O PMDB do Paraná e Roberto Requião

O Movimento Democrático Brasileiro – MDB foi criado durante a ditadura militar, quando existia a obrigação pelo bipartidarismo, para se contrapor ao partido que apoiava o golpe de 1964, a Aliança Renovadora Nacional – ARENA. Posteriormente a ARENA se transformou no PDS, que se cindiu quando da criação do PFL. O PDS depois virou o PPB, e atualmente é o PP. O PFL se transformou posteriormente no Democratas, mais conhecido como DEMO.

O MDB era composto por defensores da democracia, das mais variadas correntes. Com o inicio da redemocratização e crescimento do MDB, acabou a obrigatoriedade do bipartidarismo e muitos dos membros do MDB criaram o PMDB, numa época em que também surgiram o PT, PDS, PDT, PTB, entre outros.

O PMDB continuou dividindo o poder com o PDS elegendo metade dos governadores em 1982. No Paraná elegeu José Richa. Conseguiu eleger em 1985, de forma indireta, Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse. Assumiu a Presidência José Sarney, dissidente do PDS e, com o Plano Cruzado de 1986, o PMDB assumiu o poder na grande maioria dos Estados Brasileiros. No Paraná elegeu Álvaro Dias.

Começa a decadência do Partido, e principalmente por causa de um racha no PMDB paulista, entre Orestes Quércia e pmdbistas como Montoro, Covas e FHC, estes saem do partido e criam o PSDB em 1988.

Desde então o PMDB, no âmbito nacional, acabou se tornando um partido sem identidade, sem ideologia, com feudos regionais e sempre apoiando os governos nacionais por interesse em cargos.

Mesmo com a saída dos ex-Governadores José Richa e Álvaro Dias, o PMDB do Paraná se manteve forte com a liderança de Roberto Requião, que manteve o partido no Paraná com uma ideologia de centro-esquerda.

O PMDB do Paraná sempre foi oposição aos Governos municipais em Curitiba de Jaime Lerner, Rafael Greca, Cássio Taniguchi e Beto Richa, e também se opôs ao Governo Jaime Lerner (1995-2002). Lerner, do PFL, apoiado pelo PSDB, foi o Governador que privatizou e precarizou a Administração Pública estadual, e foi base de apoio do Governo neoliberal de FHC.

Com Requião o PMDB do Paraná assumiu o Poder no Governo Estadual nos mandatos de 1991-1994 e 2003-2010. Nesse período, Requião conseguiu manter o partido com uma ideologia de centro-esquerda. Requião conseguiu fazer um Governo progressista mesmo com a presença de Secretários e apoio de Deputados Estaduais que apoiavam o Governo neoliberal de Jaime Lerner.

Requião mudou o Paraná, mas infelizmente, não conseguiu mudar seu Partido. Com os elogios de Orlando Pessuti a Beto Richa na posse no dia 1º último, Romanelli na Secretaria do Trabalho (sim, o partido permitiu que o líder do Governo Requião na Assembléia Legislativa assumisse uma Secretaria no Governo Beto Richa), Alexandre Curi e os Sthephanes como apoiadores “de carteirinha” ao “novo” Governo dos demotucanos, me parece que o PMDB do Paraná assumiu de vez seu caráter fisiológico e desideologizado do PMDB Nacional.

O problema para Roberto Requião, eleito Senador da República, é que pelo menos nos próximos quatro anos esse é o destino do PMDB do Paraná e sair do partido talvez não seja a melhor escolha. O PT de Paulo Bernardo, o PDT de Osmar Dias e o PCdoB de Ricardo Gomyde talvez não seja uma boa opção estratégica. O PSB do Paraná nunca foi um Partido de esquerda, sempre foi lernista e apoiador dos demotucanos. O PV do Paraná também é apoiador dos demotucanos. O PSOL do Paraná é muito pouco estruturado e talvez seja um pouco a esquerda demais para Requião. Partidos mais a esquerda me parece impossível, assim como partidos de centro e de centro-direita, distantes do discurso nacionalista e defensor do social de Requião.

Quem sabe sua candidatura à Prefeitura de Curitiba em 2012 ou ao Governo em 2014 seja a saída para o PMDB no Paraná, já que o partido nunca o permitiu e talvez nunca permitirá que Roberto Requião seja candidato a Presidente.

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