A derrota do Paraná

Foto de Daniel Castellano / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Foto de Daniel Castellano / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Celso Nascimento, hoje na Gazeta do Povo 

–Alô! É o papai? Ganhamos! Ganhamos, papai!

O hipotético telefonema que o deputado Fabio Camargo disparou para o principal gabinete do Tribunal de Justiça seria o retrato perfeito e acabado do que aconteceu ontem na Assembleia Legislativa, que o elegeu conselheiro do Tribunal de Contas. Ainda que tal ligação não tenha sido feita e ainda que a exultante informação nem precisasse ser transmitida, a comunicação entre ambos teria servido para selar a consagração de um projeto nascido em dezembro passado, quando o desembargador Clayton Camargo, o pai, foi alçado à presidência do TJ.

Antes mesmo da posse, o intrépido desembargador fez saber ao governador que queria ver o filho ocupando a cadeira que, meses depois, ficaria vaga em razão da aposentadoria do conselheiro Hermas Brandão. A partir daquele momento, iniciaram-se os movimentos precisos e coordenados que culminaram ontem com os 27 votos (mínimo necessário para o quórum de 52 votantes) que elegeram Fabio Camargo para o cargo.

Uma das primeiras providências foi tirar, silente e vagarosamente, o tapete sobre o qual trafegava a candidatura do deputado Plauto Miró Guimarães, deputado da base a quem o governador havia prometido levar para o TC. Ao mesmo tempo, como numa competição olímpica de nado sincronizado, seguiram-se gestos de boa-vontade entre Executivo e Judiciário – como foi o caso do decreto judiciário que permitia a transferência de depósitos judiciais para criado caixa único do governo estadual.

Uma decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), concordando com a ilegalidade arguida pela OAB-PR, suspendeu o decreto e, consequentemente, anulou a expectativa do governo de socorrer seu combalido caixa com o aporte calculado em R$ 2 bilhões que viria dos depósitos judiciais sob a guarda do TJ.

Essa pedra no meio do caminho, no entanto, não impediu que, na surdina de alguns gabinetes, graves conversas tenham sido travadas com vários deputados para convencê-los a “preferir” o nome do colega Fabio Camargo. Desse convencimento não escaparam nem mesmo alguns deputados da oposição, representada principalmente pela bancada do PT. Sem dúvida, o resultado da votação – 27 a 22 – demonstrou a eficácia da campanha, a menos que a maioria dos 52 eleitores tenha decidido seus votos apenas pela admiração que nutre pelos olhos azuis e louros cabelos do deputado vitorioso.

As galerias dos vencedores e perdedores

Na galeria dos vencedores ficam expostas os retratos de Fabio Camargo, do desembargador Clayton Camargo e do padrinho que, do Palácio Iguaçu, dizia “liberar” sua base para que votasse em quem quisesse, desde que, preferentemente, o fizesse em favor de Camargo; 27 obedeceram a orientação, 25 seguiram a própria consciência – três dos quais votando em candidatos não deputados.

A galeria dos derrotados, no entanto, é muito maior. Dela fazem parte, em lugar de destaque, o conjunto da Assembleia Legislativa, que se mostrou surda à voz das ruas e ao silêncio da maioria, que clama pela moralização da coisa pública, incluída aí a despolitização do Tribunal de Contas – conciliábulo de políticos e amigos onde se reúnem os encarregados de julgar as contas justamente de quem os elege e nomeia. Os gritos de “vergonha! vergonha!” que ecoaram das galerias foram apenas uma pequena medida da revolta das ruas.

Derrotado também o próprio Tribunal de Contas, que se vê outra vez desvalorizado por uma escolha inapropriada à sua natureza de órgão que necessária e absolutamente deveria ser técnico e politicamente isento. Perde o governador do estado, por enxergar apenas à mais curta e conveniente distância, tal como agiu, por exemplo, ao nomear secretário o antigo assessor Ezequias Moreira, o “homem da sogra”, dando-lhe posto e gabinete para abrigar-se do alcance imediato de uma condenação pela justiça.

E, sobretudo, perde o Paraná, obrigado mais uma vez a assistir impotente ao descompromisso de suas três principais instituições com o estado.

