Gustavo Fruet ouve os manifestantes de esquerda e baixa a tarifa

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), escutou sua vice Mirian Gonçalves (PT) e baixou a tarifa do ônibus de Curitiba de R$ 2,85 para R$ 2,70. Era o ponto mais requisitado pelos manifestantes de Curitiba, principalmente os da esquerda, pró-usuários do serviço público de transporte coletivo.

Enquanto isso os manifestantes de direita continuam com o discurso golpista do “Fora Dilma”, com o discurso anti-democrático do “Fora Partidos Políticos”, com o discurso conservador pela redução da maioridade penal, entre outras besteiras.

Para aqueles que fazem discurso anti-corrupção, saibam o que causa a corrupção no Brasil: financiamento privado de campanhas políticas, despolitização da sociedade, falta de controle social da Administração Pública, pouca participação na democracia representativa e participativa, privatizações e aplicação do neoliberalismo-gerencial.

Amanhã tem a segunda Farofada na Rui Barbosa!

tn_600_430_protesto_Curitiba_DC4

Publicidade

Nota do Declatra, escritório do Xixo, Mirian Gonçalves e outros juristas

declatra_jader

Do Declatra

O Brasil inteiro foi sacudido por significativos protestos públicos que envolveram não apenas os coletivos vulneráveis, mas incorporaram importantes setores médios da sociedade. A insatisfação (no singular ou no plural) se mostra evidente.

A melhoria das condições de vida da população na última década permitiu a incorporação de setores sociais até então marginalizados gerando contradições de novo tipo: por um lado, diminuindo a submissão decorrente das condições de subordinação o crescimento da renda permitiu o exercício de maior autonomia por parte das pessoas que, enfim, expressam sua cidadania; por outro lado, a chegada deste contingente de pessoas à cena pública, comprando automóveis, frequentando shopping centers, viajando de avião, incomodou particularmente os setores da antiga classe média com a inesperada companhia em espaços que lhes eram exclusivos.

As diversas insatisfações puderam vir a público a partir do movimento da juventude pela redução nos valores das tarifas de transporte urbano. A repressão desproporcional que se abateu sobre os manifestantes, no Estado de São Paulo e também no Rio de Janeiro, desencadeou a solidariedade dos demais estudantes, e, em cadeia, trouxeram às ruas pessoas desacostumadas à manifestação pública, com reivindicações plurais, muitas das quais contraditórias entre si.

As expressivas manifestações que levaram quase duzentas mil pessoas a se mobilizar nos últimos dias indicam claramente que a insatisfação não cessará com a redução das tarifas de ônibus em algumas cidades, vez que a mobilização não se deu por vinte centavos, mas por direitos.

Em relação ao preço da passagem em Curitiba, depois de ouvirmos os Sindicatos atendidos pelo ESCRITÓRIO e centenas de trabalhadores, nossos clientes, resolvemos tornar pública nossa posição:

1) Estamos seguros de que a Prefeitura de Curitiba anunciará a redução das tarifas também em VINTE CENTAVOS, antes ou depois dos próximos protestos. Mas isto não basta: é fundamental que a administração municipal, integrada pela nossa companheira MIRIAN GONÇALVES, convoque a sociedade civil e os técnicos para análise detalhada da composição da chamada “tarifa técnica”. A transparência parece ser uma questão fundamental para que a população compreenda as razões pelas quais a tarifa deve ser esta e não outra;

2) O momento de intensa mobilização é propício para que o movimento sindical avance nas suas lutas por conquistas de direitos concretos, como a redução da carga horária semanal, a estabilidade no emprego, o fim das terceirizações, entre outras;

3) Participaremos das mobilizações por conquistas de novos direitos, ao lado dos trabalhadores e de suas entidades representativas e dos Partidos Políticos que se solidarizam com as lutas de todos os coletivos vulneráveis, como sempre fizemos.

A luta do povo brasileiro para construir um país melhor não pode ser manipulada pelos setores conservadores e reacionários que tentam instrumentalizar os legítimos protestos para seus propósitos golpistas ou de deslegitimação de governos historicamente comprometidos com os trabalhadores e as trabalhadoras.

