
Conheça o jornal virtual “A Gralha” e veja entrevista com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT):
A Gralha – Outra caixa-preta de campanha é o Instituto Curitiba de Informática. A prefeitura tem quatro votos em dez no Conselho de Administração do ICI. Está dentro da lei, não dá para ampliar o número de votantes, e são de empresários do setor os outros seis votos. A Prefeitura tem acesso aos contratos do ICI. Ela sabe quanto paga.
Gustavo Fruet – Isso é importante deixar claro. A engenharia do ICI é interessante. A criação foi na gestão do Cassio e eu votei contra na época ao modelo dela. Pegando meu voto hoje, de 97, as mesmas dúvidas que levantei lá estão acontecendo. A ideia é dar agilidade à gestão, ter um fator de incentivo à pesquisa, ter um fator de inovação e busca de novas tecnologias. O que aconteceu ao longo do tempo? A ideia do ICI é que é para que ele preste o serviço, não necessariamente seja um agente que contrate soluções no mercado. Ao longo do tempo, o que vem acontecendo? O ICI vem quarteirizando os serviços. A Prefeitura de Curitiba contrata o ICI, que por sua vez contrata uma empresa. Essa quarteirização, nós não sabemos. Essa informação a Prefeitura tem que ter. E o Tribunal de Contas tinha definido no ano passado que o ICI se enquadra como organização social, portanto tinha que ser informado de tudo. E agora o ICI fica desobrigado.
A Gralha – Ou seja, volta-se à situação anterior?
Gustavo Fruet – Não, a gente está fortalecendo o grupo, não se trata de ruptura, mudou o presidente, mudou o diretor. O que nós estamos fazendo é promover o diálogo, que por vezes esteve em questionamento. Não é interessante também para o ICI romper o contrato com a Prefeitura. Empresarialmente, imagino que essas empresas estejam com a tecnologia e já estão vendendo no mercado, não precisam necessariamente vender através do ICI, já têm o know-how. Para o ICI também, perder essa estrutura não é interessante, é bom lembrar que parte do prédio, parte do pessoal é do Ippuc ou da Prefeitura. Hoje o grande movimento do ICI é a Prefeitura, quer dizer, o ICI não é um grande prestador de serviço no mercado. Pode ser, e aqui estou levantando um indício de que as empresas que prestam serviço para o ICI estejam prestando serviço no mercado e que essas empresas já não dependam tanto do ICI. Isso é uma suposição. Mas não seria interessante para o ICI simplesmente romper. Para a Prefeitura, se isso der transparência e agilidade, é um bom instrumento.
A Gralha – E a questão da informação, de ter a informação?
Gustavo Fruet – São várias coisas. A primeira delas, eu preciso ter todas as informações on-line no meu terminal. Segundo, tornar isso público, até porque é uma exigência legal. Hoje nós temos que dar acesso às fontes primárias. Terceiro, isso é estratégico numa gestão, a gente tem a tendência de crescimento na cidade, isso serve muito como fator de incentivo ao empreendimento, principalmente considerando o poder de compra da prefeitura. Nós estamos falando de contratos anuais próximos de 130, 150 milhões de reais, imagine direcionar isso para o pequeno empresário de Curitiba e da região. Quarto, incentivo à pesquisa: muitos desses projetos, desses temas, foram desenvolvidos pela prefeitura, mas não estão no nome da prefeitura, estão no nome do ICI. Pegue toda a evolução na Secretaria de Finanças, toda a evolução na área de georreferenciamento do urbanismo, quem que controla isso? Tudo começou aqui. A estrutura do 156 está onde? Começou com meu pai, aqui. Era o CPD da Prefeitura.
A Gralha – Fica tudo na mão do ICI?
Gustavo Fruet – Também não quero usar essa expressão. Mas esta é uma relação morde e assopra. Eu quero uma relação profissional. E quando a gente fala em profissional, eu quero olhar para a frente. Os contratos… Sei que os valores são altos, mas tudo pode ser feito em outro patamar, outra relação custo-benefício. Eu acho que algumas pessoas já ganharam o suficiente para poderem dar essa contribuição para a cidade. É muito simples, a hora que a gente tiver essa informação, a gente vai saber. A prefeitura contratou o ICI para solução em determinada área, o ICI contratou uma empresa, essa empresa está prestando serviço para outras prefeituras. É ético o sistema que a prefeitura contratou pelo ICI ser utilizado e apropriado pelo setor privado, sem que a prefeitura receba por isso? O correto não seria o ICI vender esses serviços também para outras prefeituras? Se o serviço é tão bom, porque o ICI depende mais de 95% dos seus contratos com a prefeitura de Curitiba? A prefeitura só gasta para contratar o serviço. Qual é o ganho que a gente está tendo?
A Gralha – O que o Sr., acha que vai acontecer nas eleições do ano que vem?
Gustavo Fruet – A gente pode especular um pouco agora. Não é fugir da pergunta. O cenário possível, natural hoje, é Gleisi e Beto, numa eleição muito competitiva.
A Gralha – Seu voto é bem claro?
Gustavo Fruet – Gleisi. É natural, é um processo que vem sendo construído.
Veja mais da entrevista no jornal A Gralha.
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