Empresária diz que irmão/secretário de Beto Richa recebeu propina de R$ 500 mil

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A Revista Istoé desta semana (edição  2305, de 24 de janeiro de 2014) informa que a empresária Ana Cristina Aquino registrou em cartório uma denúncia de um esquema do qual participou junto com Pepe Richa, irmão do governador do Estado do Paraná, Carlos Alberto Richa (PSDB), vulgo Beto Richa, e seu atual secretário de Infraestrutura e Logística.

O suposto esquema de corrupção e improbidade administrativa envolve também outro homem de confiança de Beto Richa, o senhor Amaury Escudero, representante do escritório do governo do Paraná em Brasília.

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Segundo a revista queriam fechar um contrato milionário com a montadora Renault do Brasil, empresa que recebeu uma série de isenções ficais concedidas pelo governo Beto Richa nos últimos anos.

A empresária informa que o irmão do governador recebeu propina de R$ 500 mil e Pepe emprestou o seu nome para figurar no convite da festa de inauguração da empresa de transportes AGX Log no Paraná, e o distribuiu aos políticos.

Pepe Richa disse que as declarações de Ana Cristina são “infundadas, caluniosas e irresponsáveis”. Disse ainda que a AG Log não é prestadora de serviços da Renault no Paraná.

Acompanhe a matéria completa publicada na Istoé:

Esquema paranaense

Empresária Ana Cristina Aquino diz que negociatas para abrir filial de sua empresa no Paraná incluíam pagamento de propina para Pepe Richa, irmão do governador do Estado

Izabelle Torres

Em depoimento registrado em cartório sobre os esquemas dos quais participou, a empresária Ana Cristina Aquino envolve a cúpula do governo do Paraná. Em pelo menos quatro páginas desse registro, Ana descreve um emaranhado de ligações de políticos com empresários em torno do interesse em negócios milionários e suspeitos e diz temer pela própria vida desde que decidiu contar o que sabe. Segundo ela, Pepe Richa, hoje secretário de Logística e irmão do governador do Paraná, o tucano Beto Richa, e Amaury Escudero, atual representante do escritório do governo em Brasília, se tornaram seus parceiros no ambicioso plano: o de abrir uma filial da sua empresa no Estado com a finalidade de fechar um contrato com a montadora Renault do Brasil. Um negócio que poderia render milhões por mês.

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MILHÕES EM JOGO
Segundo a empresária, Pepe Richa (abaixo), secretário de Logística
e irmão do governador do Paraná, Beto Richa (acima), queria lucrar com o contrato entre
a AGX Log e a montadora Renault. Acima, cópia da agenda entregue ao MP listando as propinas

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De acordo com o depoimento da empresária, a negociação era intermediada pelo advogado João Graça, que é do PDT e chegou a ser cotado para a vaga de suplente da senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em 2010. Segundo Ana Aquino, João Graça se aproximou do poder no Paraná depois de comandar a Superintendência Regional do Trabalho, entre 2007 e 2009. No segundo semestre de 2012, disse a empresária, o advogado marcou uma reunião entre ela e Amaury Escudero. O objetivo era arquitetar como agiriam em grupo para viabilizar o negócio com a Renault. No encontro, segundo a empresária, ficou decidido que o secretário Pepe Richa e Escudero pressionariam a montadora para contratar a transportadora de Ana, usando como instrumento de barganha uma série de isenções ficais concedidas pelo governo a montadoras nos últimos anos. O apoio, entretanto, custaria alto. “Eu perguntei ao Amaury (Escudero): ‘O que o senhor ganha com isso? O senhor vai me botar na Renault de graça, do nada?’ Ele então falou que eles ficariam com 20% da empresa. Mas que colocaria em nome do advogado João Graça. Seriam 10% de um e 10% do outro”, afirmou em entrevista à ISTOÉ.

