Hoje no O Globo
O caminho
Concentração de renda não se deve à meritocracia, já que vem principalmente de dinheiro herdado
Um espectro ronda a Europa e o resto do mundo onde a receita neoliberal contra a crise é austeridade para os pobres e liberdade total para os ricos enriquecerem cada vez mais. O espectro tem nome e sobrenome: Thomas Piketty. É um jovem economista francês cujo livro “O capital no século XXI” é um best-seller internacional e está apavorando muita gente. Não há resposta para a sua tese de que a ideia de que basta deixar os ricos se lambuzarem que sobrará para os pobres — todos se beneficiarão e a desigualdade acabará no planeta — é furada como um donut — a não ser chamá-lo de um marxista com preconceitos previsíveis. Mas justamente o que assusta em Piketty é que sua tese foge da ortodoxia marxista e é baseada em retrospectiva academicamente irretocável e fatos e números inegáveis, não em ideologia. Ela apenas prova que a lição dos últimos anos, quando o capital financeiro se adonou do mundo, é não apenas que o caminho tomado está errado e só levará a mais desigualdade como todos os argumentos usados para justificá-lo são falsos. A concentração de renda não se deve a nenhum tipo de meritocracia, já que vem principalmente de dinheiro herdado ou produzido pelo próprio dinheiro, sem nenhum proveito social, e nem as oligarquias mais “esclarecidas” estão prontas a renunciar à sua capacidade de autogeração, que, no caso, é a possibilidade de se autorremunerar ao infinito. A continuar assim, diz Piketty, a história do capitalismo no século XXI será a do crescente confronto com a desigualdade e com a revolta que ela, cedo ou tarde, mas fatalmente, provocará.
Gosto daquela cena num filme dos irmãos Marx em que Groucho, no papel de um general, prepara-se para explicar a seus comandados o significado de um mapa na parede. “Uma criança de 3 anos entenderia este mapa”, diz Groucho. E, depois de estudar o mapa por alguns minutos: “Tragam uma criança de três anos!” Sem querer diminuí-lo — ao contrário — acho que monsieur Piketty é a criança de 3 anos desta história. Ele traz uma visão nova de uma situação que todo mundo está vendo mas nem todo mundo enxerga ou quer enxergar, e que a criança de 3 anos veria com a mesma simplicidade, sem os mesmos recursos do francês. Mas também desconfio que, passado o primeiro susto, a tese de Piketty terá o mesmo efeito da explicação da hipotética criança de 3 anos — muito pouco. A lição que Piketty aprendeu ou apreendeu no passado estava evidente. Se o caminho errado continua o mesmo é porque interessa economicamente e politicamente a quem tem o poder e não quer distribuí-lo como se distribui renda. É um caminho para o desastre conscientemente assumido.
bah, bah, bah.
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Opa que maravilha! Então quer dizer que se eu acumular o patrimônio de R$ 1.000.000,00 durante toda minha vida de TRABALHO e passar isso para o meu filho quando eu for dessa pra melhor, a herança se tornará a maldição da humanidade? A faça-me o favor!
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Discurso do século XIX
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Você é hilário!
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Tá certo! Vamos socializar o trabalho ! Eu trabalho e você gasta, tá bom assim?
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Nossa, que engraçado
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For dessa para melhor? Lembre-se: “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos Céus” (Jesus Cristo).
E, pelo jeito, você é meio apegado aos bens materias.
“Vende tudo o que tens e dá aos pobres e terá um tesouro nos céus”…(Jesus Cristo).
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Graças ao capitalismo Lula/Dilma se hospedam nos melhores hoteis em suites presidenciais quando poderiam usar a embaixada, fazem viagens “oficiais” para compras, a petralhada está cada vez mais rica, AV viaja em avião de doleiro, irmão de genoino passeia com milhares de dolares na cueca, filho de presidente sai de gari para dono de emissoras…
Realmente o capitalismo é o mal desse mundo, bom é o socialismo caviar…
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Pare de ver TV e ler a capa da Veja, corroi o cérebro
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