Povo mineiro paga por propaganda do governo tucano de Minas Gerais na Carta Capital

É legítimo que as empresas estatais nacionais divulguem suas ações com propaganda na mídia nacional, como por exemplo a queda dos juros da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. São empresas de interesse público que concorrem com os bancos privados.

Mas não há qualquer justificativa que o governo Antonio Anastasia (PSDB), aliado, ex-vice e sucessor do agora Senador Aécio Neves (PSDB) – chamado de novo coronel da política mineira -, gaste dinheiro público, dinheiro suado do povo mineiro, em propaganda para todo o país sobre ações realizadas na região metropolitana de Belo Horizonte.

Questiono até a própria revista Carta Capital em aceitar esse tipo de patrocínio que não tem nada a ver com o interesse público. Carta Capital, de forma ética, já negou patrocício de empresa Eternit que utiliza amianto, produto cancerígeno (ver imagem abaixo).

Gasto de dinheiro público para propaganda de um governo, ainda mais de um governo estadual para todos o Brasil, é um “câncer” (desculpem o trocadilho) que deve ser extirpado da vida pública brasileira.

Espero que esse tipo de patrocínio não retire o caráter crítico da Carta Capital contra políticas neoliberais. Por exemplo, está na hora da revista questionar a privatização dos presídios em Minas e outras políticas neoliberais dos seus governantes.

Provavelmente o mesmo gasto foi realizado em outras revistas como Veja, Época, Istoé, mas essas revistas já estão acostumadas com esse tipo de propaganda, em troca de notícias favoráveis aos governantes que pagam e desfavoráveis aos seus oponentes.

Com a palavra a Carta Capital, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais e o Tribunal de Contas do Estado.

Quem conta as lágrimas das mães paranaenses?

Do Blog Lado B

Esta semana, o governador Beto Richa (PSDB) resolveu visitar a mãe da menina Estefani Vitória Rochinski de Porto Amazonas, desaparecida desde o dia 4 de maio e teria prometido todo o empenho da polícia para resolver o caso. O conforto e a promessa não duraram nem um dia. Poucas horas depois do governador visitar a família, a delegada responsável pelo caso informa que as buscas foram suspensas e que essa determinação vale para todos os órgãos envolvidos na procura por Estefani.

Apesar da publicidade toda em torno do gesto do governador, Beto carregou nessa visita a consciência pesada pelas lágrimas de outras mães que choram até hoje a perda de seus filhos e a falta do empenho prometido. Basta citar dois momentos que causaram comoção e ganharam a atenção dos noticiários. Quando prefeito de Curitiba, Beto comemorou a instalação de câmeras de vídeo e segurança que monitoraram usuários de drogas e praticantes de furtos, para garantir o sossego de quem faz caminhadas ou passeia no Parque Barigui. Mas uma única das seis câmeras espalhadas pelo parque, se colocada no interior da Rodoferroviária de Curitiba, poderia ter identificado meses depois da alardeada proteção no Parque Barigui o assassino da menina Rachel Genofre, que desapareceu após sair da escola, foi abusada sexualmente, morreu asfixiada e teve seu corpo abandonado dentro de uma mala na rodoferroviária. Nesse terminal, circulavam em 2008 cerca de 20 mil pessoas por dia. Mas nem isso mereceu a mesma atenção de que gozava quase que com exclusividade o jacaré do Parque Barigui.

190 Km/h é crime!

Outro remorso que pode ter pousado sobre a cabeça de Beto Richa ao visitar a família da menina Estefani Rochinski e prometer todo o empenho da polícia nas investigações também tem a ver com câmeras de monitoramento e também remetem à sua responsabilidade de prefeito de Curitiba e gestor dos órgãos municipais relacionados às investigações. Quando o ex-deputado Carli Filho atropelou e matou os jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, em maio de 2009, imagens de câmeras entregues à polícia foram adulteradas, segundo informa laudo de perícia contratada pelo advogado da família Yared, e suprimiram informações preciosas para elucidar questionamentos e suspeitas levantados com base nos primeiros depoimentos de testemunhas do acidente.

Imagem compartilhada nas redes sociais para ilustrar reportagens sobre os três anos da morte dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo Almeida.

Os destinos do ex-deputado serão definidos em júri popular, mas, até então, ele goza de três anos de uma impunidade que só aumenta a dor das mães de Gilmar Rafael e Carlos Murilo, que não conseguem sepultar a injustiça. Fazer justiça não lhes devolverá os filhos, mas devolverá às suas casas e em segurança os filhos de outras tantas mães, que, após trabalharem e percorrerem de madrugada as ruas de Curitiba, não se depararão com criminosos ao volante e em livre circulação, de posse de caras, violentas e rápidas máquinas de matar.

Adversárias, Globo e Veja se unem em defesa da grande mídia golpista

Vejam o editorial da Carta Capital de 16 de maio de 2012, de Mino Carta:

Eternos chapa-branca

Em patético editorial, O Globo exibe a sua verdadeira natureza e a mídia nativa

O jornal O Globo toma as dores da revista Veja e de seu patrão na edição de terça 8, e determina: “Roberto Civita não é Rupert Murdoch”. Em cena, o espírito corporativo. Manda a tradição do jornalismo pátrio, fiel do pensamento único diante de qualquer risco de mudança.

Desde 2002, todos empenhados em criar problemas para o governo do metalúrgico desabusado e, de dois anos para cá, para a burguesa que lá pelas tantas pegou em armas contra a ditadura, embora nunca as tenha usado. Os barões midiáticos detestam-se cordialmente uns aos outros, mas a ameaça comum, ou o simples temor de que se manifeste, os leva a se unir, automática e compactamente.

Não há necessidade de uma convocação explícita, o toque do alerta alcança com exclusividade os seus ouvidos interiores enquanto ninguém mais o escuta. E entra na liça o jornal da família Marinho para acusar quem acusa o parceiro de jornada, o qual, comovido, transforma o texto global na sua própria peça de defesa, desfraldada no site de Veja. A CPI do Cachoeira em potência encerra perigos em primeiro lugar para a Editora Abril. Nem por isso os demais da mídia nativa estão a salvo, o mal de um pode ser de todos.

O autor do editorial 
exibe a tranquilidade de Pitágoras na hora de resolver seu teorema, na certeza de ter demolido com sua pena (imortal?) os argumentos de CartaCapital. Arrisca-se, porém, igual a Rui Falcão, de quem se apressa a citar a frase sobre a CPI, vista como a oportunidade “de desmascarar o mensalão”. Com notável candura evoca o Caso Watergate para justificar o chefe da sucursal de Veja em Brasília nas suas notórias andanças com o chefão goiano. Ambos desastrados, o editorialista e o líder petista.