Documento da Junta Comercial referente à empresa AGX Log – criada também por ela – mostra que João Graça se tornou dono de 20% das cotas em julho de 2012. O advogado apresentou duas versões para o fato. Na primeira, disse que nunca foi sócio da Ana Aquino e nem sequer conhecia a empresária. Confrontado com os registros oficiais, admitiu a sociedade. Graça oficializou sua saída em agosto do ano passado, depois de um desentendimento com Ana Cristina. Procurado novamente na quinta-feira 23, disse que não se manifestaria sobre as denúncias até conhecer o teor das escutas. Na sexta-feira 24, Escudero disse à ISTOÉ que as acusações são falsas e que jamais houve as reuniões citadas pela empresária. Ele afirma que os acessos a seu gabinete são todos registrados e que pode comprovar que a empresária está mentindo. “Não posso aceitar ser objeto de um jogo político que nem sei qual é. Essa pessoa não tem credibilidade para me acusar”, afirma Escudero.

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O depoimento da empresária revela outra faceta do negócio. Em troca do apoio para que o grupo AG Log entrasse no Paraná e conseguisse o contrato da Renault, o irmão do governador também teria recebido propina. “O Pepe Richa recebeu R$ 500 mil. Não foi da minha mão, foi da mão da Suzana Leite, uma lobista. O Gabardo (Sergio) me entregou o dinheiro para eu levar ao Paraná. Dei o dinheiro para ela e fiquei dentro do carro esperando”, diz ela. A entrega teria ocorrido na semana anterior à inauguração da sede da AGX Log no Estado, em 11 de abril de 2013. Segundo Ana, Pepe estaria tão envolvido com os negócios da transportadora que emprestou o seu nome para figurar no convite da festa de inauguração, a pretexto de fazer uma palestra, e ainda se encarregou de distribuí-lo aos políticos. “ Como ele estava ganhando, deu essa ajuda porque eu não era conhecida. Não levaria os políticos para o evento”, disse. Suzana Leite afirmou que as acusações não têm fundamento. Já Pepe Richa classificou as declarações de Ana Cristina de “infundadas, caluniosas e irresponsáveis”. Disse ainda que a AG Log não é prestadora de serviços da Renault no Paraná.

Em encontro no segundo semestre de 2012,
ficou decidido que Pepe Richa pressionaria  a montadora
para contratar a transportadora de Ana CRISTINA

No documento que registrou em cartório, a empresária confirma que a negociata não deu certo. O contrato não saiu, mas as dívidas da empresa se multiplicaram. Incentivada pelo grupo a buscar dinheiro no mercado para montar a frota exigida pela montadora, Ana Aquino recorreu a agiotas. Para validar os empréstimos, ela diz que apresentava um contrato assinado pelos integrantes do governo e pelo funcionário da Renault Julio Barrinuevo, que também teria recebido propina para facilitar o negócio com a montadora. O contrato não tinha validade jurídica nem veracidade. “Só quem se deu mal fui eu”, disparou.

“O Pepe Richa recebeu R$ 500 mil. Eu saquei esse dinheiro”

As dívidas acumuladas por Ana Cristina Aquino são, em boa parte, originadas no Paraná. Nas conversas com ISTOÉ, ela contou que montou uma frota de caminhões para ganhar um contrato com a Renault e que pagou R$ 500 mil para o irmão do governador. A seguir, trechos da entrevista:

ISTOÉ – A senhora manteve negócios com integrantes da cúpula do governo do Paraná?
Ana Cristina Aquino – 
O João Graça me chamou e disse que tinha um negócio para mim. Viajei até Londrina e, chegando lá, ouvi que havia um projeto grandioso com a empresa Renault. A proposta era que eu levasse a AG Log para o Paraná. João Graça disse que não tinha problema porque havia muitos políticos envolvidos nesse negócio.

“Para tratar sobre dinheiro, ela (Suzana Leite) falava: o boss  (Pepe Richa)
pediu para você conseguir um agrado  de tantos mil”

ISTOÉ – Mas quem eram esses políticos?
Ana – 
Uma semana depois, foi marcado meu encontro em Curitiba com o João Graça e com o Amaury Escudero. Tivemos uma reunião fechada para discutir esse contrato. Amaury se propôs a pressionar a Renault para colocar a AG Log no negócio. Ele disse que cobraria a conta de uma série de benefícios fiscais que o Estado teria dado à empresa, e que, se a montadora se negasse, ele teria como pressioná-los. Eu disse: e o que o senhor ganha comisso? Ele então explicou que teria 20% da empresa, mas que colocaria em nome do João Graça. Mas seriam 10% de um e 10% do outro. Depois dessa conversa houve mais uns três encontros e aí fui entendendo o negócio. Tinha muita gente do governo do Paraná envolvida. Posso dizer que o Pepe Richa (irmão do governador do Paraná) recebeu R$ 500 mil. Eu saquei esse dinheiro.

