamentos do que a de minha mãe, e assim esclareço por que meu propósito é tocar em assuntos a envolverem fé religiosa e atitudes eclesiásticas. Espanta-me, confesso, que ao cabo de oito anos de debates, o Supremo Tribunal Federal somente agora decida se grávidas de fetos sem cérebro podem abortar sem risco de acabarem presas. E falamos de seres destinados ao oblívio em vida.

Quando, candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff aventou a possibilidade da descriminalização do aborto, foi grita geral. A ex-guerrilheira ousava além da conta e a ideia foi rapidamente abortada. Há muito tempo o aborto deixou de ser crime nos países mais civilizados e democráticos do mundo. Na Itália, cujo Estado e cuja Justiça foram afrontados pelo governo brasileiro no Caso Battisti, o aborto foi descriminalizado na década de 70, na época em que, segundo o ex-ministro Tarso Genro e eminentes juristas nativos, a Península era dominada por um governo de extrema-direita contra quem se insurgiam heróis da resistência como Cesare Battisti. Diante disso, o arco da velha descoloriu.

Não sei o que se pode esperar do nosso Supremo. Mas que aquela questão esteja em pauta, e em uma versão que não aceita perplexidades, é de pasmar. Leio um pequeno livro que a Editora Einaudi acaba de lançar na Itália, registra o diálogo entre o cardeal Carlo Maria Martini, figura extraordinária que concorreu à vaga papal com o então cardeal Ratzinger no Consistório de 2005, e o cientista Ignazio Marino. Observa Martini que a postura negativa e apriorística da Igreja diante das mudanças provocadas pelo progresso e pela técnica nunca foi bem-sucedida. Galileu docet, ensina, acrescenta.

Martini não tem dúvidas, e nem pode tê-las à luz da sua fé: na hora em que o espermatozoide penetra o óvulo, a vida começa. É como o toque de dedos entre Deus e Adão no afresco da Sistina. O Brasil é, porém, um Estado laico, nele quem professa algum credo religioso tem a mesma liberdade de decidir o destino da gravidez quanto o tem quem não professa credo algum. O professor Safatle escreveu a respeito uma coluna magistral há quatro semanas. E nem se fale da situação agora entregue à decisão do STF. No caso, mandam a lógica, a razão, o senso comum, por cima das crenças ou da falta delas.

Há inúmeros momentos exemplares no diálogo entre o cardeal e o cientista. Por exemplo. Pergunta Marino: “Não seria razoável encaminhar com urgência um debate internacional em busca de um equilíbrio entre o mundo da ciência e as diversas sensibilidades éticas e religiosas, superando com honestidade intelectual as atitudes dogmáticas?” Responde Martini: “Parece-me evidente que não podemos deixar de ouvir os cientistas (…), por isso é desejável que a discussão ocorra de forma serena e construtiva, não somente no que tange às células-tronco, mas, em geral, a respeito de temas éticos que com razão agitam almas e consciências”.

O cardeal não evita discorrer acerca da sexualidade, “campo obscuro, profundo, magmático, difícil de definir, parte da existência onde entra em jogo o subconsciente (ou o inconsciente?) e onde as explicações racionais podem defrontar-se, tanto no plano individual quanto no de grupos sociais e nas culturas, com uma resistência interior que não se deixa convencer”. Segundo Martini, existem dentro de cada um “cavernas obscuras e labirintos impenetráveis”. De mais a mais, “o filão evolutivo que inclui o homem não se esgotou, de sorte que não podemos prever facilmente os desenvolvimentos dos próximos milênios”. Temos, portanto, um cardeal evolucionista.

E vem à tona uma questão crucial, o homossexualismo. E o cardeal pronuncia algo inédito em relação às posições de sua Igreja. Ele se diz pronto a admitir que “a boa-fé, as experiências de vida, os hábitos adquiridos, o inconsciente e provavelmente alguma inclinação de nascimento podem levar à escolha de uma vida em parceria com alguém do mesmo sexo”. Diz ainda: “No mundo atual, esse gênero de comportamento não se presta, portanto, a ser demonizado ou condenado”.

Não consigo escapar a uma derradeira reflexão: o mundo de hoje não mereceria um papa Martini em vez de um papa Ratzinger? Certas desventuras, infelizmente, não acontecem por acaso.

