MP-PR ajuíza ação civil pública contra Richa pelo Massacre de Curitiba

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O Ministério Público do Paraná está ajuizando hoje (29 de junho), dois meses depois do Massacre do Centro Cívico de Curitiba de 29 de abril de 2015, ação civil pública por atos de improbidade administrativa contra o governador do Estado, Carlos Alberto Richa, vulgo Beto Richa (PSDB), o ex-secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Fernando Destito Francischini (agora deputado federal pelo Solidariedade), e o ex-comandante da Polícia Militar, César Vinícius Kogut. Também são requeridos na ação o ex-subcomandante da PM Nerino Mariano de Brito, o coronel Arildo Luís Dias e o tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira.

A ação é resultado das investigações realizadas pelo MP-PR acerca dos fatos ocorridos no dia 29 de abril, nos arredores da Assembleia Legislativa, em que resultaram feridas mais de 200 pessoas, na maioria professores da rede pública estadual. O grupo protestava contra o projeto de lei encaminhado pelo Executivo estadual que dispunha sobre modificações no regime previdenciário dos servidores públicos do Estado.

Na ação, o Ministério Público destaca que os requeridos violaram os princípios da administração pública, já que, dentre as hipóteses previstas na Lei 8.429/92, configura ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão que viole os deveres de legalidade e lealdade às instituições.

Nesse sentido, o governador Beto Richa, a quem, em última instância, estão subordinadas as polícias Militar e Civil, foi acionado por omissão, principalmente por não ter impedido os excessos, bem como pelo apoio administrativo e respaldo político do governo à ação policial; Fernando Francischini, secretário de Segurança na época dos fatos, por ter sido protagonista da gestão política e operacional de todos os aspectos da ação policial; o subcomandante-geral da Polícia Militar, Nerino Mariano de Brito, por ter sido o principal responsável pela gestão operacional da ação policial; César Vinicius Kogut, comandante-geral da Polícia Militar, por ter conferido apoio institucional à gestão operacional da ação policial; Arildo Luís Dias, comandante da operação, por ser o executor da ação policial em seu desfecho final, tendo parcial autonomia em relação a seus desdobramentos; e, também pela execução da ação policial, o comandante do Bope, Hudson Leôncio Teixeira, com parcial autonomia em relação a seus desdobramentos.

Os procuradores e promotores de Justiça designados para realizar as investigações descartam a possibilidade de que alguns dos requeridos não tivessem conhecimento dos detalhes da operação policial, até porque a estrutura montada implicou alto custo ao Estado.

Considerando toda a operação policial destinada a permitir a votação do projeto de lei na Assembleia Legislativa, iniciada já no dia 25 de abril, o MP-PR apurou que os requeridos na ação praticaram várias ilegalidades, desde a interpretação deturpada do alcance das decisões judiciais que determinavam o impedimento de acesso à Assembleia Legislativa do Paraná – e que culminaram por cercear a liberdade de expressão, de manifestação, de pensamento e de reunião pública pacífica – até a efetiva organização e execução de ação policial violenta e desproporcional, colocando em risco a vida e a saúde das pessoas que se encontravam no local, a pretexto de preservar a ordem pública, produzindo, assim, danos consideráveis a um grande número de pessoas.

Além disso, os requeridos descumpriram as regras e diretrizes nacionais e internacionais de aplicação da força policial em relação a manifestações públicas, usando bombas químicas, gás lacrimogênio, animais, lançador de granada, helicóptero e balas de borracha, dentre outros equipamentos militares, o que aumentou o impacto da ação. Para arcar com o custo do uso desses materiais, bem como para pagar as diárias aos policiais militares trazidos do interior do estado para participar da operação (que movimentou, somente no dia 29 de abril, um efetivo de 1.682 policiais), foi necessário cerca de R$ 1 milhão, conforme informações fornecidas pelo Ministério Público de Contas.

Fora os custos diretos da operação, o Ministério Público do Paraná estima os prejuízos ao patrimônio público em cerca de R$ 5 milhões, uma vez que muitas vítimas ainda estão acionando o Estado na Justiça, pedindo indenização por danos materiais e morais. Na ação, por exemplo, há pelo menos 150 laudos que comprovam as lesões corporais sofridas por manifestantes que se submeteram a exame pericial.

As investigações do MP-PR acerca dos fatos ocorridos em 29 de abril, nos arredores da Assembleia Legislativa, tiveram duração de dois meses, período em que foram colhidas 581 declarações em Curitiba (uma delas foi a do advogado e professor Tarso Cabral Violin, autor do Blog do Tarso, ferido no Massacre) e em outros 33 municípios do interior estado, onde foram tomados depoimentos de vítimas, testemunhas e militares. Além disso, foram analisados 4.114 arquivos com fotos e vídeos relacionados à investigação, encaminhados ao MP-PR, muitos deles pelo e-mail criado exclusivamente para a recepção desse tipo de material, mas também por veículos de comunicação que fizeram a cobertura jornalística dos fatos.