ISTOÉ – Recebeu da sua mão?
Ana –
 Não foi da minha mão, foi da mão da Suzana Leite. Ela é uma lobista, uma espécie de Marcos Valério.

ISTOÉ – A senhora tratou sobre esse assunto com o governador Beto Richa?
Ana –
 Cheguei a encontrar com o governador, mas não tratei nada com ele. Era só com o Pepe mesmo. A Suzana Leite chama o Pepe de “boss”. Para tratar sobre dinheiro, ela falava: “O boss pediu para você conseguir um agrado de tantos mil”.

18 comentários sobre “Empresária diz que irmão/secretário de Beto Richa recebeu propina de R$ 500 mil

  1. Fico de cara com a cara de pau das pessoas. Essa tal Ana Cristina tem três CPFs e fatura onde pode e com quem pode e ainda quer incomodar os outros? Ela faz parte de um esquema de desvio de R$ 500 milhões do Ministério do Trabalho. A mais ficha suja de todas. Quero ver mostrar provas.

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  2. http://istoe.com.br/reportagens/344809_LEVEI+R+200+MIL+PARA+O+MINISTRO+LUPI+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
    Aqui neste link da Isto é – um manuscrito da tal Ana com 200 mil para Luppi e 12 milhões (!!!) para Julio Barrionuevo da empresa Renault.

    Publicaram o recorte do Lupi e da Renault?

    “Para validar os empréstimos, ela diz que apresentava um contrato assinado pelos integrantes do governo e pelo funcionário da Renault Julio Barrinuevo, que também teria recebido propina para facilitar o negócio com a montadora. O contrato não tinha validade jurídica nem veracidade.” Na Isto É.

    ISTO É – 01 DE NOVEMBRO DE 2013

    Uma prova de R$ 4 milhões

    “As operações do grupo estão sendo investigadas desde que a polícia descobriu que pelo menos R$ 52 milhões chegaram por fontes desconhecidas à conta bancária da AG Log (segundo o site da empresa, “coligada” ao grupo AGX) mantida no Banco do Brasil na cidade de Betim. Além disso, cheques ao portador que ultrapassam R$ 1 milhão foram emitidos pelo filho de Ana Cristina com uma frequência que chamou a atenção das autoridades. Os bens da emergente também são um capítulo à parte nas investigações.
    A proximidade do grupo com o PDT não se limita a João Graça. O contador da empresa, Marcelo Ramos, que assina as declarações de faturamento que superam os R$ 112 milhões anuais e que provocaram desconfiança nos órgãos de fiscalização, foi candidato a vereador em 2008 pelo partido. Além disso, a própria Ana Cristina de Aquino realiza reuniões para discutir as decisões partidárias em Betim, cujo diretório é comandado por seu amigo Geraldo Antunes, que também atua no transporte de veículos.”

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  3. Gente ligada ao PT fazendo esquema com oposição?!? A tal Ana Cristina, muito conhecida por ostentar muito dinheiro, que conseguiu por meios ilícitos, já apareceu em outra notícia, na mesma ISTO É, envolvido em um esquema de milhões. Ela é muito cara de pau de aparecer novamente fazendo acusações vazias e irresponsáveis. Deveria estar era na cadeia, e não aí, se pagando de vítima.

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  4. janeiro 27, 2014
    Espernear é o único recurso

    O secretário de Infra­­­es­­­trutura e Logística do Paraná, Pepe Richa, e o representante do escritório do governo do estado em Brasília, Amauri Escudero, reagiram à denúncia da empresária Ana Cristina Aquino, publicada neste fim se semana pela revista IstoÉ. Em nota, ambos afirmaram que processarão a revista e a denunciante. Pepe Richa disse temer que “interesses políticos e eleitoreiros” tenham motivado a publicação da reportagem. Está na Gazeta. Não há o que duvidar: a matéria tem todas as características de plantação. Pelo que se percebe, a intenção primeira era queimar definitivamente o ex-ministro Carlos Lupi, do PDT que ensaia voltar ao ministério. Pepe Richa entrou de carona, o objetivo era atingir Beto Richa. Dois coelhos numa cajadada só: Lupi e Richa. Quanto à Istoé, o direito de resposta é sonante. A Justiça é morosa demais. E estamos em plena campanha e o efeito desejado pelos mandantes foi alcançado. O direito de espernear dos envolvidos é o único de alcance imediato, mas tem regras próprias. Exige competência. Tarefa para profissionais.