O neoliberalismo na berlinda

Carta Capital de 18 de abril de 2012

Islândia – A mídia silencia sobre o país que humilha o sistema financeiro

O ex-primeiro-ministro Geir Haarde está sendo julgado em Reijkjavik por ter conduzido o país à catástrofe de 2008 e pode ser condenado a até dois anos de prisão. A virada neoliberal da Islândia, com desregulamentação financeira e privatizações em massa, começou no governo de David Oddson, em 1991. Haarde não é o único culpado, embora tenha sido parte importante do processo desde bem antes do início do seu governo, em 2006, primeiro como líder parlamentar do Partido da Independência (conservador, então no governo) de 1991 a 1998 e ministro da Fazenda de Oddson de 1998 a 2005. É uma oportunidade para o país refletir sobre a transformação de estável social-democracia escandinava em centro financeiro desregulamentado cuja precariedade se viu quando a crise hipotecária dos EUA fez falir seus maiores bancos, com passivos externos mais de 20 vezes maiores que o PIB. Leia também: Ditadura: Promotor italiano vai propor ação contra militares brasileiros The Observer: O fracasso da guerra às drogas A CPI de Cachoeira e a retórica do ‘mensalão’ A ducha gelada da crise despertou os -islandeses do sonho consumista e os lançou às ruas com uma versão nórdica do “que se vayan todos!” A renúncia de Haarde e a eleição de um governo de centro-esquerda não bastaram para satisfazê-los: rejeitaram por duas vezes, em plebiscito, propostas de pagamento parcial da dívida externa deixada pelos bancos falidos. O fato de que, depois disso, o país esteja se recuperando muito melhor que os europeus oprimidos pela “austeridade” é a explicação para o silêncio quase absoluto da mídia internacional sobre esse país e seu julgamento do neoliberalismo.

Romeu Bacellar Filho: tribunais abarrotados se deve a decisões equivocadas da Administração Pública

Romeu Felipe Bacellar Filho em palestra na Conferência Nacional dos Advogados, ocorrida em 2011 na Universidade Positivo, Curitiba. Foto de Tarso Cabral Violin / Blog do Tarso.

O advogado Romeu Felipe Bacellar Filho, professor de todos nós, publicou texto no caderno Justiça & Direito da Gazeta do Povo sobre “A avalanche de processos nos tribunais – a causa”. O professor Romeu é crítico ao argumento de quea multiplicidade de oportunidades recursais é responsável pelo abarrotamento dos tribunais. O grande problema, segundo ele, são os administradores públicos que, em seus atos administrativos, se omitem, não decidem ou decidem mal, ou decidem sem qualquer fundamentação, desmerecendo os princípios da lealdade e da confiança legítima, e insistem em frustar as justas expectativas dos cidadãos. Veja o artigo, clique aqui.

Entrevista com Celso Antônio Bandeira de Mello no Justiça & Direito

Celso Antônio Bandeira de Mello e Tarso Cabral Violin na Universidade Positivo, em 2011, em evento paralelo à Conferência Nacional da OAB que ocorreu no campus.

Em entrevista no caderno Justiça & Direito da Gazeta do Povo de hoje, o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, maior jurista brasileiro do Direito Administrativo de todos os tempos, defende nossa Constituição Social e Democrática de Direito de 1988, critica o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), avalia favoravelmente o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), diz que o Poder Executivo apenas passou a ser generoso com o governo Lula (PT), prevê que a seleção brasileira será eliminada na primeira fase da próxima Copa do Mundo de futebol e revela seu maior defeito: torce para o São Paulo Futebol Clube. Veja a entrevista, clique aqui.

Historiador que “come vidro” cobra de Aécio Neves e Beto Richa privatização da Copel e Sanepar

O ex-presidente FHC vendeu quase tudo, e ainda queria privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil

Em artigo publicado hoje na Folha de S. Paulo, o historiador Ney Carvalho cobra de Aécio Neves e Beto Richa a privatização da Copel e Sanepar. Tem louco para tudo. E a Folha tem coragem de publicar. Prezado Sr. Carvalho, essa é a vontade dos neoliberais Aécio e Richa, mas eles não têm coragem por causa da opinião pública. Veja o texto de Ney Carvalho:

Carta aberta a Aécio Neves

Ney Carvalho

Senador, que prazer ver o senhor e o PSDB defendendo as privatizações. Mas por que vocês não vendem logo Cemig, Sabesp e Sanepar também?

Prezado senador Aécio,

Foi com prazer que li o seu artigo “Coragem”, publicado nesta Folha no dia 23 de abril. Ele traz merecidos elogios à privatização das telecomunicações no governo FHC.

