Dez coisas que aprendemos com o programa de Luciano Ducci

Do Rogério Galindo do Caixa Zero da Gazeta do Povo:

O Horário Eleitoral Gratuito, para desespero de muitos, que não poderão mais ter essa agradável companhia (pelo menos até o segundo turno), vai chegando ao fim.

O blog, que acompanhou atentamente, sem cobrar adicional de insalubridade, esses dois meses de programação televisiva e no rádio, tenta fazer um breve balanço sobre o que aprendemos com cada candidato.

Veja hoje dez coisas que aprendemos com o programa de Luciano Ducci

1 – É possível falar o nome de 15 partidos políticos em menos de um segundo.

2 – Não é possível entender o nome de 15 partidos políticos em menos de um segundo.

3 – O Luciano está com o Beto.

4 – É possível uma aliança política que inclua desde o PSDB de Beto Richa ao PT de Dilma Rousseff (só que não).

5 – Um viaduto estaiado de quase R$ 100 milhões vale a pena, porque vai melhorar a vida de 132 bairros da cidade.

6 – O Beto está com o Luciano.

7 – Os postos de saúde vão bem. Os ônibus nunca vão lotados e as pessoas andam nele sorridentes.

8 – Se algo foi registrado em cartório, inelutavelmente se transformará em realidade.

9 – Os colégios públicos de Curitiba se parecem de maneira surpreendente com o Stella Maris, que é particular.

10 – A mulher do Beto está com o Luciano. O filho do Beto está com o Luciano.

Paraná passa vergonha nacionalmente

A famosa frase do governador do Paraná Beto Richa (PSDB) “outra questão é a insubordinação, uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior” percorreu todo o Brasil.

O jornalista responsável pela coluna Caixa Zero da Gazeta do Povo, Rogério Galindo, foi o primeiro a fazer ampla divulgação da frase infeliz do governador na rádio CBN, o que segundo ele, no twitter, pela primeira vez um único post do seu blog passou de 50 mil visitas, um novo marco para o Caixa Zero. Foi divulgado pelo twitter e pelo facebook em todo o Brasil. Hoje a Folha de S. Paulo divulgou também o absurdo falado pelo governador (ver post crítico sobre o tema).

Colunista da Gazeta do Povo diz que Beto Richa é confuso, sem rumo, e que disse que não iria privatizar

Qual é a grande vitória?

Publicado hoje na Gazeta do Povo | ROGERIO WALDRIGUES GALINDO • RGALINDO@GAZETADOPOVO.COM.BR

Beto Richa resolveu dar uma parada no seu dia ontem para comemorar o grande feito eleitoral de um ano atrás. Não deixa de ser curioso: imagine-se o trabalhador que usasse anualmente o dia de sua contratação para fazer um almoço, em dia de expediente, com os amigos. Poucos poderiam fazer a pausa mais longa. Quem dirá garantir uma boca livre para tanta gente…

Richa, de certa maneira, chega assim também perto do fim de seu primeiro ano de governo. No exercício do cargo tem menos coisas a comemorar do que teve no período eleitoral. Vitórias não faltaram: na Assembleia, com uma maioria esmagadora, ganhou todas. Mas isso não conta: nossos deputados votam com quem quer que esteja ocupando o poder. Só assim garantem as benesses para as “bases” que os reelegem.

 

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O que se espera de um governo são vitórias de outro tipo. Conquistas sociais, que possam ser repartidas por todos. Os comensais de Beto andam compartilhando do bom e do melhor em restaurantes. Mas o que os milhões de eleitores podem dizer que ganharam nesses 11 meses de gestão.

O tal “novo jeito de governar” parece, no mínimo, um pouco confuso. Beto dizia com todas as letras que não iria privatizar nada. Verdade: vender, de fato, não vendeu. Mas aparentemente havia letrinhas miúdas no programa de governo dizendo que terceirização para ONGs valia.

Trata-se também de um governo de contradições. Por um lado, a terceirização faria imaginar que o Estado ficaria mais leve, mais barato. Aliás, esse é o discurso do “choque de gestão” que Beto fez durante toda a campanha. Mas agora o contribuinte já viu que a conta não vai ficar exatamente mais barata.

Não é só o tarifaço do Detran (aquele que Ademar Traiano, artífice do eufemismo do ano, insiste em chamar de “realinhamento das taxas”). Em menos de um ano, Richa já avisou a seus eleitores que vai contratar R$ 1,7 bilhão em empréstimos de longo prazo. Alguém se lembra de ter visto algo sobre isso na campanha?

Claro que quando chegar a hora de fazer os últimos pagamentos, Beto terá terminado seu mandato faz tempo. Mas eu e você continuaremos pagando, com nosso imposto e nosso suor. Nada contra: imposto faz parte. Sem isso, não há civilização. Mas faz sentido falar em choque de gestão e sair tomando tudo isso de empréstimo?

Mais grave do que tudo isso, porém, é a aparente falta de rumo do governo. Aonde Beto quer chegar? Qual é o seu grande plano de longo prazo para o estado? Por vezes, parece que estamos navegando sem norte, pensando apenas em finanças e projetos pontuais. A falta de um pensador por trás da atual gestão é evidente. Richa precisava de alguém com uma visão mais longa do que a sua. Mas o grupo à sua volta parece formado mais por ganhadores de eleições do que por estadistas.

Ganhar eleições é bom. Claro que Beto tem o que comemorar (embora pudesse marcar isso para um fim de semana…). Mas em teoria um bom governante deveria ver a eleição como um meio de chegar ao cargo, como um mero passo para iniciar as transformações sociais que é preciso fazer. Quando a vitória na eleição é a maior conquista a ser celebrada, algo há de ser revisto.