Carnaval: marchinha do Bloco Soviético “Reaça Escravocrata”
Foto de Julio Garrido
O bloco de pré-carnaval Garibaldis e Sacis espalha animação por toda a Curitiba. Semana passada o bloco transformou a Rua Saldanha Marinho em uma praia de Curitiba, fazendo a alegria dos foliões. Neste fim de semana o fechamento do pré-carnaval tem folia nos dois dias. No sábado, no bairro Sitio Cercado, com a participação da Escola de Samba Imperatriz da Liberdade e como tema super-heróis e babys. No domingo, na Avenida Marechal Deodoro, com o tema invertidos (homem se veste de mulher e mulher se veste de homem), com a participação especial da Orquestra Contemporânea de Olinda.
Sítio Cercado com Escola de Samba Imperatriz da Liberdade
Já virou tradição, pelo terceiro ano o bloco Garibaldis e Sacis se apresenta no bairro Sitio Cercado. Será no próximo sábado, dia 07 de fevereiro, a partir das 15h00, na Avenida São José dos Pinhais, com a presença da Escola de Samba Imperatriz da Liberdade. A alegria toma conta do bairro, muitas crianças, adultos e famílias aproveitam o bloco e brincam o carnaval. O tema da festa no Sítio é super heróis e baby. Segundo Ariosvaldo Cruz e Olga Romero, veteranos do bloco que participaram juntos da primeira edição do G&S no Sítio; “Agora sim o Garibaldis e Sacis cumpriu sua função de espalhar a alegria por ai”.
Invertidos na Marechal com Orquestra Contemporânea de Olinda
Este ano o Garibaldis e Sacis repete a dobradinha com a Orquestra Contemporânea de Olinda na Marechal, mas dessa vez no fechamento do pré carnaval. A folia promete ser intensa com o tradicional bloco de fechamento do Garibaldis e Sacis, os invertidos. O bloco convida os homens a se fantasiarem de mulher e as mulheres a se fantasiarem de homem. “O invertidos sempre foi o dia mais esperado pelos foliões do Garibaldis, liberar as fantasias e brincar é o que faz do carnaval uma festa única.” Concluíram os integrantes do Garibaldis e Sacis.
Orquestra Contemporânea de Olinda
A Orquestra Contemporânea de Olinda surgiu em 2008 do encontro entre músicos de frevo do tradicional Grêmio Musical Henrique Dias e expressivos nomes da nova geração musical pernambucana. Em seis anos de existência, desenvolveu uma significativa trajetória.
Mais infos no site: (www.orquestraolinda.com.br)
Serviço
Pré Carnaval com Garibaldis e Sacis
Participação Escola de Samba Imperatriz da Liberdade
07 fevereiro – Sítio Cercado 15h00
Participação Orquestra Contemporânea de Olinda
08 fevereiro – Marechal Deodoro 15h00
No próximo domingo, dia 25 de janeiro, o bloco pioneiro no pré-carnaval curitibano Garibaldis e Sacis comemora 16 anos de folia e faz a abertura do Carnaval de Curitiba 2015, as 15h00, na Rua Marechal Deodoro. A Rua será novamente o grande palco da festa que ano passado reuniu centenas de foliões, convidados a se fantasiar com o tema tradicional.
Serão três datas marcadas para a folia do bloco — dia 25 de janeiro na Avenida Marechal Deodoro, a partir das 15 horas, no dia 7 de fevereiro no Sítio Cercado, a partir das 15 horas, e no dia 8 de fevereiro com Orquestra Contemporânea de Olinda na Marechal Deodoro, de novo a partir das 15 horas
Garibaldis por toda a cidade, Garibaldis o ano todo
Além das saídas da Avenida Marechal Deodoro, o bloco Garibaldis e Sacis realiza todo ano saídas em outros locais, como no bairro Sítio Cercado. Mas também promove, como aconteceu no ultimo domingo, o Garibaldinhos, carnaval para as crianças que reuniu centenas de foliões mirins, na Praça João Cândido. Além de contarmos sempre com alguma surpresa durante os dias que antecedem o carnaval. “O Garibaldis e Sacis promove atividades durante todo o ano. São oficinas, apresentações, o Arraiá da Anita e o bloco de pré-carnaval que sempre prepara surpresas. Este ano ficamos também satisfeitos com a diversidade promovida. Queremos que Curitiba esteja viva e que a festa contemple todas as tribos. Aprovamos o espaço para a diversidade, inclusive ficamos satisfeitos com os novos blocos que vão se formando.”, afirma Itaercio Rocha.
Homenagens
Este ano o Garibaldis e Sacis homenageia os irmãos, integrantes da bateria e do coração do bloco que faleceram ano passado, Israel Machado e Gilberto Machado Fomo. Além disso, a camiseta oficial do Garibaldis e Sacis – que é vendida nas saídas do bloco – homenageia o humorista mexicano que interpretava os personagens Chaves e Chapolin, Roberto Balaños.