Percebo que o senhor, assim como os seus colegas tucanos, animou-se ao ver os adversários petistas aderirem a métodos de gestão que antes combatiam.

Entretanto, o senhor e os outros tucanos devem à opinião pública uma descida do largo muro ideológico em que se abrigam. Vocês são, afinal, a favor de maior privatização na economia brasileira ou não?

Se as “restrições ideológicas à privatização são, hoje, página virada na história do país”, por que os governadores tucanos resistem em privatizar as empresas estatais de Minas Gerais, São Paulo e Paraná?

Veja que coincidência: seus companheiros Antônio Anastasia, Geraldo Alckmin e Beto Richa controlam as maiores companhias estatais estaduais de capital aberto do país.

Minas tem a Cemig (energia elétrica) e a Copasa (saneamento), duas megacompanhias. Alckmin comanda as análogas Cesp e a Sabesp, ambas com patrimônio líquido de cerca de R$ 10 bilhões. Nos mesmos setores, Richa tem a Copel e a Sanepar.

Essas seis empresas são negócios maduros, consolidados, adultos, que não mais demandam a proteção de ventre, os cuidados maternos.

Onde está “a coragem para fazer o que precisa ser feito”, alegada pelo senhor no seu texto?

Tais empresas já têm ações negociadas em Bolsa. Mas existem profundas incompatibilidades na existência de companhias ao mesmo tempo estatais e com capital aberto.

Empresas privadas têm como objetivo maximizar os lucros de seus acionistas. O alvo maior de companhias públicas é exercer metas governamentais. Isso cria incongruências. Há exemplos bem atuais disso.

A Petrobras é um. Importa derivados a preços mais caros do que os revende no país. Outro exemplo: bancos públicos usados para forçar a baixa dos “spreads”. Essas atitudes obedecem a políticas de governo, não ao interesse dos acionistas.

Mas não se preocupe, senador. O saneamento dos lares não ficaria à mercê de ganhos exagerados. Uma sólida regulação cuidaria do tema.

Não esqueça também que a busca do lucro e a competição são as molas da eficiência, como se verifica no setor de telecomunicações, tão bem enfatizada pelo senhor.

Senador, está mais do que na hora de o PSDB oferecer ao Brasil um segundo salto de modernização da economia, tanto quanto fez com as privatizações dos anos 1990.

E veja o senhor que, naquela época, por causa da fraqueza do mercado de ações brasileiro, não foi possível dispersar o capital das empresas privatizadas. O mesmo não se pode dizer dos dias de hoje. A Bolsa está pujante como, o senhor me perdoe a citação, “nunca antes na história deste país”.

Os sucessos alcançados nos 1990 com a siderurgia, os bancos estaduais, a Vale e as telecomunicações podem ser multiplicados, alterando visceralmente a feição do saneamento básico no país pela criação de megaempresas nacionais de capital aberto, competitivas e não monopolistas.

Basta que o senhor e os seus colegas governadores do PSDB transformem as poderosas estatais que comandam em autênticas “corporations”, vendendo-as ao público investidor. O controle pode ser difuso, como é o da Embraer.

Por sua influência e posição, senador, o senhor deveria liderar naturalmente tal processo.

NEY CARVALHO, 71, historiador, é autor de “A Guerra das Privatizações” (Editora de Cultura) e de “O Encilhamento: Anatomia de uma Bolha Brasileira” (CNB/Bovespa)

Entrevista exclusiva com a pré-candidata a prefeita de Curitiba pelo PPS, Renata Bueno

Dando continuidade à séria de entrevistas com os pré-candidatos a prefeito de Curitiba, realizada com exclusividade pelo Blog do Tarso, e após as três primeiras entrevista com o ex-prefeito Rafael Greca (PMDB), o deputado federal Doutor Rosinha (PT), o advogado Bruno Meirinho (PSOL), apresentamos a entrevista com a pré-candidata a prefeita do PPS, a advogada e vereadora Renata Bueno, que prontamente atendeu o pedido de entrevista do Blog do Tarso.

