Para Sarney impeachment de Collor foi “acidente”, “não foi marcante” e “não deveria ter acontecido”

Sarney diz que impeachment foi “acidente”; mostra exclui episódio

Hoje na Folha de S. Paulo

MÁRCIO FALCÃO DE BRASÍLIA

O Senado excluiu o processo de impeachment do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) da galeria de imagens da Casa, que conta a história da instituição desde o Império até os dias atuais. Ao reinaugurar ontem o espaço, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que o impeachment “não é tão marcante” e foi “apenas um acidente”. Chamada de “Túnel do Tempo”, a galeria, com 16 painéis, fica em um corredor entre os gabinetes dos senadores e o plenário. É um dos lugares mais visitados da Casa. O espaço passou por reforma, sem custos, segundo a Secretaria de Imprensa. Em 2007, às vésperas da posse de Collor no Senado, a Casa já havia retirado as referências ao caso, mas recuou. O painel que retrata a gestão Collor mostra, por exemplo, a aprovação de projetos como o tratamento gratuito de HIV e o “Estatuto das Micro e Pequenas Empresas”. “Eu acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente e não devia ter acontecido na história do Brasil. Não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados que construíram as história e não os que, de certo modo, não deviam ter acontecido”, disse Sarney. Collor renunciou momentos antes do Senado decidir pelo impeachment, em 1992. Mesmo assim, os senadores aprovaram a perda do cargo. “Não se pode revogar um capítulo da história. Gostemos ou não, é um fato histórico”, disse o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR). Em nota, a Secretaria de Comunicação do Senado disse que a ideia era “a partir da Constituição de 1988 destacar os fatos marcantes da atividade legislativa” com “foco na produção legislativa do Congresso Nacional”. A nova galeria também não traz referências a crises recentes enfrentadas pelo Senado como a cassação do ex-senador Luiz Estevão.

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