FHC e o povão

Do Blog Boca Maldita

Tucanos sem identidade

Hoje na Folha de S. Paulo

O fim do PSDB?

Hoje na Folha de S. Paulo

Dinossauros, baratas e ratos

O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso diz que são antiquadas as posições contra as privatizações, de dinossauros.

Entendo que quem são ultrapassados são os neoliberais, saudosos do Estado Liberal dos séculos XVIII e XIX. Mas não ligo de ser chamado de dinossauro. Luís Fernando Veríssimo diz que os dinossauros “foram grandes criaturas. Já os bichos que se adaptam a tudo, que estão aí desde o começo do mundo e sobreviverão até o fim, todos sabem quais são: as baratas, os ratos…”

Bresser Pereira sai do PSDB por entender que o partido é de direita, assume que teve uma recaída neoliberal durante o Governo FHC, mas não assume que sua reforma administrativa gerencial foi neoliberal

Faz tempo que o transporte coletivo em Curitiba não funciona mais, com o trânsito totalmente parado nos horários de pico. Hoje estava no trânsito estático da cidade, indo para a Universidade Positivo, e li pasmo a entrevista com Luiz Carlos Bresser Pereira, abaixo transcrita. Fiquei de queixo caído! Nunca havia percebido tamanha sinceridade num entrevistado.

Bresser Pereira informa que saiu do PSDB por entender que o partido é de direita, assume que teve uma recaída neoliberal durante o Governo FHC, e que caiu no conto da globalização, pois “ninguém é de ferro”.

A única falha na entrevista é no momento em que não assume que sua reforma administrativa como Ministro do MARE do Governo FHC foi neoliberal. Diz que sua reforma gerencial era essencialmente para fortalecer o Estado social, o que não é verdade. Sobre o tema ver meu livro Terceiro Setor e as Parcerias com a Administração Pública: uma análise crítica.

Bresser diz ainda que os ricos odeiam a democracia, que FHC nunca foi nacionalista e confessa que foi na reunião do Consenso de Washington. Também informa que apoiou várias privatizações de FHC, a não ser a do setor elétrico, por ser monopólio. E que no período que foi diretor do Pão de Açúcar perdeu as garras e seu caráter crítico.

Veja a entrevista completa: Continuar lendo

Beto Richa propõe criar Agência para regular suas privatizações via PPPs

FHC e Beto Richa

O Deputado Estadual Ademar Tráia ano (PSDB), líder do Governo Beto Richa na Assembléia Legislativa, informou que o Governador pretende criar a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados. Quando Carlos Alberto era Deputado Estadual da base de apoio de Jaime Lerner, ela já havia proposto Projeto de Lei nº 80/1999 no mesmo sentido.

Carlos Alberto quer que essa autarquia especial fiscalize os serviços que serão privatizados em seu Governo, assim como regule as concessionárias de pedágio criadas com seu apoio no Governo Jaime Lerner.

O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso também criou agências reguladoras quando privatizou empresas estatais durante o seu Governo (1995-2002). A idéia era acabar com o Estado do Bem-Estar Social e transformar o Brasil num Estado apenas Regulador, que não prestasse serviços públicos e atividades econômicas estratégicas de forma direta.

Segundo Traiano, Beto Richa pretende privatizar via as chamadas Parcerias Público-Privadas – PPPs (Lei 11.079/2004). Conforme a obra de Hely Lopes Meirelles, por meio das PPPs o Estado repassa para a iniciativa privada principalmente rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e energia (Direito Administrativo Brasileiro, 2005, p. 386).

Nas PPPs o contratado particular presta o serviço, não assumindo totalmente o risco do empreendimento, pois há contribuição financeira do Poder Público. Ou seja, capitalismo com risco reduzido para o grande capital. Existem PPPs na modalidade Concessão Patrocinada (concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária da Administração Pública ao parceiro privado. Nela aplica-se subsidiariamente a legislação de concessões já existente) e a Concessão Administrativa (contrato de prestação de serviços no qual a Administração Pública é usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento/instalação de bens. Nesta caso, a remuneração é integral da Administração Pública. Hely Lopes Meirelles entende que ela se destina à “inserção do setor privado em serviços (…) como a construção e administração de presídios, hospitais, escolas“. A concessão administrativa não é concessão de serviços públicos, mas apenas contratação de serviços, uma forma de terceirização). Sobre o tema ver nosso Terceiro Setor e as Parcerias com a Administração Pública: uma análise crítica.

Traduzindo: se Beto Richa pretende implementar PPPs no Estado do Paraná, ele pretende privatizar rodovias (mais pedágios?), ferrovias (vai privatizar a Ferroeste?), portos (vai privatizar o Porto de Paranaguá?), energia (vai privatizar a Copel?), presídios, hospitais e escolas (vai privatizar tudo isso?).

Com a palavra o Governador Beto Richa, para esclarecer o que ele irá privatizar via PPPs!

Traiano também informou que Beto Richa pretende criar a Agência de Defesa da Agropecuária e a Agência paraná de Desenvolvimento. Além do intuito de criar autarquias para regular as privatizações, a criação de agências em geral, reguladoras e executivas, tem o intuito de fuga do regime jurídico-administrativo. FHC criou agências com o intuito de que elas fossem autarquias com servidores celetistas, o que é vedado constitucionalmente, além de ser uma entidade gerida por diretores com mandato fixo, que inclusive extrapolam o próprio mandato do Chefe do Executivo, o que segundo o maior administrativista do país, Celso Antônio bandeira de Mello, é anti-democrático.

As agências reguladoras ainda foram criadas para que elas tivessem poder normativo semelhante ao Poder Legislativo e poder decidir com força de trânsito em julgado, sem possibilidade de questionamento junto ao Poder Judiciário, o que também é inconstitucional.

Sobre as agências reguladoras ver meu texto publicado em 2004: Aspectos gerais das agências reguladoras no direito brasileiro

Lula não privatizou a saúde. FHC sim.

Hoje na Gazeta do Povo foi publicado o artigo “Privatização à vista?”, da Professora Rosane Kolotelo Wendpap (clique aqui para acessar). O texto trata da empresa pública na área da saúde que Lula criou em seu governo. Sobre o tema veja o meu “Lula criou uma empresa pública da saúde” (clique aqui para acessar). A autora diz que essa mesma Lei o ex-Presidente FHC assinaria. Ora, o modelo de FHC para a saúde era de privatização via organizações sociais, conforme explico no “Bresser-Pereira, FHC e a privatização da saúde” (clique aqui para acessar). São modelos bem diferentes, pois enquanto as empresas criadas por Lula fazem parte da Administração Pública Federal indireta, as organizações sociais criadas por FHC são entidades privadas do Terceiro Setor, de fora da Administração Pública, que não fazem licitações ou concursos públicos e são contratadas também sem licitação.

A professora questiona o “dogmatismo ideológico” mas diz que Lula atuou igual a forma que FHC atuaria, o que entendo ser um equívoco; e ainda dá a entender que críticas à privatização na época eleitoral não passa de oportunismo. Será que ela também não é dogmática em sua ideologia contrária aos governos petistas?

Apenas mais duas correções ao texto de hoje: em empresas estatais não há cargos comissionados, mas no máximo “empregos” de confiança, e também não há estabilidade dos servidores celetistas nessas empresas, o que há, em alguns casos, é a chamada “estabilidade branca”.

“Levanta Serra!”, pede FHC

http://www.youtube.com/watch?v=dtr9Mxf67sk&feature=player_embedded

Como pode alguns políticos mudarem tanto sua simpatia, antes e depois das eleições!