Curitiba, 20 de junho de 2013

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

Os novos movimentos insurgentes

18jun2013---charge-do-cartunista-benett-sobre-as-manifestacoes-contra-o-aumento-da-tarifa-do-transporte-publico-1371580746094_956x500

Por Nasser Ahmad Allan, especial para o Blog do Tarso

Em meio à Copa das Confederações da FIFA a imprensa internacional tem dedicado mais importância às manifestações de rua no Brasil. Não é para menos. O fato realmente merece atenção.

Entender o que vem acontecendo é difícil. O fenômeno é complexo. No entanto, parece claro que encará-lo como um movimento de arruaceiros e desocupados, além de não ser condizente com a realidade, é simplista. Também não procede a tentativa de rotulá-lo como político partidário, vinculado aos partidos extremistas de esquerda, como se eles detivessem tamanha capacidade de mobilização popular.

Não me assenhoro da razão. Repito: o fenômeno é complexo! Quero apenas salientar algumas características interessantes que nele percebo.

Este movimento, melhor dizendo, estes movimentos se caracterizam pela negação. Representam a indignação dos brasileiros com sua classe política. Não se dirigem em especial contra determinado partido político ou governante, mas sim, a toda classe política e a todos governantes.

Nas ruas o que se vê é o exercício do direito de manifestar a insatisfação generalizada com os rumos da política do país. Nesse contexto, os absurdos gastos públicos com a Copa do Mundo, o preço da tarifa do transporte coletivo público são apenas pretextos que instigaram a reação popular. De tudo há um pouco. Motivos para levar o povo às ruas sobram. Faltam recursos à saúde enquanto o povo morre aguardando atendimento nos hospitais públicos; Ausência de investimento na educação (o que inclui o patético reajuste nos salários dos professores da rede estadual de ensino) enquanto proliferam cargos comissionados para atender ao jogo político e viabilizar uma ampla coligação para a reeleição do governador; O trânsito caótico das grandes cidades; A dificuldade em renovar quadros políticos, eternizando no poder algumas famílias, deixando a entender que as eleições servem apenas para legitimar as transmissões do poder hereditariamente.

A natureza de negação destes movimentos também se reflete na maneira em que se organizam. Há apenas rostos na multidão. Não há bandeiras, nomes, líderes ou ideais. Isso os torna extremamente interessantes por serem quase que inteiramente espontâneos, mas, de outro lado, desvelam as deficiências que a falta de organização acarreta: potencializa excessos por parte da multidão e permite sua apropriação pelos setores mais conservadores da sociedade.

De outro lado, a maneira como a Polícia Militar tem reagido não surpreende. A truculência e a violência são típicas. Este procedimento é percebido sempre que alguma categoria de trabalhadores em greve ousa causar “transtorno à ordem pública”. Pode-se dizer que a Polícia Militar não sabe lidar com manifestações públicas. Os fatos presenciados nesta semana pelo país apenas servem como exemplo disso, com a pequena diferença que a ação policial contou com apoio declarado de governantes, o que normalmente ocorre veladamente.

Não é possível prever os resultados destes movimentos. Nem se pode afirmar que haverá algum. Entretanto, ratificam o histórico de repressão às lutas populares, demonstrando como nossa democracia, nossos governantes e alguns segmentos da sociedade são autoritários.

Nasser Ahmad Allan, advogado em Curitiba, professor universitário, mestre e doutorando pela UFPR

Rede Globo não utiliza microfones com seu símbolo nas manifestações

Captura de Tela 2013-06-20 às 02.01.24

Os jornalistas da Rede Globo de São Paulo não utilizam mais microfones com o símbolo da empresa para a cobertura das manifestações.

Além de ter sido humilhada ao vivo, a Globo receia que as manifestações pela democratização dos meios de comunicação no Brasil e pelo fim dos oligopólios privados das TVs e rádios tomem corpo.

Por razões mercadológicas a Globo não diz mais que os manifestantes estão protestando contra os gastos com empreiteiras privadas para as obras da Copa do Mundo Brasil 2014. A Globo informa apenas que há manifestações contra “eventos esportivos”. Tudo com medo de perder telespectadores e com isso perca patrocínios.

E a ética jornalística? O que vale é o dinheiro? Lembremos que as empresas de TVs são concessionárias de serviços públicos.