Abalo-me a observar que a semanal abriliana em nada se parece com o Washington Post, bem como Roberto Civita com Katharine Graham, dona, à época de Watergate, do extraordinário diário da capital americana. Poupo os leitores e os meus pacientes botões de comparações entre a mídia dos Estados Unidos e a do Brasil, mas não deixo de acentuar a abissal diferença entre o diretor deVeja e Ben Bradlee, diretor do Washington Post, e entre Policarpo Jr. e Bob Woodward e Carl Bernstein, autores da série que obrigou Richard Nixon a se demitir antes de sofrer o inevitávelimpeachment. E ainda entre o Garganta Profunda, agente graduado do FBI, e um bicheiro mafioso.

Recomenda-se um mínimo de apego à verdade factual e ao espírito crítico, embora seja do conhecimento até do mundo mineral a clamorosa ignorância das redações nativas. Vale dizer, de todo modo, que, para não perder o vezo, o editorialista global esquece, entre outras façanhas deVeja, aquele épico momento em que a revista publica o dossiê fornecido por Daniel Dantas sobre as contas no exterior de alguns figurões da República, a começar pelo presidente Lula.

Anos de chumbo. O grande e conveniente amigo chamava-se Armando Falcão

Concentro-me em outras miopias deO Globo. Sem citar CartaCapital, o jornal a inclui entre “os veículos de imprensa chapa-branca, que atuam como linha auxiliar dos setores radicais do PT”. Anotação marginal: os radicais do PT são hoje em dia tão comuns quanto os brontossauros. Talvez fossem anacrônicos nos seus tempos de plena exposição, hoje em dia mudaram de ideia ou sumiram de vez. Há tempo CartaCapital lamenta que o PT tenha assumido no poder as feições dos demais partidos.

Vamos, de todo modo, à vezeira acusação de que somos chapa-branca. Apenas e tão somente porque entendemos que os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma são muito mais confiáveis do que seus antecessores? Chapa-branca é a mídia nativa e O Globo cumpre a tarefa com diligência vetusta e comovedora, destaque na opção pelos interesses dos herdeiros da casa-grande, empenhados em manter de pé a senzala até o derradeiro instante possível.

Não é por acaso que 64% dos brasileiros não dispõem de saneamento básico e que 50 mil morrem assassinados anualmente. Ou que os nossos índices de ensino e saúde públicos são dignos dos fundões da África, a par da magnífica colocação do País entre aqueles que pior distribuem a renda. Em compensação, a minoria privilegiada imita a vida dos emires árabes.

Chapa-branca a favor
 de quem, impávidos senhores da prepotência, da velhacaria, da arrogância, da incompetência, da hipocrisia? Arauto da ditadura, Roberto Marinho fermentou seu poder à sombra dela e fez das Organizações Globo um monstro que assola o Brazil-zil-zil. Seu jornal apoiou o golpe, o golpe dentro do golpe, a repressão feroz. Illo tempore, seu grande amigo chamava-se Armando Falcão.

Opositor ferrenho das Diretas Já, rejubilado pelo fracasso da Emenda Dante de Oliveira, seu grande amigo passou a atender pelo nome de Antonio Carlos Magalhães. O doutor Roberto em pessoa manipulou o célebre debate Lula versus Collor, para opor-se a este dois anos depois, cobrador, o presidente caçador de marajás, de pedágios exorbitantes, quando já não havia como segurá-lo depois das claras, circunstanciadas denúncias do motorista Eriberto, publicadas pela revista IstoÉ, dirigida então pelo acima assinado.

Pronta às loas mais desbragadas a Fernando Henrique presidente, com o aval de ACM, a Globo sustentou a reeleição comprada e a privataria tucana, e resistiu à própria falência do País no começo de 1999, após ter apoiado a candidatura de FHC na qualidade de defensor da estabilidade. Não lhe faltaram compensações. Endividada até o chapéu, teve o presente de 800 milhões de reais do BNDES do senhor Reichstul. Haja chapa-branca.

Impossível a comparação entre a chamada “grande imprensa” (eu a enxergo mínima) e o que chama de “linha auxiliar de setores radicais do PT”, conforme definem as primeiras linhas do editorial deO Globo. A questão, de verdade, é muito simples: há jornalismo e jornalismo. Ao contrário destes “grandes”, nós entendemos que a liberdade sozinha, sem o acompanhamento pontual da igualdade, é apenas a do mais forte, ou, se quiserem, do mais rico. É a liberdade do rei leão no coração da selva, seguido a conveniente distância por sua corte de hienas.

Acreditamos também que entregue à propaganda da linha auxiliar da casa-grande, o Brasil não chegaria a ser o País que ele mesmo e sua nação merecem. Nunca me canso de repetir Raymundo Faoro: “Eles querem um País de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”. No mais, sobra a evidência: Roberto Civita é o Murdoch que este país pode se permitir, além de inventor da lâmpada Skuromatic a convocar as trevas ao meio-dia. Temos de convir que, na mídia brasileira, abundam os usuários deste milagroso objeto.

Presidenta Dilma lança o “Brasil Carinhoso”

Presidente Dilma Rousseff (PT) lança o programa Brasil Carinhoso e parabeniza as mães brasileiras. Brasil Carinho é para crianças de 0 a 6 anos que ainda estiveram na miséria, uma ação nacional mas principalmente para o Norte e o Nordeste do Brasil, em parceria com os governos estaduais e municipais e garantirá renda mínima de R$ 70 para cada família que tiver uma criança de 0 a 6 anos, e acesso de crianças muito pobres às creches. Veja o discurso de hoje que passou em rede nacional:

Queridas mães brasileiras,

Talvez seja essa a primeira vez que, desta cadeira presidencial, alguém faz um pronunciamento no nosso dia, o Dia das Mães. Não por acaso, é também a primeira vez que nosso país tem uma presidenta, uma mulher que é mãe, filha e avó. Uma mulher, que como a maioria de vocês, já se emocionou nessa data.

Hoje, quero dar um abraço cheio de alegria e esperança em todas as mães brasileiras, em especial, nas que mais sofrem, nas que passam sacrifício para alimentar, criar e educar seus filhos. Sei que quando uma presidenta fala para as mães mais pobres, todas as outras mães a escutam com alma e coração. Por isso, sei que cada uma de vocês está atenta ao que eu vou dizer. Não são apenas palavras de conforto que tenho para as mães mais pobres do nosso país. Quero anunciar, hoje, o lançamento da ação Brasil Carinhoso, que irá tirar da miséria absoluta todas as famílias brasileiras que tenham crianças de 0 a 6 anos de idade.

