Folha de S. Paulo esquece a Constituição e questiona gastos sociais de Itaipu

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Uma reportagem do caderno “Mercado” da Folha de S. Paulo de domingo (12) questionou os gastos sociais que a usina hidrelétrica Itaipu Binacional realizou durante os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2014), ambos do Partido dos Trabalhadores – PT.

Para a Folha e os demais neoliberais, a questão social deve ser tratada de acordo com o “mercado”. Típico da Folha.

A reportagem informa que a empresa binacional (Brasil-Paraguai) despendeu US$ 80 milhões em 2012 em hospitais, escolas e projetos sociais, e em 2003 o valor era de apenas US$ 8,7 milhões.

A Folha está indignada que a Itaipu tenha gastado em hospitais, turismo, comunidades indígenas, proteção à criança, incentivo a empresas nascentes, um observatório astronômico e até, vejam só, em uma universidade. Que absurdo não é?

Por causa da Itaipu os municípios afetados pelo reservatório de água da usina melhoraram muito o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e duas escolas de Foz do Iguaçu estão entre as dez melhores do país na educação básica.

Mas a Folha chamou “especialistas” para que criticassem os projetos sociais.

Chamou o professor da UFRJ Edmar Luiz de Almeida para questionar: “Será que uma empresa de eletricidade não está substituindo o papel do Estado?”.

Por que o jornal não chamou um professor do Paraná, mais conhecedores da realidade da Itaipu?

Para o professor carioca, a Itaipu é uma simples “empresa de eletricidade”. É uma piada!

Mas a Folha não para por aí. Cita ainda Adriano Pires do CBIE: “Itaipu é mais um exemplo do uso que o PT faz das estatais para tocar projetos sociais e alavancar voto”.

A Folha e seus “especialistas” esquecem que a nossa Constituição Social, Republicana e Democrática de Direito de 1988 garante justiça social, igualdade e o papel do Estado de intervir diretamente e  indiretamente na economia e no social por meio de empresas estatais, por razões de interesse público. A Folha esquece da função social da propriedade, da função social das empresas, da dignidade da pessoa humana e demais princípios constitucionais.

Por que a Folha não questiona os gastos sociais e com propaganda da Sabesp dos governos tucanos de São Paulo?

Por que a Folha não questiona os gastos das empresas estatais em propagandas em suas páginas?

Por que a Folha não questiona as assinaturas da Folha realizadas por órgãos e entidades estatais, com dinheiro público?

Pelo menos o jornal escutou Jorge Samek, o diretor-geral de Itaipu: “Nosso foco principal é produzir energia, e com isso não se brinca. Mas, se eu não aproveitasse o pessoal qualificado que tenho para desenvolver a região, não estaria cumprindo meu papel de cidadão”.

Os gastos sociais representam apenas 1% da receita da Itaipu.

A Folha informa que o montante e os projetos apoiados são definidos pela diretoria de Itaipu. Mas é claro que isso passa também pelo Conselho de Administração da empresa e pelos governos do Brasil e do Paraguai. O jornal queria que fossem definidos por quem? Pelos tucanos? Pela Folha? Pela Globo? Pela Veja? Pelo mercado financeiro?

A Folha tem saudades do governo FHC. Para os neoliberais tudo deveria ser privatizado e o Estado deveria servir apenas para garantir os lucros altíssimos e imorais do mercado financeiro e grande capital. Mercado financeiro, inclusive, que manda na Folha, no Estão, na Veja, na Globo, etc.

E se não criarmos o financiamento público de campanha, esse mercado financeiro continuará mandando nas eleições do Brasil.

Viva a Itaipu!

Viva seus gastos sociais e a redução da desigualdade social no Brasil!

Tarso Cabral Violin – advogado, professor de Direito Administrativo, mestre em Direito do Estado e doutorando em Políticas Públicas pela UFPR, ex-Diretor Jurídico da Celepar – Companhia de Informática do Paraná, autor do Blog do Tarso

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Eleições: Rumo ao financiamento democrático

Doação eleitoral de empresas deve ser proibida?

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Rumo ao financiamento democrático

Por Aline Osorio, na Folha de S. Paulo de sábado (11)

Empresas não têm direito a voto. Afinal, vivemos em uma democracia, que é governo do povo. No entanto, as regras de financiamento de campanhas em vigor no país –que permitem que empresas doem até 2% de seu faturamento anual– garantem a tais entidades uma via alternativa e mais eficaz para influenciarem as eleições. Continuar lendo

Entrevista com Celso Antônio Bandeira de Mello sobre a AP 470 (“mensalão”)

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No jornal Brasil de Fato

“Direitos foram violados pelo STF”

Celso Bandeira de Mello, um dos maiores juristas do país, critica julgamento e prisões no caso “mensalão”

26/11/2013, por Luiz Felipe Albuquerque, de São Paulo (SP)

O julgamento do caso do “mensalão” foi político e inconstitucional, na avaliação de Celso Antônio Bandeira de Mello, que é reconhecido como um dos mais brilhantes e respeitados juristas brasileiros.

Professor Emérito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), Bandeira completou 77 anos na semana passada envergonhado com o papel cumprido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento. “Esse julgamento é viciado do começo ao fim. Agora, os vícios estão se repetindo, o que não é de estranhar.

Não vejo nenhuma novidade nas violações de direitos. Confesso que fiquei escandalizado com o julgamento”, diz. Na semana passada, 11 condenados do processo foram presos, como o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, e o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu. Bandeira critica o “açodamento” das prisões e considera “gravíssimo” o tratamento dado a Genoíno, que passou recentemente por uma cirurgia no coração e está doente.

A prisão dos condenados da ação antes do julgamento dos embargos infringentes cumpriu o rito jurídico?