Renata Bueno diz que é de centro-esquerda, que preferiu o governo FHC do que o de Lula, que o governo Beto Richa (PSDB) é “mediano, pouco criativo e sem ousadia, um governo de acomodação”, que no grupo que está há mais de 20 anos no poder (Lerner/Greca/Taniguchi/Beto Richa/Luciano Ducci) em Curitiba “falta ousadia, falta criatividade, falta transparência, falta humildade e falta sobretudo capacidade de pensar o futuro”, que é contra as terceirizações na Administração Pública e fala em “máfia Derosso” na Câmara. Veja a entrevista:

Blog do Tarso: Vereadora Renata Bueno, conte um pouco sobre sua trajetória política. 

Renata Bueno: Acompanho a política desde muito cedo com meu pai Rubens Bueno. E o mais importante, a prática da boa política por meio de sua atuação. Iniciei com a Juventude Popular Socialista, a JPS, e a partir de então me candidatei em 2006 a deputada federal e em 2008 a vereadora em Curitiba, quando fui eleita.

A senhora se considera de direita, de centro ou de esquerda? O Partido Popular Socialista – PPS é realmente socialista?

Me considero de centro-esquerda. O PPS tem origem no “Partidão”, o PCB, cuja gênese é claramente de esquerda, e representa uma espécie da ‘aggiornamento’ do socialismo, baseada mais na sensibilidade e compromisso com as causas sociais e com a redução das desigualdades, tendo em vista que o capital não pode representar um fim em si mesmo, mas um instrumento e um meio para o desenvolvimento humano.

Quem foi melhor presidente, FHC ou Lula?

Fernando Henrique Cardoso, sem sombra de dúvidas. Foi um governo mais capacitado, eficiente, que teve planos reais para o fortalecimento da economia e infraestrutura do País. Diria que ele refundou as bases do capitalismo e da democracia brasileiras, felizmente continuadas na sua essência pelo governo Lula.

Lerner ou Requião?

Jaime Lerner, como prefeito urbanista, que conseguiu enxergar Curitiba a partir de horizontes ousados para a sua época. Até hoje, a cidade se vale do capital criativo que ele desenvolveu, e aí está uma de nossas tragédias contemporâneas. Isto é, depois dele, nenhum outro prefeito conseguiu avançar ou inovar efetivamente, de modo que a cidade vive hoje de uma política de planejamento assentada em remendos.

Qual sua opinião sobre o governo Beto Richa (PSDB) nesses quase um terço de governo?

Até o momento, ainda carece de uma grande marca, de grandes realizações. Mediano, pouco criativo e sem ousadia, um governo de acomodação, mas ainda tem crédito. Pode vir a se transformar em uma boa surpresa.

A senhora é pré-candidata a prefeita de Curitiba pelo PPS. É possível uma aliança com a senhora na vice?

O PPS tem posicionamento firme pela candidatura própria, e é essa a nossa prioridade. Não descartamos discutir eventuais coligações, desde que existam compromissos comuns em relação ao Plano de Governo.

Com quais partidos a senhora está conversando para fazer alianças?

Por enquanto essas conversas ainda são preliminares e devem se intensificar à medida que se aproximarem as datas das convenções que vão oficializar as candidaturas, na segunda quinzena de junho.

Sua candidatura será de situação ou de oposição?

Será uma candidatura a favor da cidade, a favor da boa política, a favor de um novo projeto, que situe Curitiba no mesmo plano das grandes cidades do mundo.

Quais são as grandes falhas do grupo político que já está há mais de 20 anos no poder em Curitiba?

Falta ousadia, falta criatividade, falta transparência, falta humildade para reconhecer os problemas que o povo enfrenta cotidianamente no transporte, no trânsito, na segurança, nos serviços de saúde.  Falta sobretudo capacidade de pensar o futuro com os olhos do futuro.

Metrô ou ônibus?

Metrô e ônibus devem ser modais complementares e integrados. Mas o que a Prefeitura está planejando fazer é a pior solução. Ela vai trocar uma linha de ônibus por uma linha de metrô, o que não acrescenta nada e não resolverá os nossos gargalos de mobilidade urbana.

Se eleita, o que a senhora fará com o ICI – Instituto Curitiba de Informática? Irá manter a parceria milionária do Município com essa organização social – OS?

Vamos analisar com responsabilidade e bom senso todos os contratos mantidos pela Prefeitura. Os que forem benéficos para a cidade e servirem adequadamente os interesses da população serão mantidos. Se não, serão encerrados. Mas sempre de maneira correta, bem pensada, sem afoiteza, para não gerar prejuízos ainda maiores para a cidade, como foi o caso do contrato com a Consilux, que o prefeito rompeu intempestivamente e até agora continuamos pagando, sem usufruir.

