Impeachment é pouco – Vladimir Safatle

Manifestantes do ato golpista de 15 de março queriam a morte de Lula e Dilma, na forca

Manifestantes do ato golpista de 15 de março queriam a morte de Lula e Dilma, na forca

Por Vladimir Safatle, hoje na Folha de S. Paulo

Você na rua, de novo. Que interessante. Fazia tempo que não aparecia com toda a sua família. Se me lembro bem, a última vez foi em 1964, naquela “Marcha da família, com Deus, pela liberdade”. É engraçado, mas não sabia que você tinha guardado até mesmo os cartazes daquela época: “Vai para Cuba”, “Pela intervenção militar”, “Pelo fim do comunismo”. Acho que você deveria ao menos ter tentado modernizar um pouco e inventar algumas frases novas. Sei lá, algo do tipo: “Pela privatização do ar”, “Menos leis trabalhistas para a empresa do meu pai”.

Vi que seus amigos falaram que sua manifestação foi uma grande “festa da democracia”, muito ordeira e sem polícia jogando bomba de gás lacrimogêneo. E eu que achava que festas da democracia normalmente não tinham cartazes pedindo golpe militar, ou seja, regimes que torturam, assassinam opositores, censuram e praticam terrorismo de Estado. Houve um tempo em que as pessoas acreditavam que lugar de gente que sai pedindo golpe militar não é na rua recebendo confete da imprensa, mas na cadeia por incitação ao crime. Mas é verdade que os tempos são outros.

Por sinal, eu queria aproveitar e parabenizar o pessoal que cuida da sua assessoria de imprensa. Realmente, trabalho profissional. Nunca vi uma manifestação tão anunciada com antecedência, um acontecimento tão preparado. Uma verdadeira notícia antes do fato. Depois de todo este trabalho, não tinha como dar errado.

Agora, se não se importar, tenho uma pequena sugestão. Você diz que sua manifestação é apartidária e contra a corrupção. Daí os pedidos de impeachment contra Dilma. Mas em uma manifestação com tanta gente contra a corrupção, fiquei procurando um cartazete sobre, por exemplo, a corrupção no metrô de São Paulo, com seus processos milionários correndo em tribunais europeus, ou uma mera citação aos partidos de oposição, todos eles envolvidos até a medula nos escândalos atuais, do mensalão à Petrobras, um “Fora, Alckmin”, grande timoneiro de nosso “estresse hídrico”, um “Fora, Eduardo Cunha” ou “Fora, Renan”, pessoas da mais alta reputação. Nada.

Se você não colocar ao menos um cartaz, vai dar na cara de que seu “apartidarismo” é muito farsesco, que esta história de impeachment é o velho golpe de tirar o sujeito que está na frente para deixar os operadores que estão nos bastidores intactos fazendo os negócios de sempre. Impeachment é pouco, é cortina de fumaça para um país que precisa da refundação radical de sua República. Mas isto eu sei que você nunca quis. Vai que o povo resolve governar por conta própria.

5 comentários sobre “Impeachment é pouco – Vladimir Safatle

  1. Falou, falou e não disse nada. Ao invés de tentar desqualificar e apequenar o movimento, que tal aceitar as críticas e propor mudanças para atender os anseios da sociedade?

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  2. Publicado originalmente no Jornal de Londrina

    Quem é o petista?
    O petista é o cara que se escandaliza com Bolsonaro, mas não vê problema algum em Graça Foster, em Dilma, em Lula.
    É o cidadão que se preocupa com os centavos da passagem de ônibus, mas ignora os milhões da Petrobras.
    É a moça que defende o aborto, mas considera a palmada um crime hediondo.
    É aquele que odeia os judeus e quer a destruição do Estado de Israel, mas faz campanha contra o racismo e xinga os adversários de nazistas.
    É aquele que acusa Bolsonaro (que tem projeto de lei contra estupradores) de ser apologista do estupro, mas ignora o professor que defendeu o estupro de Rachel Sheherazade.
    É aquele que chama empresário de sonegador, mas aceita a maquiagem fiscal da Dilma.
    É aquele que protesta quando morre um traficante, mas festeja quando morre um policial militar.
    É aquele que não se importa em destruir a vida do adversário, se isso for importante para a causa deles (petralhas).
    É aquele que passa a odiar sua cidade quando a maioria não vota em sua candidata.
    É aquele que chama o caso Celso Daniel de “crime comum”.
    É aquele que usa a expressão “ação penal 470” para se referir ao mensalão.
    É aquele que prega a estatização do financiamento eleitoral.
    É aquele que usa a palavra “estadunidense”.
    É aquele que tem uma grande simpatia pelos nanicos da linha auxiliar do PT.
    É aquele que não vê nada demais no fato de o PIB per capita da Coreia do Sul ser de 32 mil dólares e o da Coreia do Norte, de 1,8 mil dólares. Afinal, a Coreia comunista é mais igualitária.
    É aquele que apoia o movimento gay, mas também apoia o regime cubano, que já fez campos de concentração para homossexuais.
    É aquele que acredita em governo grátis, mesmo quando o País trabalha até maio só para pagar impostos.
    É aquele que odeia a censura, mas quer o controle social da mídia.
    É aquele que faz tudo para acabar com a família e a igreja, pois sabe que elas são os principais focos de resistência ao poder do Estado e dos movimentos sociais.
    No fundo ele sabe que o País está sendo saqueado, exaurido, violentado – mas diz que o problema é o Bolsonaro.

    É aquele que nunca perdoa.

    Faltou a última: é aquele que acha “bonitinho” o Lulla ameaçar usar o MST do poltrão Stedile contra o povo desarmado que irá às ruas dia 15/03, de forma espontânea, exigir mudanças no Brasil!

    Sem comentários…

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    • Essa publicação feita aqui no COMENTÁRIOS , me mostrou todos os sintomas de uma pessoa que não toma o seu remédio controlado………defender o Bolsonaro ……vixi mainha……..tarja preta é pouco e tenho reparado que todo covarde manipulável não mostra a cara e troca o nome……aff……..vai ler um livro de história e quando acabar de ler , envergonha que vai ficar, volte aqui e apague essa publicação .

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