O Brasil Carinhoso faz parte do grande programa Brasil Sem Miséria, que estamos desenvolvendo com sucesso em todo o território nacional. E será a mais importante ação de combate à pobreza absoluta na primeira infância já lançada no nosso país. O nome da ação diz tudo: Brasil Carinhoso. É o Brasil cuidadoso, o Brasil que cuida bem do seu bem mais precioso: as nossas crianças. Que tem carinho e amor por elas.

Todos sabem que a principal bandeira do meu governo é acabar com a miséria absoluta no nosso país. Mas nem todos sabem que, historicamente, a faixa de idade onde o Brasil tem menos conseguido reduzir a pobreza é, infelizmente, a de crianças de 0 a 6 anos.

Para um país, é uma realidade duplamente amarga ter, ao mesmo tempo, gente ainda vivendo na miséria absoluta e esta pobreza se concentrar, com mais força, entre as crianças e os jovens.

A concentração da pobreza é igualmente cruel regionalmente, pois é no Nordeste e no Norte onde ela está mais presente. Setenta e oito por cento das crianças brasileiras em situação de pobreza absoluta vivem nestas duas regiões. E 60% delas estão no Nordeste. Ou seja, regiões mais pobres, crianças mais desprotegidas, mães e pais entregues, historicamente, à sua própria sorte.

A vida das crianças pobres tem melhorado muito nos últimos anos no Brasil. O índice de mortalidade infantil caiu 47,5% no país, e 58,6%, no Nordeste. Porém, muito ainda precisa ser feito e a situação se agrava em períodos de seca, como ocorre neste momento no Nordeste. Por estas razões, o Brasil Carinhoso, mesmo sendo uma ação nacional, vai olhar com a máxima atenção para as crianças destas duas regiões mais pobres do país: para o Norte e para o Nordeste.

Como outros programas do Brasil Sem Miséria, ele será uma parceria dos governos federal, estaduais e municipais e terá três eixos principais. O primeiro, e muito importante, vai garantir uma renda mínima de R$ 70,00 a cada membro das famílias extremamente pobres que tenham pelo menos uma criança de 0 a 6 anos. É uma ampliação e um reforço muito importante ao Bolsa Família. Isso, aliás, tem sido uma prática bem-sucedida do Brasil Sem Miséria.

O segundo eixo do Brasil Carinhoso será aumentar o acesso das crianças muito pobres à creche. E o terceiro, ampliar a cobertura dos programas de saúde para elas. Neste caso, além do reforço dos atuais programas de saúde, vamos lançar um amplo programa de controle da anemia e deficiência de vitamina A, e introduzir remédio gratuito contra asma nas unidades do Aqui Tem Farmácia Popular.

Quero enfatizar a importância de se ampliar efetivamente o acesso das crianças pobres às creches. E creche significa mais que um teto ocasional para essas crianças. A creche significa saúde, educação, comida, conforto, lazer e higiene. Significa atacar pela raiz a desigualdade. Para ampliar essa cobertura, vamos construir novas creches e, especialmente, ampliar e estimular convênios com entidades públicas e privadas.

Com o Brasil Carinhoso, estamos reforçando fortemente as ações do Brasil Sem Miséria que beneficiam as mulheres e as crianças. As crianças, aliás, têm sido a prioridade desde o início do programa, como mostram, por exemplo, os subprogramas Bolsa Gestante e o Bolsa Nutriz.

Fico muito feliz de poder anunciar o Brasil Carinhoso no Dia das Mães. É uma forma de reafirmar, de maneira ainda mais contundente, que nosso governo tem o maior conjunto de programas de apoio à mulher e à criança da nossa história. Ou seja, é o Brasil cuidando cada vez mais de quem dá a vida e de quem faz o futuro.

É um Brasil moderno e amoroso, cuidando de suas mães e dos nossos queridos brasileirinhos e brasileirinhas.

Um feliz Dia das Mães e uma vida mais feliz para todas as mães brasileiras é o que desejo de todo coração.

Obrigada e boa noite.

Dilma e seu neto

Belluzzo diz que crise na Europa se deu por endividamento privado e não déficit fiscal e dívida pública

Carta Capital de 09 de maio de 2012

Sem fim e sem rumo

Europa

A opção pela austeridade continua a fazer vítimas e a não produzir resultados

Por Luiz Gonzaga Belluzzo

A Itália e a Espanha voltaram ao proscênio da crise europeia, sob a estrita vigilância dos mercados financeiros, os mesmos que levaram as economias à breca com suas práticas imprudentes e, não raro, fraudulentas. Salvos da bancarrota pelos governos generosos, os suplicantes de ontem, algozes de hoje, cobram caro para acolher em suas carteiras os papéis soberanos.

Exaustas das torturas da austeridade sem-fim e sem rumo, indignadas diante das chantagens dos mercados, as massas foram às ruas para protestar neste 1º de Maio.

Mesmo sitiados pelas tropas midiático-financistas, os cidadãos comuns reagem com o voto nos países com eleições próximas: na França a soma dos votos contrários à aliança “Merkozy” chegou a mais de 50% do eleitorado. Na Grécia, a coalizão dos dois grandes partidos é minoritária, se comparada às intenções de voto da oposição fragmentada no mosaico de pequenas agremiações.

Caixa de ressonância da opinião oficial alemã, a mídia conservadora acena com os riscos do populismo à esquerda e à direita e não se cansa de atribuir a crise europeia aos desmandos fiscais dos governos gastadores e perdulários. O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble, roda o realejo de Angela Merkel: “não há alternativa para a austeridade”. A Wermacht e Goebbels não fariam melhor.

Na aurora do euro, eliminado o risco cambial pela adoção da moeda única, a corrida dos bancos para abocanhar novos devedores na periferia foi frenética. Os bancos alemães e franceses lideraram o certame, à frente de suecos, austríacos e ingleses. Em meio à consigna que proclamava “desta vez será diferente” os bancos dó “centro” promoveram um impressionante “movimento de capitais” intraeuropeu, capturando em sua rede de devedores os congêneres dos “periféricos”. Formaram posições credoras pesadas contra os colegas da Espanha, de Portugal, da Irlanda. A dívida intrafinanceira foi às alturas e disseminou lentamente o risco sistêmico.