Direto do carnaval de Salvador, Bahia, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), atacou a oposição e disse que havia motivação partidária por trás do movimento grevista dos policiais paranaenses: “Nesta hora de tensão, vários interesses difusos acabam se infiltrando nesses movimentos para causar desgaste. Daí já vêm motivação política e partidária”, disse o folião à Folha de S. Paulo. Richa ainda deu a entender que os policiais são massa de manobra: “Pessoas insuflaram os policiais para causar desgaste. Isso ficou claro no Rio e na Bahia. No Paraná conseguimos evitar graças ao aumento consistente que concedemos”. Ele esqueceu de dizer que aqui a greve da Polícia Civil não aconteceu apenas porque o presidente Miguel Kfouri Neto, do Tribunal de Justiça, impediu, em decisão mais política do que jurídica.
A Folha ainda informou que Beto Richa tietou o jogador Neymar.
Estiveram no Sambódramo a ex-primeira-dama Dona Marisa, o ex-presidente do Corinthians Andres Sanchez, os ídolos Neto, Basílio, Biro-Biro e Alex, Sabrina Sato, o ator Fabio Assunção como motorista do Lula, as irmãs Ana Paula e Tati Minerato, e os políticos petistas Eduardo Suplicy e Zeca Dirceu.
Foi emocionante a homenagem às Diretas Já e o carro com o vídeo do Lula.
O governador do Estado do Paraná, Beto Richa (PSDB), desde ontem, quinta-feira, está em Salvador para pular o carnaval com a primeira-dama-secretária Fernanda Richa e o filho caçula.
Seus opositores dizem que enquanto ele festeja os paranaenses vão ter que se virar com a greve da Polícia Civil e possível greve da Polícia Militar. Além disso ele matou o trabalho de parte de quinta-feira e toda sexta-feira.
Seus defensores dizem que o casal real do Paraná foi com dinheiro prórprio e que Beto vai aprender a lidar com a greve com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).
É hora de se modernizar
Ontem na Gazeta do Povo
Por Carolina de Castro Wanderley
Vou ao Garibaldis e Sacis há muitos anos. Quase que desde o começo. E também me batem saudades dos tempos em que eram poucos. Só que as coisas mudam e o bloco, mais do que crescer, se democratizou
Se democratizando, como é lindo que seja, todo mundo é bem vindo. A gente pode até reclamar dos “manos”, mas eles também podem e têm o direito de gostar do que a gente gosta. A gente pode até torcer o nariz tipicamente curitibano, dizendo que existem figuras lá na festa que não seriam convidadas para uma festa na nossa casa. Mas a Praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião! Todo mundo tem direito! Então pare de coisa, carnaval é assim. Quer bloquinho seleto, faça o seu. No Rio tem centenas, cada um tem direito de criar o seu.
Sobre o tumulto. Muita gente junta, pode dar rolo. Jogo de futebol é assim, show de rock é assim, festa de ano novo na praia é assim. O pessoal do bloco já havia procurado apoio policial que, se houve, eu não vi com número digno de nota. E então o Garibaldis havia dito: todo mundo cuidando de todo mundo. Não significa cuidar da sua amiga que foi com você no carnaval, significa olhar todo mundo como companheiro de folia. Significa reconhecer o diferente como digno do seu respeito. Significa ser gente!
Deve mesmo ter havido um pessoal que fez alguma besteira lá no alto do Largo. Sim, em alguns pontos a gente sente o cheiro de maconha. Sim, ficamos ligados com bolsas e evitamos tumultos e confusões. Sim, tem gente que entorta o caneco e faz besteira, principalmente aquele pessoal que vai para olhar ao invés de pular. Pulando o álcool evapora. Mas tudo bem, até os chatos e o pessoal que nem gosta de carnaval são bem-vindos.
Agora, o que parece claro e cristalino é que a reação da Polícia Militar foi arbitrária, desproporcional e ofensiva à população. Parece claro também que os rapazes da PM (sim, rapazes, devem lá ter os seus 22, 25 anos, podiam estar brincando o carnaval se não estivessem a serviço) estavam até mesmo nervosos e pouco à vontade com aquela ação. Mas mandaram que eles fizessem daquele modo. E eles fizeram, e tiraram aquela raiva toda sei lá de onde.
As instituições têm que se modernizar e atender à demanda de uma sociedade que não para. Repito: não adianta querer fazer o que acontece hoje caber no bloquinho de 13 anos atrás. Tem que dar suporte para o que o povo faz pacificamente. Tem que ter preparo para recolher o burrão jacu que jogou garrafa na viatura sem bater nem mesmo nele. Não, não sou policial, não sei como é lá na frente quando o bicho pega. Mas sei como deve ser. Na teoria e na lei.
Quem não aguenta com mandinga não carrega patuá. Quem não tem competência, não se estabelece – ou, se tem problema, desce o sarrafo.
