Deputado Tadeu Veneri questiona a privatização 171 de Beto Richa e Cassio Taniguchi

Secretário Cassio Taniguchi na Audiência Pública hoje. Foto de Tarso Cabral Violin

Secretário Cassio Taniguchi na Audiência Pública hoje. Foto de Tarso Cabral Violin

Audiência comprova necessidade de revisão do Tudo Aqui

Do site do Deputado Estadual Tadeu Veneri (PT)

O líder da bancada de Oposição na Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Veneri (PT), declarou nesta terça-feira, 7, que o governo do Estado deve rever todo o contrato do programa Tudo Aqui, que prevê a criação de uma Parceria Público Privada para a prestação de 171 serviços das esferas nacional, estadual e municipal em centros de atendimento ao cidadão em sete cidades do estado. “O projeto foi feito com base em dados superestimados em relação à demanda real dos serviços. É uma fraude. A população vai pagar quase R$ 3 bilhões por algo que não irá receber”, disse Veneri, durante audiência pública realizada no plenarinho da Assembleia Legislativa. A audiência foi convocada pela liderança do governo na Assembleia Legislativa e teve a participação do coordenador do projeto, o secretário do Planejamento, Cássio Taniguchi.
Para o líder da bancada de Oposição, os representantes do governo não conseguiram explicar à população os cálculos em que se basearam para chegar ao valor total da licitação, neste momento suspensa pelo governo do Estado. Veneri disse que muitas perguntas continuam sem resposta, já que os dados repassados pela prefeitura de Curitiba sobre a média de atendimentos mensais das Ruas da Cidadania foram superestimados no estudo técnico realizado pela empresa Shopping do Cidadão Serviços e Informática Ltda.
Na audiência, o secretário foi sabatinado por representantes de várias entidades sindicais que representam os servidores públicos. Todos manifestaram posição contrária à transferência de funções do estado para a iniciativa privada. O secretário admitiu que poderá rever alguns pontos do edital, como o que repassa atribuições do Detran para a empresa que vencer a concorrência para o Tudo Aqui.
Taniguchi também admitiu que irá republicar decreto corrigindo a destinação de R$ 20 milhões para o programa Tudo Aqui. De acordo com o secretário, os recursos foram pagos pela desapropriação de uma área onde funcionaria um dos centros de atendimento ao cidadão, em Maringá. Mas no decreto publicado no Diário Oficial, a rubrica de referência é para o pagamento de consultoria para o programa.
O vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores no Paraná, Marcio Killer, afirmou que a entidade é contra a terceirização ou privatização de serviços públicos. “O que nós defendemos é a melhora e a ampliação dos serviços prestados pelo poder público. Consideremos que não há necessidade de o governo do estado fazer este contrato e muito menos a este custo”, disse.
A líder do PT na Assembleia Legislativa, deputada Luciana Rafagnin, questionou o secretário sobre a desapropriação. Rafagnin destacou que o governo teria indenizado a Codapar pela área, quando o dono original da área é a Companhia Melhoramentos do Estado, que havia cedido o imóvel com cláusula de reversão de domínio quando o uso fosse alterado. “Nós entendemos que o governo terá de pagar duas vezes pela mesma área porque a proprietária original vai querer ser remunerada pela propriedade”, disse Rafagin.
O deputado Elton Welter manifestou a preocupação com a decisão do governo do Estado de recorrer à Parcerias Público Privadas para reduzir despesas com pessoal. “Parece que o governo quer fugir da Lei de Responsabilidade Fiscal transferindo serviços públicos para setores privados”, disse Welter. O deputado petista também questionou os valores previstos no contrato do projeto paranaense, lembrando que, em outros estados, serviços semelhantes foram contratados a um custo menor.

Amanhã audiência pública de Beto Richa e Cassio Taniguchi para a privatização Tudo Aqui

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Após pressão da sociedade Beto Richa desiste de fazer a “privatização 171”, por enquanto

Elles estão privatizando o Paraná: Cassio Tniguchi e Beto Richa

Elles estão privatizando o Paraná: Cassio Taniguchi e Beto Richa

Após grande pressão contrária da sociedade, da blogosfera, da Academia e de vários deputados estaduais, em especial do deputado Tadeu Veneri (PT), o governador Beto Richa (PSDB) decidiu adiar o lançamento do edital da licitação para privatizar 171 serviços públicos pelo programa “Tudo Aqui”, que ele copiou de outros governadores tucanos.