A maioria dos ditos PIIGS caiu na farra do endividamento privado, ensejada pela redução rápida e drástica dos juros cobrados aos devedores privados dos países cujas moedas, se existissem, não proporcionariam tal moleza. Encolheram os spreads entre os juros alemães, o benchmark, e as taxas pagas pelos tomadores dos países menos votados.

As mentiras e tapeações começam por ignorar que até 2007os déficits fiscais dos ditos periféricos (Grécia, Portugal, Espanha, Itália, Irlanda) estavam muito bem comportados, respeitavam, com sobras, os critérios de Maastrich, ainda que Grécia e Itália apresentassem níveis de endividamento cronicamente elevados. A Espanha, por exemplo, exibia, em 2007, uma relação dívida/PIB de 27% e um superávit de 1,9%, índices superiores aos da austera Alemanha que mostrava, no mesmo ano, um superávit fiscal de 0,3% e uma dívida pública de 50% do PIB. Na verdade, as políticas fiscais dos chamados periféricos foram bastante cautelosas: entre 2001 e 2007, o déficit médio caiu de 2,3%, para 1,8%, do PIB. Com a eclosão da crise, o salto foi espetacular: 5,5%, em 2008, 11,3%, em 2009 e 13,2%, em 2010.

Enquanto asseguravam o controle da instância fiscal, os países da periferia acumulavam desequilíbrios em conta corrente dos balanços de pagamentos. Às vésperas da crise, no ano da graça de 2007, o déficit médio em conta corrente de Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha chegou a 8,5% do PIB, enquanto o superávit da turma dos virtuosos (Alemanha, Áustria, Bélgica e Holanda) se aproximava dos 4%. As cifras das contas externas denunciavam a política neomercantilista da Alemanha, maior beneficiária do euro. Resumo da peça: os bancos estrangeiros, sobretudo alemães e franceses, financiavam o consumo dos gastadores periféricos que derramavam suas demandas pressurosas nas engrenagens da indústria alemã.

A recessão, como é de conhecimento geral, provocou a queda das receitas públicas, suscitou o aumento automático do gasto decorrente, das medidas de proteção social e finalmente obrigou os governos a socorrer os sistemas financeiros quebrados. A crise das dívidas soberanas é conseqüência do estouro da bolha financeira e do colapso do gasto privado, o que impôs aos bancos centrais e aos tesouros nacionais a intervenção “salvadora”. No compasso da desalavancagem das empresas e famílias e das operações de resgate dos bancos, o endividamento privado transmutou-se em déficit fiscal e dívida pública, A despeito da recessão, os déficits em conta corrente vão bem, obrigado.

No auge da crise de 2008, os bancos centrais cumpriram seu dever e impediram que o crash financeiro degenerasse numa Grande Depressão. Os estoques de dívida soberana emergiram dos escombros do endividamento privado promovido pelos bancos alemães, franceses, austríacos etc., que se lambuzaram nas delícias da farra imobiliária e da bolha de consumo.

Quando a roda da fortuna girou em falso, foi inevitável o recurso à “centralização estatal”, única forma de contornar a destruição do crédito e da moeda, ou seja, da rede informacional da economia monetária da produção. A ruptura nas articulações do sistema de provimento de liquidez, de gestão da riqueza e de pagamentos acarretou a quase paralisia do metabolismo econômico.

Os bancos centrais, portanto, estão condenados a cumprir a missão de reverter a deterioração generalizada dos balanços. Esses desequilíbrios financeiros e patrimoniais revelam-se ainda mais severos e difíceis de “digerir” na posteridade de um ciclo de crédito apoiado na valorização fictícia de ativos, como foi o caso dos imóveis.

A emergência da crise da dívida soberana a partir do colapso do endividamento privado exige intervenções não convencionais das autoridades monetárias. Só elas seriam capazes de impor regras destinadas a facilitar o refinanciamento das dívidas e a recuperação do crédito ao setor privado. Deixados à sua própria sorte, os bancos privados não podem contabilizara desvalorização implícita de seus ativos e os devedores não suportam a insistência dos “mercados” em manter o valor nominal das dívidas. A insistência alemã na austeridade é uma defesa ineficaz de seus bancos “bichados”. Lembra o calvário dos programas de ajustamento impostos às economias latino-americanas depois da crise da dívida dos anos 80. Tudo terminou no Plano Brady, aquele que reestruturou as dívidas soberanas.

Na Europa, a encrenca é sistêmica: o crédito está travado porque os bancos desconfiam de tudo e de todos, inclusive deles mesmos. A rede de pagamentos e de provimento de liquidez formada pelo sistema bancário europeu, dia sim, dia não, está à beira da hecatombe. O colapso da confiança não pode ser superado sem a centralização das decisões na autoridade monetária encarregada de zelar pela higidez das relações interbancárias e, portanto, pela “normalidade” das operações de crédito.

As propostas de Sócrates – Juca Kfouri

Hoje na Folha de S. Paulo

São Paulo, fevereiro de 1984

DOUTOR SÓCRATES Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira sempre foi uma figura especial, firme em seus princípios, mas incapaz de dizer não para qualquer proposta nova, mesmo que bizarra, desde que representasse algum ruído, algo incomum.

Ele topava, dedicava horas das suas folgas para atender e não cobrava um tostão, fazia por acreditar e por diversão.

Por isso, aceitou fazer fotos para a revista “Placar” como “O Pensador”, de Rodin, para simbolizar o cérebro do time do Corinthians que ele comandou entre 1978 e 1984, e como d. Pedro 1º, quando prometeu ficar no Brasil caso a emenda das eleições diretas fosse aprovada no Congresso Nacional no dia 25 de abril de 1984.

Era o seu Dia do Fico, que acabou frustrado e culminou com a ida para Florença, onde vestiu a camisa violeta da Fiorentina.

Essas são histórias, embora saborosas, já por demais conhecidas, que viraram capa da revista à época e foram fartamente comentadas em dezembro do ano passado, por ocasião de sua morte, aos 57 anos.

Menos conhecida, mas não menos saborosa, foi a noite em que ele aceitou ir ao programa que a revista mantinha na TV Abril, num horário comprado à TV Gazeta, em sua faixa nobre, entre 20h e 22h.

A ideia era a de que ele falasse sobre política, de um lado, e, de outro, o governador André Franco Montoro (1916-99) sobre futebol.

Estávamos em fevereiro de 1984, no auge da efervescência da campanha das Diretas-Já e da bem-sucedida “Democracia Corinthiana”.