    À IstoÉ, Ana Cristina disse ter registrado em cartório a denúncia de que integrantes do governo do Paraná pressionaram a montadora Renault a assinar um contrato com a filial de sua transportadora, a AG Log, em Curitiba. Segundo ela, parte do valor do contrato ficaria com os intermediadores. A empresária mineira afirmou ainda que pagou uma propina de R$ 500 mil a Pepe Richa, que é irmão do governador Beto Richa (PSDB). Ana Cristina, que é investigada por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, não apresentou provas à revista.

    http://cicerocattani.com.br/2014/01/27/espernear-e-o-unico-recurso/

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  5. http://jornalenoticias.com.br/zebeto/?p=214287
    A edição da revista IstoÉ que publica a denúncia da empresária mineira, a que tem extensa folha corrida e foi detonada pela mesma publicação, atirando contra dois integrantes do primeiro escalão do governo do Paraná, nem precisou de lupa para ser esmiuçada pelos analistas do Palácio Iguaçu. Ali foram encontradas quatro páginas de anúncios da Caixa Econômica Federal. No banco estatal, um vice presidente, Marcos Vasconcelos, é de Maringá e ligado ao ministro Paulo Bernardo, assim como Nedson Micheletti, ex-prefeito de Londrina, está na assessoria da Presidência. Há mais duas páginas com anúncios do Banco do Brasil e dos Correios, cuja direção é indicada pelo ministério das Comunicações. Quem ficou xeretando acha que é coincidência demais.

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  6. Pingback: Ministério Público vai investigar se irmão de Beto Richa é propineiro | Blog do Tarso
  7. Essa mulher só não é mais picareta que os mensaleiros, está envolvida em um monte de escândalos dentro do Ministério do Trabalho, tem uma forte ligação com os “cabeças” do PT e PDT, matéria muuuito tendenciosa, muito estranha essa matéria em um ano eleitoral!

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  8. Denúncia de pagamento de propina a integrantes do governo do Paraná é encomenda de bataclã

    Tiro no pé – Faltam oito meses para as eleições, mas o jogo sujo já começou. Essa antecedência confirma o desespero de muitos candidatos do PT, que em outubro próximo tentarão abocanhar alguns governos estaduais. A primeira protagonista da estratégia chicaneira foi a emergente mineira Ana Cristina Aquino Caillaux, proprietária da MG Guincho e Transportes Ltda. ME, que em entrevista à revista IstoÉ afirmou ter pago a um alto funcionário de logística da Renault para obter um contrato de transporte de carros novos, e para validar o acordo com a montadora, entregue – através de uma mulher – uma quantia em dinheiro ao secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Pepe Richa – irmão do governador Beto Richa. Para encerrar o enredo tortuoso daria ainda uma participação em sua empresa a Amauri Escudero Martins, representante do escritório do governo paranaense em Brasília.
    A Renault informou que a AGX Log (empresa montada pelo filho da emergente) não presta serviços para a montadora e que nunca houve contato com representantes da empresa.
    Ambos (Pepe e Escudero), em nota, reagiram às denúncias, mas Pepe Richa disse desconfiar que “interesses políticos e eleitoreiros” estejam por trás da publicação da matéria supostamente jornalística. Em outras palavras, a reportagem tem o DNA de missa encomendada. A questão é muito simples: Ana Cristina Aquino é processada por lavagem dinheiro e falsidade ideológica, além de ter afirmado que recorreu a agiotas para abrir em Curitiba uma filial da empresa do filho, a AGX Log, tendo um contrato que a mesma revista disse que é inverídico e inválido.
    De chofre é impossível dar crédito a alguém com esse comportamento e que, segundo a própria revista, em edições anteriores a emergente, teria duas inscrições distintas no CPF e um exagerado comportamento de gastos e promoção pessoal. Mas a situação é ainda pior porque nenhuma prova foi entregue à revista IstoÉ, algo que causou estranheza até no líder do PT, deputado estadual Tadeu Veneri, que não se conteve e disparou: “Ana Aquino disse que sacou R$ 500 mil para dar ao Pepe Richa. Se isso é verdade, ela deve ter um extrato bancário que comprove.”~

