Hoje na Gazeta do Povo
Olho vivo
Mistérios 1
Passadas já quase três semanas do acontecimento, nem todos os mistérios que cercaram a viagem que o governador Beto Richa fez a São Paulo no último dia 4 foram esclarecidos. Foi nesse dia que o helicóptero de prefixo PP-JFR, com Richa a bordo, quase se espatifou no aeroporto de Campo de Marte, pondo em perigo a vida também do hábil piloto que conseguiu fazer a aterrissagem forçada e dos outros dois passageiros, um deles identificado como sendo o senhor Luiz Abi – presença não confirmada pelo governo.
Mistérios 2
O helicóptero levaria o governador e seus acompanhantes para uma reunião no banco BTG-Pactual. Com a pane, o trecho foi percorrido de carro. Mas o que teria ido fazer o governador no Pactual? Este banco é o mesmo que, em 2008, foi pivô de uma crise na Paranaprevidência que culminou na destituição do seu à época diretor-financeiro que, desobecendo orientação superior, aplicou nele R$ 50 milhões do fundo previdenciário. A ordem era de aplicar apenas em papéis e bancos oficiais.
Mistérios 3
Por coincidência, a acidentada maratona paulista aconteceu dias antes de a Paranaprevidência ter sido autorizada a voltar a operar com fundos de bancos privados até o montante de 30% de seus recursos, de acordo com lei federal recentemente aprovada. Por cautela, o conselho de administração da Paranaprevidência limitou em apenas 15% a aplicação em fundos de renda variável, compostos de ações sujeitas ao sobe e desce das bolsas. A parcela autorizada, no entanto, representaria algo entre R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.
Mistérios 4
A Paranaprevidência anunciou que abrirá licitação para contratar uma consultoria financeira para assessorá-la na escolha de instituições e fundos privados para os quais destinará seus investimentos. Mas já que não há mais impedimentos legais nem restrições superiores, não é improvável que recursos dos servidores públicos sejam novamente canalizados para o Pactual.
Mistérios 5
Desse conjunto de informações emergem alguns mistérios: a) Quem eram e que papel teriam os assessores que Beto Richa levou à reunião com o Pactual? b) O encontro teria servido para reabrir as portas da Paranaprevidência ao banco? c) Se não era este o assunto, qual outro interesse do estado teria levado o governador a procurar justamente esse banco? Nenhuma das fontes oficiais consultadas soube (ou quis) esclarecer esses mistérios.

Um comentário sobre “Celso Nascimento da Gazeta do Povo questiona Beto Richa sobre o mistério do helicóptero e do Banco BTG-Pactual”