Um dos vídeos analisados foi o filma por Tarso, quando ele foi ferido:

Também foi anexada à ação uma enorme quantidade de documentos, desde laudos médico-legais até documentos fornecidos pela Polícia Militar sobre a operação. Todo o material foi minuciosamente analisado pelo grupo designado para realizar as investigações – os procuradores de Justiça Eliezer Gomes da Silva e Marcos Bittencourt Fowler e os promotores de Justiça Paulo Sérgio Markowicz de Lima e Maurício Cirino dos Santos. Ao final, o processo somou 22 volumes.

Nesse caso específico, o MP Estadual colheu provas durante a investigação civil, e todos os materiais e elementos obtidos serão encaminhados à Procuradoria-Geral da República. Esse é o órgão com competência para atuar na esfera criminal nesse tipo de situação, já que tanto o governador como o ex-secretário Francischini, que reassumiu seu mandato na Câmara Federal, possuem foro privilegiado. Pelo princípio da unidade de processo, os coronéis da PM também poderão ser investigados pela PGR.

Os integrantes do MP-PR designados para cuidar do caso seguem acompanhando o inquérito policial militar que apura os excessos cometidos por policiais militares que participaram da operação, bem como os excessos praticados por manifestantes no sentido de tentar impedir o livre funcionamento da Assembleia Legislativa.

O MP utilizou vários argumentos dos juristas do julgamento simbólico realizado pela Faculdade de Direito da UFPR e pelos juristas e advogados que entraram com o pedido de Impeachment contra Richa, na Assembleia Legislativa do Paraná, com quase 10 mil assinaturas (assine aqui). Richa chamou esses juristas de “corriola”.

15 comentários sobre “MP-PR ajuíza ação civil pública contra Richa pelo Massacre de Curitiba

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  3. Independemete do resultado desse processo, valeu muito a pena ter enviado aqueles trinta videos do Massacre dos Professores do dia 29 de Abril e tambem ter participado da assinatura da petição de impeachmento de Beto Richa, tendo energia e disposição, vou continuar infernizando a vida desse desgração e de seu lacaios…

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  4. Está nítido que MP é completamente inteiro a favor da turma do PT, é por isso que não investigam sobre o assessor que jogou o vaso na cabeça dos policias de cima do prédio e também quem que estava por trás desta greve…

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  5. Não é possível que gostem tanto de falar o que não é verdade, já fico evidente de diversas formas que quem começou com tudo isso foram os infiltrados blac blocks, e se não tivesse agido com força bruta a PM não teria precisado se defender, e a PM estava lá justo por isso, para ter segurança e foi a pedido da justiça.

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    • ACORDA Alice!!! Onde você viu infiltrados e mesmo que tivessem, não justifica tamanha brutalidade, tanta violência, não venha justificar atitudes desse fantoche do Beto Richa

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  6. MP não toma se quer alguma atitude para investigar quem estava por trás disso tudo pois é todo petralha… Isso tudo é uma palhaçada, isso é coisa de gente que não sabe mais o que fazer pra tentar sujar a imagem do governador, ai começam a inventar coisas, ou até mesmo falar coisa que não tem nada a ver uma com a outra… E não faz sentido esta ação, além do mais diversas vezes ficou evidente que quem começou todo esse caos foi os blac blocks que foram contratados justo pra isso!!!

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    • Outra Alice, vive no mundo encantado e faz de conta que melhores dias virão do BETO, Manchar imagem???Infiltrados???Querida tá difícil acreditar nesses argumentos, ainda bem que o MP é bem mais esperto que o fantochinho vestido de governo.

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  7. O MP-PR deveria tomar alguma atitude e investigar quem estaria por trás da greve. Ou até mesmo investigar aquele assessor de deputado que jogou um vaso de planta contra os policiais.

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  8. O MP-PR está todo a favor do PT, assim como os black blocks que tumultuou na manifestação do dia 29 de abril… A verdade é que o Ministério Público está a favor da mentira. Está na hora de eles investigarem a fundo, e descobrirem quem estava por trás da greve e também culpar o sindicato que armou a confusão e gerou tanta violência por questões políticas.

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  9. O governador estava cumprindo uma ordem judicial de que policiais fizessem a segurança em redor do prédio. O Ministério Público deveria investigar melhor essa história.. A APP Sindicato é totalmente petralha, e seus dirigentes deveriam ser investigados, pois podem ser um dos culpados. Afinal, eles pagaram uma turma de black blocks para se infiltrarem no meio dos professores e causar todo tumulto no Centro Cívico…

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