Ambos toparam imediatamente e tratamos de produzir o programa da maneira mais simples possível, apenas pedindo ao governador de São Paulo que fosse sem paletó nem gravata e ao craque do Corinthians que, ao contrário, fosse de paletó e gravata.

Montoro aceitou sem pestanejar, ao contrário do Magrão, que disse que estava para nascer quem o fizesse se vestir daquele modo. Mas que ninguém se preocupasse, porque ele surpreenderia com uma indumentária original, que seria um sucesso.

Confesso ter tremido na base. Por conhecê-lo bem, temi que aparecesse de bermuda, chinelo de dedo e camiseta regata num cenário que era vazado e mostrava os entrevistados dos pés à cabeça.

Na verdade, menosprezei sua criatividade, porque minha ideia não seria nada original.

Eis que, em cima da hora do início do programa -ao vivo-, com Montoro já sentado na bancada do estúdio, microfone devidamente posto na camisa social, surge o Magro, vestido da maneira mais casual que pôde imaginar: de macacão!

Tive ímpetos de esganá-lo, mas Montoro ria tanto e o pessoal do estúdio festejava tanto que achei melhor relaxar e me concentrar no programa.

Que foi um show.

Ele quase não deixou o também alvinegro governador falar, tantas eram a propostas que tinha para a cidade de São Paulo, para o Estado dos paulistas e, é claro, para o país. Eu chamando o governador de governador e de senhor, ele chamando de Montoro e de você.

Até que não aguentei e, meio a sério, meio brincando, num intervalo, alertei o Magrão para o eventual excesso de informalidade.

Antes que ele saísse com uma das suas, Franco Montoro atalhou: “Ô Juca, ele acaba de ser bicampeão paulista com a ‘Democracia Corinthiana’. Pode me chamar do jeito que quiser”. E assim foi até o fim do programa.

Quatro anos antes, em dezembro de 1980, havíamos resolvido mostrá-lo pós-futebol, com 50 anos, como se fosse em 2004, devidamente paramentado como médico.

Ele mais uma vez topou passar um tempão sendo maquiado.

Quando, de fato, completou seu cinquentenário, mostrei a ele a foto e ele achou que estava melhor do que o retrato.

E estava mesmo.

Não imaginávamos que seria por tão pouco tempo.

Venezuelano Pastor Maldonado, patrocinado pela estatal PDVSA, vence sua primeira corrida na F1

O piloto Pastor Maldonado é o primeiro venezuelano a ganhar um Grande Prêmio na Fórmula 1 na Espanha e dedicou o triunfo histórico aos torcedores de seu país. Foi também o primeiro pódio de Maldonado. O piloto da Williams foi o pole position e seguido por Fernando Alonso e Kimi Raikkonen.

Maldonado conta com o apoio da petrolífera venezuelana PDVSA, gerida pelo governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Requião não vai apoiar Luciano Ducci de jeito nenhum. Apoiará Greca no 1º turno

Hoje o Senador Roberto Requião (PMDB) tuitou: “Multas eletrônicas, ICI, Delta na linha verde, Falta de médicos, aliança com Beto e PSDB, Concorrência do IPPUC, e muito mais. Vendidos?”

Deixa claro duas coisas: não deixará que o PMDB de Curitiba apoie o prefeito Luciano Ducci (PSB) em outubro e garante a candidatura do ex-prefeito Rafael Greca, que agora também está no PMDB.

E ainda chamou de vendidos os pmdbistas do rabo azul que querem fazer aliança com a direita. São eles: Alexandre Curi, Luiz Cláudio Romanelli, Doático Santos e Stephanes Junior.

Coritiba é o tricampeão paranaense de 2012 nos pênaltis em cima do Atlético Paranaense. Veja o poster do campeão

O Coxa acabou de ganhar nos pênaltis e é o novo campeão paranaense de 2012, em cima do Atlético Paranaense, após empate de 0 X 0 no tempo normal. O jogo foi no estádio Couto Pereira, em Curitiba, casa do Coritiba. O Coritiba também venceu os títulos de 2010 e 2011, em cima do Atlético, que é tri-vice, além de estar na segundona do Campeonato Brasileiro de Futebol. Não está fácil a vida dos atleticanos.

Lula acompanha o título do São Bernardo na A2 do Campeonato Paulista de Futebol

Foto: Marcelo Pereira/Terra

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), corinthiano, e o presidente da CBF, José Maria Marin, acompanharam o título do São Bernardo na Série A2 do Campeonato Paulista após empate por 2 a 2 com a União Barbarense, no sábado, no Estádio 1º de Maio, no ABC paulista.

Desenvolvimento e subdesenvolvimento no mundo pós-neoliberal – Marcio Pochmann

Na Revista Fórum

Na segunda metade do século XVIII, o aparecimento da primeira Revolução Industrial deu início à transição da sociedade agrária. As bases da nova sociedade urbano-industrial impuseram significativos ganhos de produtividade no trabalho, decorrentes da emergência do novo padrão de produção e do consumo associado ao uso intensivo de carbono. Com isso, a expansão da base material da economia foi tornando possível elevar o padrão de bem-estar social por meio de grandes lutas sociais e políticas, como no caso de modalidades emancipatórias na condição de trabalho pela sobrevivência. Diante da elevação da expectativa média de vida para mais de 50 anos de idade, houve importante redução da carga horária de trabalho dos segmentos sociais ativos e proteção aos riscos do trabalho penoso.

