Na Folha de S. Paulo de domingo
É um equívoco dizer que Hugo Chávez era populista
Ex-secretário-geral do Itamaraty diz que sucesso de Nicolás Maduro vai depender de manter prioridades de antecessor
ELEONORA DE LUCENADE SÃO PAULO
Hugo Chávez fez uma série de programas importantes para a população pobre. Por isso é admirado. “Mas não é mito. É uma realidade.”
Assim, se a nova liderança venezuelana prosseguir com esses projetos terá a mesma popularidade. Se, ao contrário, tiver uma orientação “mais favorável às elites hegemônicas do país”, vai “perder apoio interno”.
A análise é do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, 74, ex-secretário-geral do Itamaraty. Para ele, Chávez transformou a Venezuela na economia, na política e no social, deixando um “legado extraordinário”.
Ex-alto representante geral do Mercosul, Guimarães compara Chávez a Getúlio Vargas e condena a expressão “populismo”.

Folha – Qual o legado de Hugo Chávez?
Samuel Pinheiro Guimarães – É um legado extraordinário. Ele promoveu uma verdadeira revolução social na Venezuela. Em educação, saúde, habitação, construção de infraestrutura, estímulo à industrialização. A Unesco declarou a Venezuela como um território livre do analfabetismo.
Na América Latina, deu apoio aos pequenos países do Caribe em termos de petróleo a preços mais baixos. Apoiou a Argentina na época da renegociação da dívida.
Em nível internacional, houve uma atitude de independência e de autonomia diante da pressão de grandes Estados e a uma reorientação das relações da Venezuela em direção à América do Sul. Continuar lendo
