Veja continua em decadência

Há algumas semanas fiz uma comparação entre as revistas Veja, Época, Istoé e Carta Capital. Hoje, analisando novamente a revista Veja da semana, percebo que as coisas não mudam. Continua sendo uma revista cara (R$ 9,90), com 50% de propaganda em suas páginas, com matérias irrelevantes para o futuro do Brasil, com uma entrevista de um pseudo-filósofo, colunistas inexpressivos, divulgação de cartas de leitores nazistas e com críticas de oposição ao governo federal mais infantis do que a do PSDB.

Veja hoje vem perdendo terreno se compararmos com as demais revistas semanais e tem tiragem de menos de um milhão de revistas. A tendência é virar uma revista apenas digital, com a concorrência da blogosfera. Leu na Veja? Azar o seu!

 

Operação de guerra na frente do Tribunal de Contas. Para evitar um oficial de justiça de última hora?

Manifestantes apanhando da polícia em Brasilia. Ao fundo construção de Brasilia muito parecida com o TCE/PR. Poderia ter ocorrido hoje cedo em Curitiba.

Muitos policiais, nesse momento, na frente do Tribunal de Contas do Paraná, barrando a entrada dos cidadãos no TC. Apenas “autoridades”. Perigo de ocorrer o que a foto mostra. E se chegar um oficial de justiça?

Em tempo: 15h45 – por mais que nenhum cidadão comum possa ter entrado hoje de manhã na posse de Ivan Bonilha no TCE/PR, felizmente nenhuma reação violenta da polícia ocorreu.

Fernando Guimarães, Presidente do TCE/PR, entende que juridicamente o Conselheiro deveria ser Mauricio Requião

O Dr. Fernando Guimarães, Presidente do Tribunal de Contas do Paraná, acabou de dizer na rádio BandNews que a escolha de Mauricio Requião para o cargo de Conselheiro do Tribunal foi legal e justa. Se ele acha que Mauricio deveria estar ocupando o cargo, então entende-se que a eleição de Ivan Bonilha foi contrária ao ordenamento jurídico. Bonilha toma posse daqui a pouco, com 80% dos juristas que analisaram o caso dando ganho de causa a Mauricio Requião. Bonilha, sub judice, tende a perder a vaga em decisão final do Poder Judiciário.

Obrigado Dr. Fernando por ter respondido a pergunta do Blog do Tarso e parabéns por sua presidência!

Povo não tem saúde e educação. Para melhorar isso não se mobiliza. Já quando o assunto é novela da Globo…

Ex-presídio do Ahú agora, em Curitiba/PR. Foto de Tarso Cabral Violin

 

Pelo fim do patrimonialismo na Administração Pública

Por Tarso Cabral Violin

Parentes de políticos sem qualquer preparo sendo escolhidos para cargos de confiança importantes na Administração Pública ou passando em concursos públicos de credibilidade discutível, empresas financiadoras de campanhas eleitorais vencendo licitações duvidosas, utilização de verbas públicas para uso próprio ou para financiamento de campanhas, utilização de empresas e ONGs fantasmas para parcerias criminosas com o Poder Público. Todos exemplos atuais de patrimonialismo.

No patrimonialismo os governantes consideram o Estado como seu patrimônio, havendo uma total confusão entre o que é público e o que é privado, o que foi uma característica marcante principalmente até o fim dos Estados absolutistas.

Até hoje há patrimonialismo na Administração Pública, dependendo do desenvolvimento de cada país, estado ou município, em maior ou menor monta.

Com o surgimento da Administração Pública moderna, principalmente com a Revolução Francesa, os ideais republicanos e democráticos cada vez mais obrigaram que haja uma Administração Pública profissionalizada, com procedimentos que assegurem o atendimentos aos princípios constitucionais como isonomia, moralidade, publicidade, entre outros.

Foi Max Weber que inicialmente melhor estudou a chamada “burocracia”, que redundou no aparecimento de procedimentos como o concurso público, licitações, controle da Administração Pública, etc. No Brasil os ideais burocráticos foram fixados em nosso ordenamento jurídico, de fato, apenas com a Constituição de 1988. Portanto, tardiamente.

Note-se que não estou falando aqui no termo burocracia em seu sentido pejorativo, que lembra algo que não funciona, repartições empoeiradas, com engrenagens lentas e ineficientes. Trato da forma técnica idealizada por Weber, de uma Administração Pública profissionalizada, eficiente e ética.

Antes mesmo de implementarmos os ideais burocráticos constitucionais, na década de 90 do século XX o ideário neoliberalismo-gerencial tentou implementar a chamada Administração Pública gerencial no Brasil, numa cópia do modelo aplicado principalmente em países desenvolvidos na década de 80, com o controle apenas de resultados e cópia de modelos de gestão da iniciativa privada, nem sempre condizentes com o nosso modelo constitucional.

A implementação do gerencialismo-neoliberal se deu com a venda de empresas estatais, terceirizações, diminuição dos gastos públicos sociais, criação de agências reguladoras capturadas pelo mercado, privatizações por meio do terceiro setor (ONGs, organizações sociais e OSCIPs), etc. O que redundou, ao invés da implementação dos mandamentos constitucionais pela estruturação da Administração Pública, em precarização e um retorno ao patrimonialismo.

Nepotismo, clientelismo, corrupção, licitações e concursos públicos fraudados, terceirizações ilícitas, tráfico de influências. Tudo isso é uma realidade na Administração Pública curitibana, paranaense e brasileira. Não estamos no ápice do patrimonialismo do período absolutista. Também há menos corrupção do que no último período ditatorial militar, em que havia corrupção e os denunciantes poderiam ser aniquilados. Mas sem dúvida se não tivéssemos passado pelo período neoliberal-gerencial que até hoje influencia nossa Administração Pública, poderíamos estar em grau ainda mais avançado de luta contra o patrimonialismo.

Ministério Público, Tribunais de Contas, Poder Legislativo, Poder Judiciário e Poder Executivo. Cada um desses Poderes têm responsabilidades pelo fim do patrimonialismo. Mas talvez seja o próprio controle popular, da própria sociedade, que será o fator decisivo para a grande mudança que ainda ocorrerá na Administração Pública brasileira, para a melhor implementação do Estado Social e Democrático de Direito.

Tarso Cabral Violin

Professor de Direito Administrativo da Universidade Positivo, advogado, blogueiro (http://blogdotarso.com) e Mestre em Direito do Estado pela UFPR. E-mail: tarso@buenoegrande.com.br.