Por meio da captura de parte do excedente econômico gerado pela sociedade urbano-industrial, responsável pela expansão do fundo público, tornou-se possível viabilizar o financiamento da inatividade de crianças, adolescentes e idosos por meio de uma garantia generalizada de serviços (saúde, transporte e educação públicos), bens (alimentação, saneamento e moradia) e rendas (bolsas e subsídios). Uma vez concluída a formação para o trabalho (até os 15 anos de idade), tinha início o exercício do trabalho durante 30 a 35 anos, com contribuição ao fundo público capaz de permitir a imediata passagem para a inatividade (sistema de aposentadoria e pensão que legava viver sem mais depender do mercado de trabalho). Isso se tornou mais evidente desde o final do século XIX, com o avanço da Segunda Revolução Tecnológica, que, simultaneamente à ocorrência da Depressão entre 1873 e 1896, abriu lugar à nova disputa entre nações emergentes pela sucessão da liderança inglesa. Alemanha e Estados Unidos despontaram com o protagonismo da industrialização retardatária, com ganhos de produtividade superiores a todos os demais países. A solução final, todavia, ocorreu mais tarde, após a realização de duas grandes guerras mundiais, em que a Alemanha foi derrotada sucessivamente.
No contexto da Guerra Fria (1947–1991), mesmo com a presença da União Soviética, os Estados Unidos estabeleceram seu modo de vida (american way of life) como forma de dominação global. Mas a crise da produção em 1973 logo passou a apontar os limites do americanismo, concomitantemente ao impulso emergente das economias da Alemanha e do Japão. A contrareforma neoliberal do final da década de 1970 permitiu aos EUA retomar com mais força sua hegemonia por meio do reposicionamento do Japão à condição secundária (longa estagnação na década de 1990), da reacomodação da Alemanha no quadro das exigências de sua reunificação e consolidação da União Europeia e, ainda, do estrangulamento das experiências de socialismo real (desarticulação da União Soviética).
A condução da política neoliberal estadunidense pós-crise de regulação da década de 1970 se mostrou suficiente para se antepor ao fervor japonês e alemão, bem como levar à exaustão a experiência de socialismo soviético. Esse êxito, contudo, foi portador da corrosão das bases produtivas do capitalismo norte-americano, o que fez repetir, guardadas as proporções, a trajetória inglesa do final do século XIX, de contaminação pelo vírus da improdutividade da financeirização da riqueza. Paralelamente, parte da Ásia confirmou, por intermédio de experiências nacionais, a constituição de uma nova fronteira de expansão, as novas fontes de dinamismo do capitalismo global. Justamente China e Índia, que foram, em especial, os dois grandes territórios do planeta que perderam em função do avanço da hegemonia inglesa e estadunidense na primeira e segunda Revolução Industrial e Tecnológica, voltaram a se tornar emergentes diante da implantação de experiências associadas ao planejamento central e vigor do Estado. Reformas realizadas desde a década de 1980 foram tornando esses países referências à expansão capitalista, com crescente deslocamento da produção industrial ocidental para a Ásia, concomitantemente ao avanço da Terceira Revolução Industrial e Tecnológica.
Por outro lado, a América Latina, África e parcela dos países da Europa Oriental foram os maiores perdedores durante quase três décadas de hegemonia das políticas neoliberais. A despeito disso, o Brasil, só mais recentemente, ressurgiu como alternativa em disputa na recuperação econômica para além do centro capitalista mundial. No contexto da sucessão de crises econômicas e financeiras mundiais após 1973, alguns poucos países fora do eixo das economias desenvolvidas apresentaram-se em condições de liderar um novo ciclo de expansão produtiva. Essa possibilidade histórica encontra-se aberta ao mundo diante do curso da transição da sociedade urbano-industrial. Na sociedade pós-industrial em construção, o conhecimento pode se tornar um dos principais ativos da propulsão do desenvolvimento, cujo avanço da produtividade pertence ao comando do processo de desmaterialização das economias. Sob estas condições, depositam-se as possibilidades adicionais da maior libertação do homem do trabalho pela sobrevivência, por meio da postergação do ingresso no mercado de trabalho para depois do cumprimento do ensino superior e da oferta educacional ao longo da vida.
O excesso da produção, não mais a escassez, parece expressar a sociedade ancorada no trabalho imaterial e no conhecimento, o que possibilita gestar um novo padrão de produção e consumo que não mais protagoniza a degradação ambiental. A sustentação do meio ambiente ganha importância com a necessidade de mudança do atual modelo de produção e consumo, estimulado pelo processo maior de desmaterialização das economias modernas. Nada, contudo, está definido. Há tendências que podem ser confirmadas à medida que os sujeitos históricos apresentam-se capazes de construir seus próprios caminhos, orientados pela consolidação da liderança econômica, social e ambiental no atual cenário mundial pós-neoliberal em disputa.
Este artigo é parte integrante da edição 109 da revista Fórum.
Marcio Pochmann é colunista da Revista Fórum, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – Ipea, professor livre-docente da Unicamp e pré-candidato do PT para prefeito de Campinas/SP.

Gestão Luciano Ducci reduziu aplicação de multas por motivos eleitorais, suspeitam especialista

Luciano Ducci (PSB) agradecendo os agentes de trânsito e o secretário de trânsito Marcelo Araújo

Segundo reportagem da Gazeta do Povo de 10.05.2012, especialistas em trânsito não descartam a possibilidade de que a queda de 38% de aplicação de multas em Curitiba esteja relacionada com o ano eleitoral. Antônio Clóvis Pinto Ferraz, coordenador do Núcleo de Estudos em Segurança no Trânsito da Universidade de São Paulo (USP):

“Não afirmo que isso esteja ocorrendo, mas é natural que as prefeituras tenham um desejo de reduzir as multas. Às vezes, em ano eleitoral, é muito interessante diminuir essa equação, porque a multa deixa o cidadão irritado”

Sérgio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes pela Universidade de São Paulo (USP):

“É um número muito alto [38%] para creditá-lo a uma mudança comportamental. Ou as autuações eram exageradas ou há algo errado agora”.

Alessandra Bianchi, professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora de um grupo de pesquisa em trânsito e transporte sustentável:

“Ainda que a multa seja um estimador fraco do comportamento do motorista, ela é válida. Mas não dá para dizer que a queda das autuações seja fruto do comportamento. Parece-me, apenas, uma mudança de critério”.

Mais uma ligação de Cachoeira com o Paraná: ele diz que se formou em Londrina, onde ninguém nunca o viu

A esposa de Cachoeira também não foi vista em londrina, caso contrário teria sido notada

O bicheiro Carlinhos Cachoeira morava em Goiás, mas apresentou um diploma na área de Administração da Inesul de 2010, de Londrina, para mostrar que tinha profissão e tentar um habeas corpus.

Mas um professor e uma aluna da instituição da turma de 2010 disseram para a Gazeta do Povo de 11.05.2012 que Cachoeira nunca foi visto lá.

A Inesul confirmou a validade do diploma, disse que o bicheiro fez lá apenas a matéria de TCC, mas se negou a dizer o nome do professor de TCC do Cachoeira. A Inesul pertence aos mesmos donos do CIAG, ONG investigada por desviar R$ 300 milhões de prefeituras.

Querido amigo Sócrates – Afonsinho, novo colunista da Carta Capital

Carta Capital de 09 de maio de 2012

Vamos continuar conversando. Não há de ser uma simples partida que pode interromper o nosso campeonato e o verso diz que a morte é a contingência do esporte da vida. Além do mais, “aqui na Terra estão jogando futebol (na Espanha? na Alemanha?), tem pouco samba, muito funk e rock’n’roll”. Mas o que me incomoda mesmo é a sensação de voltar no tempo, retroceder. No fim das contas, estão aí o Passe Livre e a Democracia Corintiana.

