Hoje na Gazeta do Povo, por Rogerio Waldrigues Galindo
Governo estadual evita contratar ONGs
Os gestores do programa Segundo Tempo no Paraná concordam que o governo estadual acertou ao não contratar organizações não governamentais para participar da operação do projeto. Aqui, o programa é feito por meio do repasse direto de verba do governo para escolas estaduais, sem a necessidade de intermediários.
“Acredito que o nosso sistema é modelo”, afirma Ricardo Gomyde (PCdoB), que foi presidente da Paraná Esporte no governo de Roberto Requião (PMDB). “A fiscalização do Estado é feita por várias instituições, é mais fácil de ter controle. Acho que o ideal para esse programa é usar a quadra da própria escola pública”, diz.
Secretário do Esporte desde o início da gestão de Beto Richa (PSDB), Evandro Roman diz que o governo continua sem intenção de contratar ONGs. Segundo ele, o modelo de repasses feitos diretamente para as escolas públicas deve ser mantido no atual governo.
Para o professor de Ciência Política Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR, enquanto o poder público continuar repassando dinheiro para ONGs continuarão aparecendo denúncias de desvios de recursos. Não que as entidades sejam piores que instituições governamentais, mas porque a fiscalização sobre elas é menor.
Segundo o professor, quando o terceiro setor surgiu com mais força no país, houve uma mitificação, afirmando que as ONGs eram uma solução ideal para vários problemas do Estado: além de ser mais flexíveis, teriam imunidade maior à corrupção. “Com o tempo, esse mito foi caindo. Viu-se que elas podem apresentar os mesmos problemas que o Estado”, diz.
Isso explicaria, em parte, o grande número de problemas ligados a ONGs no país em tempos recentes. Neste ano, por exemplo, a troca do ministro do Turismo, Pedro Novais, teve relação direta com o repasse de verbas para ONGs. Prefeituras como a de Londrina e a de Curitiba também tiveram denúncias ligadas a ONGs.
