TCM de SP julga irregular contratos de Kassab com organizações sociais da saúde – OSS

Folha de S. Paulo de hoje

TCM veta contrato de Kassab na saúde

Tribunal de contas vê irregularidades na contratação de organização social para gerenciar unidades de atendimento

Segundo o tribunal, não houve cumprimento de metas e verba repassada pela prefeitura para a entidade não foi usada

 

TALITA BEDINELLI

DE SÃO PAULO

O TCM (Tribunal de Contas do Município) de São Paulo julgou irregular contrato firmado pela prefeitura com uma das principais organizações sociais da área de saúde da gestão Gilberto Kassab.
Segundo o órgão, o contrato com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), ligada à Unifesp, apresentou falhas como a não execução dos atendimentos previstos e a não utilização de verba repassada pela prefeitura.
Pela parceria, que prevê a administração de 18 equipamentos de saúde da cidade, a Secretaria da Saúde pagou à entidade mais de R$ 126 milhões entre 2008 e 2010.
No julgamento, ocorrido na semana passada, o TCM considerou, por unanimidade, o contrato -e sua execução- irregulares.
Além do documento, que previa o gerenciamento inicial de três UBSs e uma AMA, também foi analisado (e considerado irregular) um termo aditivo, que passou à OS mais nove UBSs e três AMAs.
Segundo o órgão, o contrato firmado com a SPDM não poderia ter sido feito porque a instituição não apresentou documentos necessários.

ORÇAMENTO
O TCM analisou ainda a execução orçamentária feita no início da parceria, entre fevereiro de 2008 e junho de 2009, período cujo repasse foi de mais de R$ 46 milhões.
O tribunal verificou que, neste período, apenas 29,76% da verba repassada pela prefeitura para a manutenção das unidades havia sido usada até julho de 2009.
O dinheiro ficou parado na conta, o que afetou o atendimento, segundo o TCM.
Análise da produtividade do Programa Saúde da Família, feita em duas das três UBSs do contrato inicial, mostraram que das consultas médicas previstas, foram feitas apenas 79,9%, em uma UBS, e 76,5%, em outra.
Em três UBSs analisadas, os cincos plantões de ginecologia e cirurgia previstos diariamente não aconteciam.
Outro problema apontado pelo tribunal foi a análise da prestação de contas da OS por parte da secretaria. “Os relatórios de prestação de contas ficavam em pasta sem verificação”, diz o relatório do conselheiro Mauricio Faria, obtido pela Folha.
A prefeitura pode recorrer da decisão. Mas, caso ela se confirme, a SPDM pode ter de devolver a verba recebida.
As irregularidades no atendimento não foram sanadas. Nos três primeiros meses deste ano, das 8.640 consultas previstas pelo programa Saúde da Família, só 6.683 foram feitas (77%).
No relatório, na AMA Jardim Brasil 80% dos usuários se diziam insatisfeitos. A Folha foi ao local e ouviu relatos de pacientes dizendo que a espera do pronto-atendimento chega a quatro horas.

Secretaria e entidade admitem dificuldades iniciais no contrato

DE SÃO PAULO

No relatório do TCM, a justificativa da SPDM apresentada para os problemas foi o atraso no repasse por parte da prefeitura. A entidade disse ainda que teve dificuldades na contratação de profissionais e na aquisição de materiais e serviços, o que já havia sido superado.
A prefeitura, também no relatório, reconheceu atraso nos repasses, mas disse que não atingiu as metas por causa da “dificuldade da OS em gerenciar recursos”.
À Folha a Secretaria Municipal da Saúde e a SPDM afirmaram, em nota conjunta, que a produtividade das unidades gerenciadas pela entidade foi como o esperado.
Segundo a nota, as metas de produção do programa de Saúde da Família devem ficar em torno de 80% do estipulado, porque se considera existência de férias, licenças e faltas, entre outros.
“Os únicos períodos de leitura onde a produção ficou abaixo do esperado foram no 4º trimestre de 2008 e 1º trimestre de 2009, onde os trabalhos foram comprometidos pela falta de médicos.”
Segundo a nota, o processo de qualificação para contratação exige que a OS demonstre capacidade técnica.
Disse ainda que o número de plantões de ginecologia e cirurgia estava errado no contrato analisado pelo TCM, e que isso já foi corrigido.

4 comentários sobre “TCM de SP julga irregular contratos de Kassab com organizações sociais da saúde – OSS

  1. Eu trabalho em uma das unidades administradas pela SPDM (de pronto atendimento) e posso testemunhar que o atendimento melhorou muito após o inicio dessa administração. Os salários melhoraram, as equipes foram completadas e as instalaçoes foram modernizadas. A população está melhor assistida agora do que antes, quando esperava muito para ser atendida ou nem o conseguia pois não havia médicos todos os dias.

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    • Discordo, mas não generalizo,até entendo a insatisfação da População,que ao meu ver era bem assistida sim,muitas vezes o que ocorre é a falta de carater de certas pessoas que insistem em procurar a doença onde não existe,muitas vezes para fazer abuso do “Atestado medico ou comprovante de comparecimento” para justificar a falta no Trabalho.No entanto,no caso das OSS,acho que foi o pior do que poderia ter acontecido na adm.vila maria;vila guilherme,depois que esta tomou conta tudo foi um desastre,no meu ver as unidades que estão nas mãos desta supostas organizações estão perdidas,o dinheiro esta indo pelo ralo,ou seja, salarios baixos,insatisfação geral…trabalhadores…usuarios e equipe medica e enfermagem.
      Fica aqui meu desabafo,abrão os olhos que estas “OSS”estão acabando com a area da saude.

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  2. Que as OS sejam mais um motivo pra lavagem de dinheiro não há duvida, haja que nao se note a transparencias das finanças, mas cabe à população atraves de seus conselhos fiscalizar e ficar de olho no que acontece no seu bairro, tb sou funcionaria de uma OS, e penso que como tudo q ta escrito em papel é muito bonito, quando realizada e fiscalizadas elas fazem bem o seu papel. Os serviços prestados à saude da população deixa muito a desejar e nao so na parte publica, na rede privada e convenios nao foge muito a regra..

    R.A. F

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