
Do Declatra
O Brasil inteiro foi sacudido por significativos protestos públicos que envolveram não apenas os coletivos vulneráveis, mas incorporaram importantes setores médios da sociedade. A insatisfação (no singular ou no plural) se mostra evidente.
A melhoria das condições de vida da população na última década permitiu a incorporação de setores sociais até então marginalizados gerando contradições de novo tipo: por um lado, diminuindo a submissão decorrente das condições de subordinação o crescimento da renda permitiu o exercício de maior autonomia por parte das pessoas que, enfim, expressam sua cidadania; por outro lado, a chegada deste contingente de pessoas à cena pública, comprando automóveis, frequentando shopping centers, viajando de avião, incomodou particularmente os setores da antiga classe média com a inesperada companhia em espaços que lhes eram exclusivos.
As diversas insatisfações puderam vir a público a partir do movimento da juventude pela redução nos valores das tarifas de transporte urbano. A repressão desproporcional que se abateu sobre os manifestantes, no Estado de São Paulo e também no Rio de Janeiro, desencadeou a solidariedade dos demais estudantes, e, em cadeia, trouxeram às ruas pessoas desacostumadas à manifestação pública, com reivindicações plurais, muitas das quais contraditórias entre si.
As expressivas manifestações que levaram quase duzentas mil pessoas a se mobilizar nos últimos dias indicam claramente que a insatisfação não cessará com a redução das tarifas de ônibus em algumas cidades, vez que a mobilização não se deu por vinte centavos, mas por direitos.
Em relação ao preço da passagem em Curitiba, depois de ouvirmos os Sindicatos atendidos pelo ESCRITÓRIO e centenas de trabalhadores, nossos clientes, resolvemos tornar pública nossa posição:
1) Estamos seguros de que a Prefeitura de Curitiba anunciará a redução das tarifas também em VINTE CENTAVOS, antes ou depois dos próximos protestos. Mas isto não basta: é fundamental que a administração municipal, integrada pela nossa companheira MIRIAN GONÇALVES, convoque a sociedade civil e os técnicos para análise detalhada da composição da chamada “tarifa técnica”. A transparência parece ser uma questão fundamental para que a população compreenda as razões pelas quais a tarifa deve ser esta e não outra;
2) O momento de intensa mobilização é propício para que o movimento sindical avance nas suas lutas por conquistas de direitos concretos, como a redução da carga horária semanal, a estabilidade no emprego, o fim das terceirizações, entre outras;
3) Participaremos das mobilizações por conquistas de novos direitos, ao lado dos trabalhadores e de suas entidades representativas e dos Partidos Políticos que se solidarizam com as lutas de todos os coletivos vulneráveis, como sempre fizemos.
A luta do povo brasileiro para construir um país melhor não pode ser manipulada pelos setores conservadores e reacionários que tentam instrumentalizar os legítimos protestos para seus propósitos golpistas ou de deslegitimação de governos historicamente comprometidos com os trabalhadores e as trabalhadoras.
Curitiba, 20 de junho de 2013
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
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