12 comentários sobre “A derrota do Paraná

  1. Me desculpe, mas não considero um paranaense quem desfila com camisa do Corinthians!!! Mostrando q aqui continua sendo a província.

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      • Sem falar que usar algo tão trivial e fora do próprio controle (local de nascimento) como base de qualquer argumento é de uma graça enorme.

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    • Futebol é amor meu querido, e para o amor não existe fronteiras.

      O que é de se desconsiderar é uma pessoa que julga um ser humano pelo clube que ele torce e não por seu caráter e sua competência.

      Sou CORINTHIANO Graças ao bom DEUS!

      E RESPEITO todos que preferem outro clube. Para mim o que importa é a dignidade do ser humano e não uma futilidade, uma distração como o futebol.

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      • Paranaense que você é, ou você é Coxa-branca ou Atleticano.

        AI EU PERGUNTO:
        Se você é Coxa, paranaense que é, torceu para o Atlético na final da Libertadores contra o São Paulo?

        Se você for Atleticano, paranaense que é torceu pelo Coritiba na decisão da Copa do Brasil contra o Coritiba?

        Tenho certeza que a resposta é NÃO!

        Minha opinião?
        TORÇA PARA QUEM VOCÊ QUISER! MAS RESPEITE A OPÇÃO ALHEIA.

        Eu sou paranaense….sou CORINTHIANO.
        O Corinthians não é um clube municipal não meu caro. O Corinthians é mundial!
        Para nós não existe fronteira.

        Julgue um candidato pela capacidade técnica e pelo caráter que ele possui.
        O futebol é uma distração para nossos finais de semana. Não passa disso.

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  2. 2 votos, na minha opinião, foram até demais !!!! Se é paulistano, e tem tanto orgulho disso, porque não tenta uma vaga no TCE SP ?
    Dr, perdeu !!!!

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    • Se eu fosse candidato Aderbal…..sinceramente….receber votos desse tipo de eleitor…seria motivo de vergonha.

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  3. estamos discutindo o futuro do estado e um fato politico grave e o cara vem atacar o blogueiro por ele ser corintiano…isso desanima mais que a politica no nosso país tupiniquim das bananosas….mas já que tá que vá…concordo com o Tarso, sai 40 Km do centro da cidade ninguém mais nem conhece nenhum time do Paraná, então, vai dormir !!!

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  4. Pô Tarsão, nesse ritmo você vai reduzir seu blog a um espaço de reprodução editorial da Gazeta do Povo.

    Está sendo vergonhoso pra mim acompanhar essa mudança de postura. Confesso que me incomodava com suas postagens defendendo os mensaleiros e a corja de condenados do seu partido, o PT, mas tudo bem, isso faz parte para quem está vinculado às facções partidárias, agora essa nova postura “paga-pau” da “imprensa golpista” que você tanto atacou é ridícula. (Sim, consegue ser uma postura mais deplorável do que defender mensaleiro condenado)

    Não vi nenhuma postagem sua se referindo aos deputados petistas que não lhe apoiaram. Você está mais preocupado em esbravejar sua raiva contra o Fabio Camargo, que sem dúvida não é a melhor opção para o cargo, mas que ao mesmo tempo tinha uma vitória mais natural do que o abandono que você sofreu da “sua base” na ALEP.

    Na boa meu caro, mas tu não tem muita moral para criticar a politicagem do governo estadual, não enquanto você for defensor da politicagem federal que o teu partido protagoniza.

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  5. Em relação a você não considerar paranaense quem veste uma camisa do Corinthians, Eu respeito a opção de todos, se você não sabe o significado da palavra respeito, dane-se com sua opinião meu chapa.

    Nasci no interior do Paraná e só acompanhava futebol pela televisão. Como as duas equipes aqui de Curitiba sempre foram inexpressivas (até os 15 anos eu sequer sabia da existência do CAP) eu simpatizei por um clube forte, um clube do povo.

    Antes de ser paranaense eu sou Brasileiro. E entre ser paranaense e Corinthiano eu prefiro o Corinthians. Se baixassem uma lei proibindo Corinthianos de aqui morarem, eu iria até o Alasca, mas continuaria Corinthiano.

    Eu separo da minha mulher mas não separo do Corinthians.

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