Quais são suas principais propostas para Curitiba?

Além da melhoria na segurança, mobilidade urbana e demais problemas que atualmente Curitiba enfrenta, pretendo humanizar nossa capital. Sem discursos ultrapassados que muitos se apropriam, mas trabalhando com um pensamento sustentável e humanista, em prol dos curitibanos. O objetivo é construir uma sociedade mais justa e humana de se viver.

Qual sua opinião sobre as privatizações e terceirizações na Administração Pública?

O poder público tem de ter condições de atender a população nas atividades que são de sua competência, sem a necessidade de terceirização de serviços, pois acredito ser uma via aberta para a corrupção, beneficiando órgãos e entidades. A carga tributária que se paga atualmente no País é muito alta. Portanto, o poder público tem a obrigação de devolver esses valores à sociedade. Terceirizar é uma forma de não encarar o problema real. É uma solução paliativa.

A senhora andou se desentendendo com alguns colegas vereadores seus. Conseguirá governar com essa Câmara Municipal?

Desde que cada poder e cada representante do povo cumpra o seu papel não haverá nenhum problema. Não vou compactuar com nenhuma máfia, nenhum interesse escuso, nenhuma troca de favores. Jogando com clareza, transparência e honestidade, tenho certeza que as boas vocações políticas que existem na Câmara de Vereadores, e elas existem, terão afinal espaço para mudar também as relações políticas viciadas por tanto tempo de desmando e impunidade.

O ex-presidente da Câmara, João Cláudio Derosso, merece perder o cargo por meio de impeachment ou nas urnas?

Ele foi blindado pela maioria dos vereadores, em especial a bancada de apoio do prefeito, o que inviabilizou o seu impeachment. Hoje se vê que eu tinha razão quando me referia genericamente à ‘máfia Derosso’, o que me valeu um processo no conselho de ética e a tentativa de me transformar em vilã. Fiz a minha obrigação de levantar a briga contra o Derosso e os seus comparsas, ao lado da imprensa e da opinião pública. Mas agora o destino deles está nas mãos do Ministério Público e do Poder Judiciário, o que é o caminho institucional correto para corrigir essas distorções e recuperar o dinheiro desviado.

Se ele vier a ser novamente candidato, o que já é por si mesmo um absurdo, caberá aos seus eleitores decidirem o que ele merece ou não.

Vereadora Renata Bueno, obrigado pela entrevista e boa sorte!

Eu que agradeço pela oportunidade, Tarso.

Privatizações via PPP em Portugal foram um desastre. CPI das PPPs será instalada

As privatizações via PPPs – Parcerias Público-Privadas em Portugal foram um desastre. A direita portuguesa foi radical e privatizou via PPP quase tudo: construiu hospitais, estradas, pontes, ferrovias, trens de alta velocidade. Como qualquer PPP, cujos riscos ficam com o Estado, e não com o mercado, em Portugal o não cumprimento de contratos pelas empresas privadas acarretaram prejuízos para os cofres públicos. As despesas acumuladas com as PPPs vão chegar a 48 bilhões de euros e, até 2050, cada português vai ter que desembolsar no mínimo 4.500 euros para financiar as PPPs, segundo o Senador Roberto Requião (PMDB/PR), que cita o dirigente do Bloco de Esquerda de Portugal, Jorge Costa:

“A história das parcerias público-privadas é a de uma profunda promiscuidade entre governos e conselhos de administração destes grupos econômicos. Em ambos os lados desta promiscuidade, encontramos muitas vezes os mesmos protagonistas. (…) Os concedentes e parceiros públicos de ontem são os concessionários e parceiros privados de hoje. Entre os ministros e secretários de Estado dos setores estratégicos, vamos encontrar expoentes dos parceiros privados do Estado”.

Em Portugal os governantes neoliberais já são chamados de “governantes público-privados”. Por isso será instalada no país a CPI das PPPs, conforme a seguinte notícia do Jornal Sol de Portugal:

Ex-ministros vão ter de prestar contas sobre PPP

A comissão parlamentar de inquérito às parcerias público-privadas (PPP) está a ser preparada em clima de «guerra total», classifica um parlamentar da maioria governamental. E deputados dos dois maiores partidos, PSD e PS, contactados pelo SOL, admitem que esta comissão poderá fragilizar ambas as forças políticas. Afinal, os «esqueletos no armário», segundo a expressão de Pedro Passos Coelho, foram criados por governantes dos dois lados. Continuar lendo