Carolina de Castro Wanderley é advogada, especialista em Direito Cultural e foliã há duas décadas.
Hoje na Gazeta do Povo
Por Adel El Tasse
A reunião pacífica de pessoas em locais públicos é um direito do cidadão e não pode ser atacada como se tivessem as autoridades alguma legitimidade para decidir quem sai às ruas e quem não sai
O pré-carnaval de Curitiba marca importante evento na agenda cultural da cidade, pois ainda que sempre se tenha afirmado que o curitibano não faz coro ao restante do país em sua paixão pela festividade popular, o fato é que uma parcela da população gosta da festa e tenta realizá-la com ordem e alegria, apesar de todos os tabus e dificuldades existentes para promovê-la, em um local em que previamente já gosta de se afirmar detentor de resistência ao evento.
A democracia tem no respeito às minorias importante elemento de sustentação. A magnitude do processo democrático está em construir decisões coletivas a partir da vontade da maioria, sem, contudo, oprimir a minoria ou excluí-la. E o carnaval de Curitiba pode e deve representar exemplo de respeito à minoria. Sendo verdade que a festa é cultivada pela minoria da população devem ser resguardados espaços para que esta a promova, respeitando as demais pessoas.
A promoção do pré-carnaval no Largo da Ordem, em um domingo à tarde, parece atender a essas exigências, pois limita o evento a uma pequena área da cidade, de pouco trânsito e historicamente utilizada para eventos populares.
O que foge à razoabilidade são os disparos de tiros pela polícia a pretexto de dispersar as pessoas que lá realizam o evento, em uma demonstração clara de que quando o discurso vazio de promover segurança pública com violência ganha corpo o que se tem é um crescimento avassalador das forças repressivas do Estado, com a adoção de práticas autoritárias.
A Constituição é clara ao estabelecer no artigo 5.º, XVI: “Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.
A reunião pacífica de pessoas em locais públicos é um direito do cidadão brasileiro e não pode ser atacada como se tivessem as autoridades públicas alguma legitimidade para decidir quem sai às ruas e quem não sai.
O STF ao analisar a amplitude do dispositivo constitucional em destaque, durante a chamada “marcha da maconha”, foi peremptório em afirmar que o direito de reunião é ilimitado e se constitui em um dos mais importantes em uma democracia, esclarecendo que independe de autorização, sendo a comunicação para autoridade apenas para não frustrar outra reunião de forma prévia marcada, pois a autorização já foi dada com caráter geral para todos os cidadãos pela Lei Suprema do país.
No pré-carnaval, a pretexto de reprimir a ação de uma pessoa que havia atirado uma garrafa contra uma viatura, foram acionados os mais repressivos grupos policiais, para atuar não só contra quem jogou a dita garrafa, o que já seria desproporcional, mas contra toda a população, atirando balas de borracha e usando de truculência generalizada para espantar cidadãos que ocupavam as ruas de sua cidade, que mantêm com o pagamento de seus impostos.
Não há argumentos lógicos que justifiquem o ocorrido. Foi brutal e desproporcional e não pode ser aceito por nenhum cidadão de bem e que preze o regime democrático, pois representa um desolador retrato do que se faz na segurança pública do país, absolutamente nada, apenas opressão e violência a fim de gerar medo nas pessoas quando veem a polícia.
O mundo aproxima a polícia dos cidadãos, incidentes como o do pré-carnaval demonstram que aqui se gera uma polícia anticidadão, que não se sente parte da população, mas detentora de poder especial, talvez pelo fato de portar arma, mas vale lembrar que bandido também o faz e nem por isso deve ser considerado especial.
A melhor estratégia de segurança pública já experimentada e de eficácia reafirmada pelos números apresentados em diferentes pontos do planeta é a população controlar as ruas de sua cidade, com a polícia em seu favor a lhe garantir proteção, o que torna os espaços inviáveis para os que praticam delitos.
Curiosa a postura de atacar o cidadão comum, desarmado, que sai às ruas da cidade de forma pacífica, parece até que se quer expulsar ele para tudo voltar à sua normalidade, ou seja, as ruas controladas pelo crime.
Adel El Tasse, advogado, procurador federal, professor de Direito Penal, é coordenador no Paraná da Associação Brasileira de Professores em Ciências Penais. E-mail adel@eltasse.com.br
Hoje faleceu Joãozinho Trinta, responsável por eu ser torcedor da Beija-Flor. Joãozinho Trinta deu o que falar depois de compor o samba-enredo da escola Beija-Flor Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia, em 1989. O sambista colocou um Cristo Redentor vestido de mendigo em um dos carros alegóricos da escola. Uma decisão judicial, a pedido da Igreja Católica, proibiu a entrada do carro, que acabou indo para a Sapucaí, com a estátua coberta por um plástico preto e a frase: “Mesmo proibido, olhai por vós”.
Quem diria que anos depois, aqui no Paraná, pesquisas e blogs ainda seriam censurados.