Se você acha que a garantia de direitos dos trabalhadores, a redução das desigualdades sociais, qualquer crítica ao capitalismo-liberal e a defesa do meio ambiente por um desenvolvimento sustentável é coisa de petista-comunista-bolivariano-lulista, você irá odiar a animação brasileira de 2013 “O Menino e o Mundo”, que está concorrendo ao Oscar 2016 de melhor animação de 2015, exibida nos Estados Unidos da América. É patrocinado pela Petrobras.
Entretanto, se você é um pouco mais esclarecido, sabe a diferença entre esquerda e direita, entre comunismo, socialismo, anarquismo e social-democracia, entre democracia formal e substancial, entre um Estado a serviço das elites e um Estado voltado para a sociedade, entre PT e os demais setores da esquerda e centro-esquerda, não defende os interesses econômicos a qualquer preço, mesmo que contrariando as questões ambientais, sociais, éticas e jurídicas, você deve assistir, junto com uma criança ou adolescente, o desenho brasileiro.
“O Menino e o Mundo”, patrocinado pelo BNDES e pela Petrobras e tem apoio de outros órgãos e entidades estatais, é do diretor paulista Alê Abreu. Concorrerá com “Anomalisa”, “Divertida Mente” (Inside Out), “Shaun, O Carneiro” (Shaun the Sheep Movie) e “Quando Marnie estava lá” (When Marnie was there), e desbancou filmes milionários como “O Bom Dinossauro”, “Home” e “Minions”.
Antes de assistir com a criança explique que é um desenho praticamente sem diálogos. Sugiro, por exemplo, que você faça um desafio e pergunte quais as mensagens que o filme traz para o espectador.
E são muitas as mensagens e denúncias.
Mostra em 1h13min um menino, sentindo a falta do pai, viajando, com muita imaginação, pelo mundo do trabalho, desde o setor agrícola, industrial e comercial, e toda a exploração da elite financeira com os trabalhadores e com os mais fracos.
Outros pontos tratados: O quanto as grandes corporações são contrárias à cultura popular. O quanto o Estado e a polícia podem ser opressores. Os problemas e revoltas nas favelas, no transporte coletivo e no trânsito das grandes cidades. O quanto a Casa-Grande aproveita, e bem, do capitalismo, enquanto que quem está na periferia sofre. Alerta para o poder da sociedade, que unida pode se contrapor a tudo isso. Mostra a mecanização que tira empregos e destroi o meio ambiente. Faz uma crítica ao fascismo, ao consumismo e à publicidade. Sobra até para os telejornais que mostram notícias importantes junto com besteiras, como se tudo fosse objeto de consumo.
Se delicie com as mensagens, o visual, as músicas, entre elas do Emicida.
Desculpa Tarso mas faz mil anos que reduzir desigualdade deixou de ser coisa de petista. O PT é um partido como outro qualquer, que negocia como o capital como outro qualquer, que implanta cada vez mais políticas neo liberais e joga o jogo do mercado. Faz muito não se identifica com os movimentos sociais tanto que vários petistas históricos estão saindo. Agora, se a petrobras patrocinou esse filme, então imagine se tivesse tido uma gestão séria, sem corrupção, se hoje fosse uma grande empresa, o que não poderia trazer de benefícios aos brasileiros principalmente os mais pobres ? O BNDES patrocinou o grande capital (Eike e cia), a Petrobrás foi uma mãe para os grandes empreiteiros e consórcios, e defendeu os interesses econômicos a qualquer preço (o preço estamos pagando agora e são indiscutíveis a corrupção, inclusive com réus confessos). Não há mais argumentos para defender Dilma e o PT, mas não deixa de se admirável sua insistência de se apegar a um desenho animado para tentar ressuscitar alguns valores perdidos pela esquerda no Brasil.
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http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2016/02/petrobras-e-o-segundo-caso-de-corrupcao-mais-conhecido-no-mundo.html
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