Todos andam preocupados com a Seleção. E o Romário tem marcado golaços no Congresso. Foto: Sergio Goncalves Chicago/Flickr

O primeiro ainda que solapado pelos espertalhões de plantão e pela “bancada da bola” (como se pode admitir um bando de cartolas inescrupulosos ser chamado assim?). A segunda é um avanço, com a diferença de ser incontestável, porque ganhou também dentro do campo, nas famosas quatro linhas, e não existe argumento a ser invocado. Está aí um tema que podemos continuar comentando: concentração é cárcere privado?

Das suas preocupações, muitas continuam nos castigando: Fifas, CBFs etc. A Copa do Mundo, com todos os seus problemas, nos aperta contra a parede do tempo. Agora a boa-nova. Ganhamos um guerrilheiro da área. O baixinho Romário tem aproveitado bem as brechas e marcado golaços no Congresso. Temos estimulado os esportistas, não só do futebol, que detêm mandatos políticos a se unir a favor do esporte (aí sim uma bancada da bola). Lembra da nossa campanha na Constituinte?

Uma inédita. Por estes lados volta-se a “discutir” as Malvinas. Na cabeça de quem pode caber em nossos dias, se é que algum dia coube na cabeça de alguém, algum direito da Inglaterra sobre a região? O argumento final para se advogar esse absurdo, imagine, é o fato de as Malvinas terem sido colonizadas pelos ingleses. É um escárnio. Se a ONU não é capaz de decidir uma questão dessas, vamos mal. Nada de bravatas, militarismo desnecessário, no máximo uma indenização por benfeitorias e tchau.

Em matéria de futebol, a temperatura anda nas alturas, decisões por todo o Brasil e final da temporada europeia. De uma tacada só foram para o espaço Palmeiras e Corinthians. Perderam para a dupla campineira Ponte Preta e Guarani. Logo depois, o Santos derrotou o São Paulo e vai encarar o Guarani, que venceu a Ponte. No Rio, o Botafogo desbancou o Vasco, ganhou a Taça Rio e vai para a final contra o Fluminense.

No Velho Mundo, o Barcelona perdeu melancolicamente para o Chelsea, depois de estar vencendo por 2 a 0 num jogo feio de ataque e defesa típicos de time grande contra pequeno, em que às vezes ganha o Davi. Nesse jogo, o Barça sofreu um gol “messiano” do nosso Ramires. Já o argentino perdeu um pênalti e outro gol de pelada que mostrou um Barça desintegrado.

Ramires lembra a todo o momento o grande Moacir, que rivalizava com Didi a camisa 8 do Brasil antes da Copa de 1958. Jogava no Flamengo com arte e, em seguida, foi para o Equador, onde vive. Anda muito doente. Sempre trabalhou modestamente naquele país, a ensinar o maravilhoso futebol da geração de ouro.

Parece que estamos pela gota d’água. Na ânsia de “fazer dinheiro”, o futebol realiza vários torneios ao mesmo tempo, as datas se atropelam e grandes clássicos, a exemplo do Fla-Flu de tanta tradição, às vezes acabam esvaziados porque os treinadores dão prioridade à Libertadores e usam times reservas.

Onde há alguma organização de classe ainda existem férias respeitadas e tudo o mais. No futebol, os jogadores têm o descanso encurtado e começam a jogar antes da hora, em pré-temporadas mal organizadas.

No campo e fora dele, a violência. Os jogos lembram A Noite dos Desesperados: correria desenfreada, bolas perdidas a cada 5 metros e muitas vezes choques entre atletas do mesmo time.

Meu prezado, lembro-me da sua crônica explicando a sempre presente discussão sobre o crucial pênalti. É pior para o goleiro ou para o batedor? É falta de treinamento?
É justo ou correto decidir-se um título mundial por um único jogador? Mais um papo bom para a roda de amigos

E por falar em papo de amigos, todos andam preocupados com a Seleção. Acho que podemos ter um bom time em 2014, mas é uma irresponsabilidade o Brasil não ter um time-base a dois anos da disputa e com uma Copa das Confederações no meio. Enterrar a mágoa da Copa de 1950 será difícil. A CBF continua a apostar em um projeto formalista, engessado, que deu muito errado no último Mundial.

Amigo, as coisas vão acontecendo sempre e de vez em quando eu contarei as novas. Pois como insiste o poeta, “eu continuo aqui mesmo…”

Um abração e saudades,
Afonsinho

P.S. Obrigado, muito obrigado, Chico Anysio, quando no auge da pressão que eu sofria no Botafogo (impedido de receber material para treinar), numa de suas passagens por General Severiano em companhia do grande Nilton Santos, ter sido carinhoso comigo e aberto meus olhos para a maldade dos dirigentes. Suas palavras amigas muito me ampararam e foram lições de vida para o jovem que eu era então.

Nas Minas Gerais de Aécio Neves os tucanos estão privatizando até os presídios. Beto Richa quer fazer o mesmo aqui e já até sancionou a lei

Em agosto nas Minas Gerais será inaugurada a primeira penitenciária privatizada por meio de Parceria Público-Privada do Brasil, por iniciativa do governo tucano neoliberal de Antonio Anastasia, pupilo do senador coronel Aécio Neves (PSDB).

Vejam o que o Blog do Tarso já postou sobre a privatização dos presídios no Paraná implementada pelo governador Beto Richa (PSDB):

Privatização dos presídios de Beto Richa contraria Resolução e o Plano Nacional do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

Beto Richa sanciona a Lei que privatiza presídios em evento no TJ/PR. OAB/PR e MP, presentes no evento, são a favor?

Privatização dos presídios de Beto Richa é inconstitucional

Governo Beto Richa vai privatizar presídios

Neste final de semana, Curitiba está assim: 29; 26; 18; 7; e 4

Demorei para entender, mas agora caiu a ficha!

Do Blog do Esmael

Numa feira com mais cinco mil opções para os consumidores, às vezes, o dinheiro sempre é curto. Lulinha tem R$ 29 para as compras; Mickey Mouse possui R$ 26; Lulu outros R$ 18; o Sabidão conta com R$ 7; e dona Mocinha tem apenas R$ 4 para torrar em guloseimas, mas o papai informa que vai lhe dar mais “dindin” adiante.

Carta Capital põe em cheque as concessões dos aeroportos realizadas pelo governo federal

Leilão de privatização dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasilia, realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Há algo de podre no Reino da Dinamarca?

