Chico Buarque, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, durante o auge da ditadura militar em 1970 teve a sua canção obra prima “Apesar de você” censurada. A sua letra, feita contra os ditadores, se encaixa perfeitamente com o que viveremos amanhã.
Amanhã os setores mais conservadores, reacionários, oligarcas, aristocratas da sociedade não vão conseguir 342 votos entre os deputados federais para a abertura do Impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), graças à pressão que os mais variados setores da sociedade estão fazendo sobre eles, muitos desses setores contrários ao governo federal mas também contrários a um Impeachment sem crime de responsabilidade, o que seria um golpe.
Sim, amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser o dia em que quem manda é o povo, o povo de verdade, e não uma parte da classe média influenciada pelas elites econômicas e midiáticas.
Amanhã acabou a discussão sobre o Impeachment, mas continuará o debate sobre o futuro do Brasil, a Democracia, a redução das desigualdades entre outros temas tão relevantes.
A minha gente hoje anda falando de lado, às vezes olhando pro chão, sufocados pela velha mídia, pelos oligarcas.
Você, que defende o golpe, inventou esse Estado, esse Estado comandado por interesses de 1% da população. Você inventou essa crise política, você inventou essa crise econômica e depois que ela surgiu de verdade você aprofundou essa crise.
Você inventou de inventar toda a escuridão que o Brasil passa hoje, com o crescimento do ódio, do fascismo, do conservadorismo.
Você, que é corrupto, que comete pequenas ou grandes corrupções em seu dia-a-dia, que inventou um perdão ao aceitar um Impeachment dirigido por Eduardo Cunha, que seria nosso vice-presidente com o golpe. Você que inventou o pecado e esqueceu-se de inventar o perdão, pois quer que uma mulher que não é corrupta seja julgado por corruptos.
Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia que ocorrerá amanhã, quando vencermos o movimento golpista. Você que sempre foi golpista ou apenas mostrou seu lado golpista agora, quando achou que iria ganhar, que iria apear do poder uma mulher honesta eleita com 54 milhões de votos.
Você, golpista, espero que não vá querer proibir quando o galo e os democratas insistirem em cantar e se amar sem parar.
Quando chegar o momento, esse meu sofrimento, vou cobrar com juros, juro. Vamos cobrar das pessoas e das instituições que apoiaram o golpe. Todo esse amor reprimido, esse grito contido, será extravasado amanhã.
Você que inventou a tristeza, que quis matar a esperança, ora, tenha a fineza, de desinventar, você vai pagar e é dobrado, cada lágrima rolada, nesse meu penar. Não com ódio, mas você vai ser responsabilizado politicamente.
Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Inda pago pra ver, o jardim florescer, qual você não queria, por ser um representante de uma elite que tem nojo de povo.
Você vai se amargar, vendo o dia raiar, sem lhe pedir licença, e eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir, antes do que você pensa, pois será amanhã a noite ou segunda-feira.
Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Você vai ter que ver, a manhã renascer e esbanjar poesia.
Como vai se explicar, vendo o céu clarear, de repente, impunemente, como vai abafar, nosso coro a cantar, na sua frente.
Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia, você vai se dar mal na sua aventura golpista, mas desejo o seu bem e que você reflita nas suas próximas posições.
Lá lá lá lá laiá
Tarso Cabral Violin