
Carlos aos 3 anos, com os pais
Carlos Alexandre Azevedo suicidou-se no sábado (16), filho de ex-preso político que havia sido torturado com apenas um ano e oito meses pela ditadura.
“A indenização não vai apagar nada do que aconteceu na minha vida. Mas a anistia é o reconhecimento oficial de que o Estado falhou comigo.”
“Para mim a ditadura não acabou.” (Carlos Alexandre Azevedo, conforme divulgou via Twitter o Secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão)
Vejam a mensagem de seu pai, divulgada em seu facebook (Facebook.com/dermi.azevedo):
Aos meus amigos e às minhas amigas,
LUTO
Meu coração sangra de dor. O meu filho mais velho, Carlos Alexandre Azevedo, suicidou-se na madrugada de hoje, com uma overdose de medicamentos. Com apenas um ano e oito meses de vida, ele foi preso e torturado, em 14 de janeiro de 1974, no DEOPS paulista, pela “equipe” do delegado Sérgio Fleury, onde se encontrava preso com sua mãe. Na mesma data, eu já estava preso no mesmo local. Cacá, como carinhosamente o chamávamos, foi levado depois a São Bernardo do Campo, onde, em plena madrugada, os policiais derrubaram a porta e o jogaram no chão, tendo machucado a cabeça. Nunca mais se recuperou. Como acontece com os crimes da ditadura de 1964/1985, o crime ficou impune. O suicídio é o limite de sua angústia.
Conclamo a todos e a todas as pessoas que orem por ele, por sua mãe Darcy e por seus irmãos Daniel, Estevao e Joana, para que a sua/nossa dor seja aliviada.
Tenho certeza de que Cacá encontra-se no paraíso, onde foi acolhido por Deus. O Senhor já deve ter-lhe confiado a tarefa de consertar alguns computadores do escritório do céu e certamente o agradecerá pela qualidade do serviço. Meu filhinho, você sofreu muito. Só Deus pode copiosamente banhar-te com a água purificadora da vida eterna.
Seu pai
Dermi
Vejam matéria da Istoé sobre Carlos Alexandre em 2010: Continuar lendo →