Na Carta Capital de 09 de maio de 2012

Ruído na torre de controle

Aeroportos

O Governo Põe Pressão Nos Consórcios Para Garantir Gestão Eficiente

A poucos dias da assinatura do contrato para a transferência da operação dos aeroportos de Brasília, Campinas e Guarulhos aos consórcios vencedores do leilão, algo se move no Planalto. E não exatamente na direção desejada pelos grupos formados para disputar a administração dos principais terminais de passageiros e cargas do País.

O que mexeu com os brios dos investidores, cujos lances foram festejados pelo governo, devido ao ágio de 347%, foram as informações que circularam na véspera do 1° de Maio. Segundo o jornal Valor, o governo decidiu exigir a troca das operadoras que compõem os consórcios vencedores, classificados por concorrentes vencidos nos leilões como de “segunda linha”.

A história não é exatamente esta, apurou CartaCapítal, mas quase. Preocupado com a experiência das operadoras, o governo teria sugerido aos consórcios vencedores terceirizar a gestão após a assinatura do contrato, uma forma de evitar ações judiciais. Segundo um ministro ouvido por CartaCapítal, o Planalto ficará no campo da sugestão, mas espera efeitos práticos. “Nenhuma empresa quer ficar mal com o governo”, disse.

A ideia deixou os consórcios perplexos e levou a Secretaria de Aviação Civil (SAC) a emitir uma nota de desmentido: “E improcedente a informação de que o governo exigirá a troca dos operadores aeroportuários que compõem os consórcios vencedores do leilão de licitação”.

Nos dias seguintes, os consórcios se fecharam. Mas deixaram evidente que esta seria uma mudança radical de orientação, que não evitaria ações na Justiça por parte das empresas cujas propostas foram homologadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com a homologação, o governo deu o aval à transferência, comentam reservadamente representantes dos consórcios, processo que seguirá por meio da partilha do comando com a Infraero durante alguns meses, até que os novos administradores assumam o controle completo, provavelmente em novembro.

No fundo, o próprio desmentido da SAC deixa margens ao atendimento da “sugestão” do governo. Em um dos trechos, a secretaria comenta: “A SAC ressalta que as regras do processo de concessão permitem que os consórcios vencedores busquem novas parcerias com o objetivo de fortalecer ou modernizar os projetos de infraestrutura e gestão desses aeroportos. O governo avalia que as possíveis iniciativas nesse sentido vão se reverter na melhora da qualidade dos serviços”.

O governo teria desejado passar uma mensagem. Particularmente no caso de Campinas, ganho pela brasileira Triunfo Participações e a operadora francesa Egis, cujo maior aeroporto tem movimento modesto, de 5,5 milhões de passageiros ao ano. Integrante do consórcio segundo colocado no leilão, a Odebrecht questionou a Anac a partir do currículo modesto da Egis. A agência não levou adiante as reclamações. O consórcio seria, porém, o primeiro interessado em atender o governo. Segundo informações, parcerias com outras gestoras já estariam em curso.

Também preocupa o aeroporto de Brasília, entregue à argentina Corporación América. À frente do aeroporto de Buenos Aires, acumula dívidas não pagas no passado. Nos dois casos, o governo avalia que a pressão informal será suficiente para que busquem parceiros com musculatura.

Em Cumbica, onde venceram os maiores fundos de pensão e a operadora estatal sul-africana ACSA, não haveria motivos de preocupação. Responsável por operar o maior aeroporto da África do Sul, a ACSA passou pelo crivo do governo, que acompanhou de perto a formação do consórcio, cujo capital é majoritariamente de fundações ligadas a estatais. Com experiência na Copa de 2010, a ACSA teria know-how suficiente por gerir terminais pelos quais trafegam 30 milhões de passageiros ao ano, nível próximo ao de Guarulhos.

Época: “Beto Richa é da nossa família. Você pensa num caboclo que gosta de um jogo”

A revista Época desta semana traz novos elementos sobre a suposta ligação de paranaenses com o esquema de Carlinhos Cachoeira. Veja parte da reportagem da revista:

Na semana passada, em sessão secreta da CPMI do Cachoeira, no Senado, o delegado federal Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Monte Carlo, listou 81 pessoas, muitas delas políticos, que mantinham contatos com integrantes da organização criminosa ou seriam cortejados por eles. Entre os listados está o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Em 23 de agosto de 2011, Lenine Araújo, um dos principais colaboradores de Cachoeira, e Miguel Marrula (DEM), ex-vereador de Anápolis, em Goiás, falam da pretensão de Cachoeira de expandir sua atuação no Paraná. “Meu primo é muito… do vice-governador de lá, sabe? E quer levar o Carlinhos Cachoeira para conhecer o Beto Richa, lá, e a gente pode aproveitar alguma coisa nisso, você concorda?”, diz Marrula a Araújo. “Ele (Richa) é da família nossa. Você pensa num caboclo que gosta de um jogo…” Durante audiência na CPI, ficou claro que o primo a quem Marrula se refere é Amin Hannouche (PP), prefeito de Cornélio Procópio, no Paraná. Amin tem pretensões de ser o candidato a vice-governador de Beto Richa na eleição de 2014.

Marrula diz que, apesar de pequeno, o grupo ligado ao primo é forte. “Está com a faca e o queijo na mão porque o pessoal de lá, o secretário de Segurança, nós que colocamos…é gente da minha casa. É gente do meu primo”, afirma. O secretário de Segurança do Paraná, Reinaldo Almeida César Sobrinho, seria o personagem da conversa entre Marrula e Araújo. Sobrinho foi presidente da Associação de Delegados Federais e assessor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O delegado Sobrinho afirmou a ÉPOCA que não conhece Marrula nem Cachoeira. Disse, ainda, que conheceu o prefeito de Cornélio Procópio meses depois de ter assumido a Secretaria de Segurança e nega interferência dele em sua nomeação. Ao jornal Gazeta do Povo, Amin confirmou ser primo de Miguel Marrula, mas negou relações com Cachoeira.

Antes mesmo da Operação Monte Carlo, a cúpula da Segurança Pública no Paraná já fora atingida por suspeitas de relações com jogo ilegal. Em novembro do ano passado, o então comandante da Polícia Militar no Estado, Marcos Scheremetta, foi afastado depois de dizer que conversava com os chefões do jogo do bicho no Estado. Scheremetta disse que seu pai, que já morreu, costumava trabalhar com o jogo ilegal. Scheremetta afirmou também que nunca escondeu essas informações do governador e do secretário de Segurança.

Feliz dia das mães! Happy mother’s day!