Celso Antônio Bandeira de Mello – Houve um açodamento. Começaram a cumprir em regime fechado mesmo aqueles que deveriam estar em regime semiaberto. A meu ver, todo o julgamento foi ilegal. Diria até inconstitucional. A começar, por suprimir uma instância, quando fizeram todos serem julgados no STF, o que não era o caso. Esse julgamento é viciado do começo ao fim. Agora, os vícios estão se repetindo, o que não é de se estranhar. Não vejo nenhuma novidade nas violações de direitos. Confesso que fiquei escandalizado com o julgamento. Continuar lendo

Exposição relembra primeiro comício pelas “Diretas Já” em Curitiba

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A prefeitura de Curitiba organiza a partir de hoje uma exposição que relembra primeiro comício pelas “Diretas Já” em Curitiba, ocorrido há exatos 30 anos, que foi o primeiro do Brasil. Será de hoje (12) até 23 de janeiro de 2014, das 11h às 21h, na Rua das Flores (Boca Maldita), dentro de um ônibus biarticulado. A entrada é gratuita.

Os direitos, os humanos e a natureza

Vista do Museo de La Pachamama, em Amaicha del Valle, norte da Argentina (Thais Glowacki/Divulgação )

Vista do Museo de La Pachamama, em Amaicha del Valle, norte da Argentina (Thais Glowacki/Divulgação)

Na Gazeta do Povo de ontem (11)

O Caderno G Ideias deste sábado analisa o debate em torno da criação de um novo paradigma filosófico e jurídico de defesa da natureza no direito sul-americano

Por Sandro Moser

As duas mais recentes Constituições promulgadas na América Latina – Equador (2008) e Bolívia (2009) – trazem expressas em seus tex­tos um ino­vador reconhecimento da na­tu­reza como sujeito de direitos, assim entendido como aquele a quem a lei, em sentido amplo, atribui direitos e obrigações.

Há em ambas as legislações um surpreendente deslocamento da visão do homem como o centro do universo. O novo paradigma jurídico dos textos legislativos tem como ideia central a garantia de que a natureza, ou Pachamama (“mãe-terra”, na língua ancestral dos povos originais da região), não pode mais ser considerada como objeto de livre disposição do homem, e sim em nível de igualdade com este, por fazerem parte do mesmo todo.

“Não se trata de ambientalismo destinado a proteger centros de caça ou recursos alimentares escassos para os seres humanos, nem tampouco de proteger as espécies por mero sentimento de piedade, por serem menos desenvolvidas do que os humanos, mas de reconhecer obrigações éticas em relação a eles.” Eugenio Raul Zaffaroni, em La Pachamama y el Humano (2012, Ediciones Colihue)

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2014: o ano que pode não acabar – Luiz Edson Fachin

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Publicado ontem (11) na Gazeta do Povo

Julgamentos trepidantes à vista, eleições no cardápio e reformas na pauta legislativa compõem um tripé reluzente do palco que se abre no ano que começa. Há, em verdade, um ínsito talento profético que emerge do simples fato de se ter um calendário com novo ano. Pode mesmo dar certo, mas é otimismo por mais realista que seja. A fé na vida, contudo, pode esconder muita coisa nas platitudes dos votos de bem-aventurança. Continuar lendo

Alvaro Dias denuncia que José Richa não queria as Diretas Já em Curitiba

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Hoje faz 30 anos que ocorreu em Curitiba o primeiro comício pelas Diretas Já no Brasil. O atual senador Alvaro Dias (PSDB, então no PMDB), denuncia que o então governador do Paraná, José Richa (PMDB, depois fundou o PSDB), não quis organizar o evento por medo de fracasso. Segundo Dias, Richa, para do atual governador Beto Richa (PSDB), “temia o desgaste”.

O então governador José Richa só foi à Boca Maldita depois de ser informado de que o calçadão estava lotado.

Dias diz que “o Richa nos desaconselhou porque não havia uma tradição na cidade de grandes comícios e por ser um período de férias, em que muita gente estava na praia. Mesmo assim, eu assumi a responsabilidade”.

E continua: “Combinei com o Richa que ligaria a ele para dizer como estava o evento. Dependendo do número de pessoas, ele apareceria. Então eu liguei para o Richa do Hotel Del Rey e disse: ‘A Polícia Militar conta que há 60 mil pessoas aqui’ e ele respondeu: ‘Você está brincando!’ Então, o Richa apareceu lá, subiu ao palanque e discursou. Nunca se viu tanta gente na Boca Maldita como naquele dia”.

Paraná, com Beto Richa, fica apenas em 14º no ranking nacional de investimentos

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O Governo de Carlos Alberto Richa, vulgo Beto Richa (PSDB), ficou em 14º no ranking nacional de investimentos, em 2013, segundo estudo do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio­­econômicos.

Investimentos são os gastos com obras ou aquisições de bens.

Estados bem mais pobres e com menor população ficaram na frente do Paraná.

Informações da Gazeta do Povo de hoje (12).

Por favor outubro de 2014, chega logo!

Média de investimentos no Paraná: Requião 6,6% X Beto Richa 4,4%

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Reportagem na Gazeta do Povo de hoje (12) mostra que a média de investimentos no governo de Roberto Requião (PMDB) no Paraná, entre 2003 e 2010, foi de 6,6% das despesas totais, com pico de 9,3% em 2006.

No governo atual, de Carlos Alberto Richa, vulgo Beto Richa (PSDB), a média é de apenas 4,4%.

Com esse percentual baixo de investimento, Beto vai ter dificuldades de vencer Requião ou Gleisi Hoffmann (PT) nas eleições para o governo.

Por favor outubro de 2014, chega logo!