    ~~~~
    http://ucho.info/denuncia-de-pagamento-de-propina-a-ex-ministro-e-a-integrantes-do-governo-do-pr-e-encomenda-de-batacla

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      • Quando a aristocracia começa a ter falta de poder e isso lá se vão 11 anos começa a espernear.
        Os bilhões da privataria tucana estão se escasseando precisando recompor suas perdas.
        Suas eminencias pardas uns ai estão,como esse de brasilia que intermediou o Jabaculê e outros como o Janene morreram.
        Mas estão mais modestos,pois antes roubavam bilhões nas privatisações e trensalões,hoje estão até atráz de trocos como 500 mil.Bom ano.

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  9. Deu no Esmael Moraes:

    http://www.esmaelmorais.com.br/2014/01/denuncia-contra-lupi-expoe-racha-sobre-o-fgts/#comments

    Denúncias contra o advogado João Graça, do PDT, esconderia guerra pelo controle do Comitê do Fundo de Investimento do FGTS; órgão composto por membros do governo e representantes dos trabalhadores é quem decide o rumo dos bilhões de reais para investimentos; a Petrobras, por exemplo, pleiteia R$ 9 bilhões para o projeto do complexo petroquímico de Itaboraí (RJ), o Comperj; Graça deverá assumir a presidência desse bilionário fundo no próximo dia 26 de fevereiro, por direito de rodízio, como representante do governo.
    A denúncia publicada em uma revista no último sábado de que uma empresária pagou R$ 200 mil de propina ao ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, e na qual cita que o atual titular, Manoel Dias, “é nosso”, envolve muito mais que a acusação sobre um suposto esquema milionário de venda de registro sindical.
    Nos bastidores, descerram-se as cortinas de algo maior dentro do ministério: a disputa pelo poder no Comitê do Fundo de Investimento do FGTS (Fundo de garantia do tempo de Serviço), com saldo de bilhões para investimentos.
    Em entrevista, a empresária Ana Cristina Aquino disse que entregou dentro de uma bolsa Louis Vuitton a quantia ao próprio ministro. Ele nega e rebate que não há provas. Mas em uma outra frente, Ana Cristina envolve o advogado do PDT no Paraná, João Alberto Graça. Segundo Ana Cristina, ele se tornou sócio de sua empresa no Estado, de carretas “cegonha” para transporte de carros, a fim de abocanhar contrato com a Renault, recém-instalada na região; mas nada andou, e a empresa não saiu do papel.
    É nesse ponto que começa a encrenca, e aparece outra encrenca na esteira da denúncia. Não é apenas a acusação política. Há um jogo de interesses dentro do Comitê do Fundo de Investimento do FGTS. João Graça será (ou seria) o próximo presidente do comitê, com poder de caneta para direcionar investimentos do fundo. Mas agora é detonado por parte do conselho. Abriu-se, então, uma guerra entre dois grupos.
    Um defende a posse de Graça na presidência, por direito de rodízio, como representante do governo. Outro o quer fora dali, e usa a denúncia da revista para extirpar do ministério a turma de Graça. Esse grupo quer indicar para o cargo o representante da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto.
    E por trás dessa disputa de indicações, os objetivos de cada grupo: João Graça é contra a aplicação de R$ 9 bilhões do FGTS para a Petrobras no projeto do complexo petroquímico de Itaboraí (RJ), o Comperj. Os adversários internos de Graça trabalham pelo aporte para ajudar a petroleira no projeto. (Aqui, um parêntese: a destinação dessa vultosa quantia para a Petrobras é surpresa para muita gente graúda do governo. É outro mistério, já que a estatal informa estar bem das contas.).
    Houve na quarta-feira à tarde uma tentativa de torpedear Graça em uma eleição virtual. Não conseguiram por falta de quorum. O homem ganhou fôlego. A nova reunião ocorrerá no dia 26 de fevereiro e muita coisa pode sair dos corredores até lá, contra os dois lados. A despeito de tudo, cabe ao Ministério Público denunciar o esquema do registro sindical, se houver provas, e à polícia fechar o cerco ao ministério.

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