Mais uma derrota do governador, que queria privatizar o mais rápido possível, mas vai ter que ser, pelo menos, transparente na execução desse absurdo.

Até Belmiro Castor critica a privatização de Beto Richa: “Um novo ICI?”

O Prof. Belmiro Castor defende as privatizações. Mas até para ele Beto Richa está exagerando…

Um novo ICI?

Publicado hoje na Gazeta do Povo

BELMIRO VALVERDE JOBIM CASTOR

Se tudo correr como planejado, o governo estadual irá privatizar o atendimento de 171 diferentes serviços de 34 órgãos públicos e assemelhados, entregando-os a um concessionário administrativo por 25 anos, prorrogáveis por outros 25, a um custo inicial de mais de R$ 3 bilhões. Faz sentido? Minha opinião curta e grossa: não.

Uma coisa é contratar periodicamente empresas privadas para realizar obras e serviços específicos de um ente ou uma empresa pública ou mista. É o caso de serviços de limpeza, de conservação, de entrega de correspondência, de construção e manutenção de obras etc. Outra totalmente diferente é conceder a uma empresa ou grupo privado praticamente todas as atividades de atendimento ao cidadão por um período tão longo, em condições de virtual exclusividade.

Acresce que os serviços a serem prestados o serão inicialmente em apenas nove localidades: três em Curitiba e seis em cidades-polo do interior, o que não caracteriza exatamente uma conveniência para quem mora em uma cidade com milhões ou centenas de milhares de habitantes. Como não é crível nem conveniente que em uma cidade como Curitiba, Londrina ou Maringá serviços públicos sejam concentrados em três lugares apenas, a atual rede de atendimento dos Correios, da Copel, da Sanepar e outras entidades certamente será mantida; mesmo porque as infraestruturas de tecnologia de informação são diversas e, em muitos casos, devem ser protegidas contra o acesso não autorizado de terceiros. Além disso, os serviços que envolvem o exercício do poder de polícia ou da fé pública (Polícia Civil, Detran, Polícia Federal, Receita Federal e Junta Comercial, por exemplo) obviamente não podem ser inteiramente delegados a funcionários de uma empresa privada. E por aí afora.

Minha opinião é que, se é para firmar Parcerias Público-Privadas, deveríamos fazê-lo para financiar obras de infraestrutura, que envolvam grandes investimentos de retorno lento e algum risco para o concessionário privado. O Tudo Aqui não tem nem uma nem outra característica: os investimentos a cargo do vencedor da licitação são relativamente modestos (três das centrais serão atuais Ruas da Cidadania reformadas e nenhuma das demais terá mais de 4 mil m²); boa parte da tecnologia a ser utilizada já foi desenvolvida para outros serviços semelhantes existentes em outros estados; e o risco de demanda é zero, pois se trata – praticamente em todos os casos – de serviços prestados em regime de monopólio legal ou virtual do Estado.

E, se é para gastar esse dinheirão em melhoria do atendimento ao cidadão, que se faça no desenvolvimento e na implantação de um verdadeiro governo eletrônico – isso, sim, um avanço definitivo. No mundo desenvolvido, o cidadão faz praticamente tudo o que envolve o poder público a distância, via informática. Aí, sim, há um avanço real de qualidade e não na criação de nove centros em um estado com 400 municípios e mais de 11 milhões de habitantes.

Estaria eu exagerando quando percebo no projeto do Tudo Aqui a reedição da incrível e surrealista experiência do Instituto Curitiba de Informática (ICI), a quem a Prefeitura de Curitiba paga fortunas e delegou monopolisticamente seus serviços de tecnologia de informação, mas a cujos custos e práticas não tem acesso?

Quando deputados resolveram inquirir o secretário de Planejamento sobre esse projeto de mais de R$ 3 bilhões envolvendo compromissos por uma ou duas gerações, o requerimento foi derrubado por ordem do líder da bancada do governo, como “uma afronta ao governador”. Contrariamente ao que pensa o prestativo deputado Traiano, perguntas não afrontam ninguém; a falta de respostas a perguntas razoáveis é que afronta a inteligência dos outros.

Belmiro Valverde Jobim Castor é professor do doutorado em Administração da PUCPR.