Gazeta do Povo, Globo, Veja e o neoliberalismo na comunicação

Eu sou controlado pelo Estado e pelo Mercado. A Receita Federal sabe quanto eu ganho. A Setran – Secretaria de Trânsito de Curitiba e a Consilux sabem por onde anda meu automóvel (a não ser o de alguns poderosos). O ICI – Instituto Curitiba de Informática controla e sabe sobre o que eu reclamo na prefeitura. O Google e o Facebook sabem as minhas preferências pessoais e políticas. A Justiça Eleitoral controla e aplica multa quando meu Blog divulga uma enquete política entre os meus leitores. O Serasa utiliza de dados públicos para fins privados. O Poder Judiciário é controlado pelo Conselho Nacional de Justiça. O Ministério Público é controlado pelo Conselho nacional do MP. O Poder Executivo é controlado pelo Poder Legislativo. O Tribunal de Contas fiscaliza a Administração Pública. A sociedade civil, o povo, controla, ou poderia controlar, tanto o Estado quanto o mercado (a não ser o ICI).

Mas a Gazeta do Povo, juntamente com a rede Globo, a revista Veja, a Folha de S. Paulo, a Rede Record, não querem saber do Controle/Regulação Social da mídia. Se acham acima da lei, acima da Constituição, acima de qualquer suspeita. Vejam o editorial da Gazeta do Povo de hoje.

Defendem o livre mercado, a liberdade de imprensa, como se não existissem outros princípios fundamentais na Constituição. Como se Rádio e TV não fossem concessões públicas.

Não, exercer controle social sobre a mídia, sobre os grandes meios de comunicação, não é censura prévia, não é um atentado contra a liberdade de expressão.

Pelo contrário: se queremos um Brasil realmente democrático e republicano, precisaremos democratizar os meios de comunicação, acabar como cartéis, monopólios e oligopólios.

Precisamos aplicar os arts. 220 a 224 da Constituição Social e Democrática de Direito de 1988:

“Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.

Apenas existir como canais abertos a Globo, Record, SBT e Band não é oligopólio?

Existir apenas a Gazeta do Povo como grande jornal de Curitiba não é monopólio?

Por que não há grandes redes de TV, rádio, ou jornais impressos públicos, estatais, ou controlados por movimentos sociais?

“A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;”

Programas religiosos de TV e rádio que pregam que pagar dinheiro para as Igrejas é o caminho da salvação é educativo, cultural ou informativo?

“Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.”

Há complementariedade entre as redes privadas, públicas e estatais? Ou as redes privadas exercem amplo domínio?

“Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.”

Há previsão constitucional da existência do Conselho de Comunicação Social que serve para controlar a mídia.

O problema é que se o William Bonner no Jornal Nacional ou a Carminha na novela da Globo disserem que o controle da mídia é coisa de comedor de criancinha, isso vira lei.

5 comentários sobre “Gazeta do Povo, Globo, Veja e o neoliberalismo na comunicação

  1. Pois é, Tarso, para quem não sabe ou não se lembra mais, no fim do governo Lula, em 2009, aconteceu a Confecom, Conferência Nacional de Comunicação.

    Esta conferência foi uma iniciativa bem bacana e importante do governo e lembro que houve uma discussão profunda sobre a mídia, era para tratar justamente da democratização da mídia.

    Três atores participaram: Governo, grandes Meios de Comunicação, e a participação da Sociedade. Lembro que foi gente de todo o Brasil para lá, foi muito bem organizado, houveram muitos grupos de trabalho em âmbitos regional e nacional, no entanto a Rede Globo e os prinicipais meios da grande mídia simplesmente ignoraram esta conferência. Mas não porque não foram avisados.

    Quando a Dilma se lançou para a eleição, quando ainda era candidata, apresentou um (pré-)plano de governo onde estava prevista uma democratização da comunicação (http://bit.ly/T9nSyv) . Alguns dias depois mudou o plano, tirando a implementação das diretrizes que foram o resultado da Confecom (http://bit.ly/Rl1C1z).

    Depois disso não ouvi nunca mais falar de Confecom, alguém sabe se isto foi para frente? Até onde eu sei não tem mais nada, até quando a gente procura na internet, não acha mais nada depois de 2010. E não acho que as diretrizes estão sendo implementadas. Que pena. Muita coisa do que foi decidido na Confecom ainda é válida.

    Minha opinião é que essa mudança é importantíssima para o povo brasileiro, essencial até, pois os grandes meios, sobretudo a televisão, poderiam fazer um papel muito melhor de mais educação, conscientização, e menos alienação. Para o povo isso seria bom, mas e para os políticos? E para a grande mídia?

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  2. Essa mania de perseguição petista é um porre. Se você não concorda com eles, você é “neoliberal”, “contra o povo”, e outras bobagens. Tudo conversa fiada para desmerecer os que não aceitam um governo que se baseia em dar o peixe na boca do povão para garantir votos.

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    • Concordo, essa sou contra o Petralhas, conta a corrupção, aí me chamam de fascista, cochinha, como se eu não fosse um trabalhador, defendo o livre mercado pois é o único sistema q funcionou até hoje, apesar de falhas, o socialismo onde foi implantado fracassou, em 100% levou a população à pobreza e a opressão, um sistema falido q só existe na cabeça de gente fracassada, pois se valorizassem o mérito não defenderiam a interferência estatal na vida privada.

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